PERGUNTA: - Quando e de que maneira os orixás entram
no contexto da umbanda? Eles são trabalhados e incorporados?
RAMATÍS:
-
Os orixás são aspectos da Divindade, altas vibrações cósmicas que se rebaixam
até vós, propiciando a manifestação da vida em todo o Universo. É preciso compreenderdes
que existem vários planos vibratórios no Cosmo e que Deus, em Sua benevolência,
manifesta-Se por meio de vibrações próprias em cada dimensão. Essas vibrações energéticas
não são o próprio Incriado, que permanece sem ser manifestado diretamente. Cada
um dos orixás tem peculiaridades e correspondências próprias na Terra: cor,
som, mineral, planeta regente, elemento, signo zodiacal, essências, ervas,
entre outras afinidades astromagnéticas que fundamentam a magia da umbanda por
linha vibratória.
Assim, a cada um
dos orixás se afina uma plêiade de espíritos que atuam nas formas estruturais
que sustentam o movimento da umbanda no Espaço: pretos velhos, caboclos e
crianças, todos plasmando um triângulo fluídico magnético do plano espiritual
superior que "flutua" sobre o Brasil, para cujo centro se direcionam
as vibrações do Cristo Cósmico e todas as formas e raças espirituais que se
enfeixam na umbanda para fazer a caridade. Na umbanda, os orixás não
incorporam. Afirmamos que isso é impossível, pois não é da natureza
universal quaisquer manifestações personificadas dos orixás. O que verificais
em alguns terreiros sérios de cultos de nação e que mantêm as tradições africanistas
antigas, claramente não evidenciando a prática umbandista, são, em sua maioria,
manifestações do inconsciente, de arquétipos padronizados, que no transe
ritualístico exteriorizam uma personagem simbolizando essas altas energias
cósmicas, ditas orixás, "concretizando", para o entendimento humano,
por meio de expressões coreográficas, algo que vos é abstrato. Também se
manifestam espíritos ancestrais afins
com a família-de-santo da Terra, e que na espiritualidade preservam seus
hábitos religiosos, como se estivessem nos antigos clãs tribais no interior da
velha África.
Assim, os orixás
se "manifestam" na umbanda, indiretamente, por meio dos espíritos que
se unem no plano astral formando as linhas vibratórias uma para cada um deles,
ditos orixás. É um forma de se unirem organizadamente em auxílio aos filhos da.
Terra. Nenhuma linha vibratória que representa um orixá é melhor que outra.
Todas têm a mesma importância.
PERGUNTA: - Quais os motivos de as personagens ditas
orixás, e suas histórias de amor e quizilas, serem tão comuns e aceitas nos
cultos afro-brasileiros?
RAMATÍS: -
Os
cultos afro-brasileiros são massificados, assim como a umbanda o é. Isso não
quer dizer que sejam inferiores aos cultos eletivos, como o são as ordens
iniciáticas: Maçonaria, Rosacruz, Teosofia, entre outras. Considerai ainda que
o fato de os cultos afro- brasileiros serem populares não significa que muito
de seus terreiros não tenham ritos internos para uns poucos eleitos que são
iniciados nos segredos velados à maioria profana. Estudai as mentes dos
indivíduos comuns: cidadãos aposentados, trabalhadores da indústria de
construção, donas de casa, desempregados, marceneiros, pedreiros, artesãos,
pequenos comerciantes, e verificareis que em geral são totalmente voltadas para
o exterior. Trata-se de pessoas cujas atenções se voltam para ritos externos,
com o desfile de imagens simbólicas que causam continuas
impressões no campo de suas consciências simples e ainda incapazes de abstrações
meditativas silenciosas na busca do "eu interior" do espírito eterno.
As tradições
orais africanas foram mantidas pelas histórias de personagens ancestrais, maneira
sábia de associar a reverência ao Divino numa cultura que não registrava seus conhecimentos
e se mantinha com a imperiosa necessidade do segredo para perpetuar o poder sacerdotal
das castas dominantes. Os enredos de quizilas e amores dos orixás, considerados
personificações de um passado remoto povoado de deuses intempestivos e ligados às
várias famílias-de-santo
espalhadas em muitos clãs tribais, estavam de acordo com as crenças da época, que
levavam essas comunidades a ter como verdadeiro o dogma de que eles haviam
encarnado sempre numa mesma parentela.
Com a
universalização, no Brasil, das crenças do panteão africanista, que foram popularizadas com as tradições das diversas nações escravizadas, muitos prosélitos desses
cultos massificados na atualidade começam a entender o verdadeiro sentido dos
orixás e aceitam essas historietas romanescas de ódios, vinganças e amores
irascíveis como maneira didática de associar os arquétipos de cada orixá, os
tipos comportamentais humanizados, com os crentes que lhes são afins em
vibrações, o que contribui saudavelmente para esclarecer dúvidas, bem como para
melhorar cada indivíduo.
(Origem: A Missão da Umbanda –
Ramatís/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento)
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