“O
axé é importantíssimo para a realização de todos os trabalhos mediúnicos.
Na
umbanda, o método de movimentação dessa substância difere dos utilizados em
outros cultos aos orixás, já que a mediunidade é sua ferramenta propulsora e
condutora. É por meio da força mental do médium, potencializada pelos
espíritos-guias, que são feitos os deslocamentos de axé-fluidoenergia. Os
elementos materiais também podem ser utilizados, e então funcionam como
potentes condensadores energéticos. Mas não são indispensáveis, pois deve
prevalecer o mediunismo, e precisam ser encarados como importantes elementos de
apoio, sem que deles criemos uma dependência psicológica ritualística.
Entendemos
que o equilíbrio na movimentação de axé se deve ao fato de que são utilizadas quantidades
precisas e necessárias à caridade, não existindo excesso ou carência. Sejam os
fluidos liberados pelos elementos materiais manipulados, ou pelo axé trazido
pelos guias das matas e do plano astral, associado ao fornecido pelos médiuns,
não há nenhum excesso. Há de se considerar que uma parcela da assistência é
doadora natural de axé positivo, o que se dá em virtude da fé, da veneração e
da confiança no congá e nos guias espirituais. Toda a movimentação de axé é
potencializada
pelos espíritos que atuam na umbanda, falangeiros dos orixás que têm o poder mental
para deslocar o axé relacionado com cada orixá e seu sítio vibracional
correspondente na natureza. Todos esses procedimentos de atração e movimentação
de axé não são baseados em
trocas,
obrigações, barganhas, "toma lá da cá", e sim na caridade
desinteressada. Falar em movimentação de axé sem citar exu é como andar de
sapatos sem solas: um faz parte do outro. É exu, enquanto vibração, que desloca
o axé entre os planos vibratórios; ele é o elemento dinâmico de comunicação dos
orixás que se expressa quando o canal mediunidade é ativado.
Como
o axé é o sustentáculo da prática litúrgica umbandista, precisa ser
regularmente realimentado, pois tudo o que entra sai, o que sobe desce, o que
abre fecha, o que vitaliza se desvitaliza, para haver um perfeito equilíbrio
magístico entre a dimensão concreta (física) e a rarefeita (espiritual). Sendo
assim, mesmo que não manifestado pelo mecanismo da incorporação, pois existem
terreiros que não permitem a manifestação dessa vibratória no psiquismo de seus
médiuns, exu é o elo de ligação indispensável no ritual de umbanda. Por isso,
não é necessário usar o axé do sangue nos trabalhos, hábito atávico que permanece
em outros cultos, os quais respeitamos, sem emitir quaisquer julgamentos, pois
não somos juízes de nenhuma religião, embora nossa consciência não aceite a
prática de tais atos litúrgicos, mesmo com fins "sagrados".
Na
umbanda, o aparelho mediúnico é o meio vitalizador do ciclo cósmico de
movimentação
do axé, retro-alimentando-o. Sendo usina viva de protoplasma sanguíneo (ectoplasma
específico gerado a partir do citoplasma das células), a cada batida do seu
coração a energia vital circula em sua aura, através do corpo etérico,
repercutindo em extratos vibratórios nos corpos mais sutis, e volatilizando no
plano astral. Assim, os espíritos mentores, quais pastores de ovelha tosquiando
a lã nas quantidades exatas que se renovarão, apoiam-se nos médiuns que fornecem
a energia vital indispensável aos trabalhos caritativos.
Entendemos
que o amor dos guias espirituais, enviados dos orixás na prática da caridade umbandista,
não combina com a imolação de um animal ou o sacrifício de uma vida para elaboração
de uma oferenda votiva com a intenção de estabelecer o intercâmbio com o
"divino", objetivando uma troca de axé, ou para atender pedidos
pessoais acionados por trabalhos pagos.
Existem
espíritos mistificadores, muitos dos quais fazendo-se passar por verdadeiros
guias da umbanda, que pedem sacrifícios e comidas, a fim de vampirizar esses
fluídos. Estes são dignos de amparo e socorro, que é o que fazem as falanges de
umbanda."
(Origem: Do Livro “Umbanda Pé No Chão” –
Ramatís/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento)
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