Os
caboclos são espíritos de índios brasileiros, sul ou norte-americanos, que
dispõem de conhecimento milenar xamânico do uso de ervas para banhos de limpeza
e chás para auxílio à cura das doenças. São entidades simples, diretas, por
vezes altivas, como velhos índios guerreiros. Com sua simplicidade, conquistam
os corações humanos e passam confiança e credibilidade aos que procuram amparo.
São exímios nas limpezas das carregadas auras humanas, experientes nas
desobsessões e embates com o Atral inferior. Na magia que praticam, usam pembas
para riscar seus pontos, fogo, essências cheirosas, flores, ervas, frutas,
charutos e incenso.
Os
pretos velhos, tanto espíritos de idosos africanos escravizados e trazidos para
o Brasil, como de negros que nasceram em solo pátria, são símbolos de sabedoria
e humildade, verdadeiros psicólogos do profundo conhecimento dos sofrimentos e
aflições humanas. Joana de Ângelis, a venerável irmã conhecida da lide
espírita, conhecedora da alma e dos sofrimentos dos encarnados, arguta
observadora do psiquismo, atua como mais uma singela e anônima vovó preta nas
frentes umbandísticas, assumindo um nome simbólico, como tantos outros
espíritos luminares, retomando a forma de uma antiga encarnação em solo
africano. A todos, esses espíritos missionários consolam amorosamente, como
faziam antigamente, inclusive nas senzalas após longo dia de incansável
trabalho físico.
A
infinita paciência em ouvir as mazelas e choramingas dos consulentes fazem dos
pretos velhos as entidades mais procuradas nos terreiros. Assim como os
caboclos, usam ervas em suas mandingas e mirongas. Suas rezas e invocações são
poderosas. Com suas cachimbadas e fala matreira, espargem fumaça sobre a pessoa
que está recebendo o passe e higienizam as auras de larvas astrais e energias
negativas. Com seus rosários e grande amor, são notáveis evangelizadores do
Cristo, e com muita "facilidade" doutrinam os obsessores que
acompanham os consulentes.
Demonstram
que não é o conhecimento intelectual ou a forma racial que vale no atendimento caridoso,
e sim a manifestação amorosa e sábia, de acordo com a capacidade de
entendimento de cada filho de fé que os procuram.
As
crianças nos trazem alegria e o poder da honestidade, da pureza infantil.
Aparentemente frágeis, têm muita força na magia e atuam em qualquer tipo de
trabalho. Essa vibratória serve também para elevar a autoestima do corpo
mediúnico, após atendimentos em que foram transmutados muita tristeza, mágoa e
sofrimento. É muito bom ir para casa depois de uma sessão "puxada" no
terreiro, impregnados da alegria inocente das crianças.
Os
orientais se apresentam como hindus, árabes, marroquinos, persas, etíopes,
chineses, egípcios, tibetanos, e nos trazem conhecimentos milenares. São
espíritos que encarnaram entre esses povos e que ensinam ciências
"ocultas", cirurgias astrais, projeções da consciência, cromoterapia,
magnetismo, entre outras práticas para a caridade que não conseguimos ainda transmitir
em palavras. Por sua alta freqüência vibratória, criam poderosos campos de
forças para a destruição de templos de feitiçaria e de magias negativas do
passado, libertando os espíritos encarnados e desencarnados. Incentivam-nos no
caminho da evolução espiritual, por meio do estudo e da meditação; conduzem-nos
a encontrar o Cristo interno, por meio do conhecimento das leis divinas
aplicadas em nossas atitudes e ações; atuam com intensidade no mental de cada criatura,
fortalecendo o discernimento e a consciência crística.
Os
ciganos são espíritos ricos em histórias e lendas. Foram nômades em séculos
passados, pertencentes a várias etnias. Em grande parte são do antigo Oriente.
Erroneamente são confundidos com cartomantes ociosas de praças públicas que,
por qualquer vintém, leem as vidas passadas. São entidades festeiras, amantes
da liberdade de expressão, excelentes curadores, trabalham com fogo e minerais.
Cultuam a natureza e apresentam completo desapego às coisas materiais. São
alegres, fiéis e ótimos orientadores nas questões afetivas e dos
relacionamentos humanos. Utilizam comumente nas suas magias moedas, fitas e
pedras, perfumes e outros elementos para a caridade, de acordo com certas datas
e dias especiais sob a regência das fases da Lua.
Quantos
às demais formas de apresentação das entidades na umbanda, entendemos que fazem
parte da diversidade regional deste enorme país, estando de acordo com os
agrupamentos terrenos. Por exemplo: os boiadeiros pertencem a uma falange de
espíritos que estão ligados a economia fortemente baseada na agropecuária; os
marinheiros se manifestam mais intensamente nas regiões litorâneas que dispõem
de portos, como o Rio de Janeiro; os baianos no Sudeste, com ênfase para o
estado de São Paulo, onde sempre foi intensa a migração de nordestinos. Isso
ocorre porque a umbanda é um movimento religioso mediúnico de inclusão, e, como
tal, propicia a manifestação de todas as formas e raças espirituais, segundo o
compromisso cármico assumido entre encarnados e desencarnados.
(Origem: Do Livro “Umbanda Pé
No Chão” – Ramatís/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento)
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