Estavam agendados três atendimentos no grupo de umbanda,
além da apometria daquela noite. Sabíamos que o trabalho não seria limitado a
três consulentes, ou simplesmente três espíritos necessitados de ajuda, pois as
ligações destes se estendiam ao plano astral inferior. As noites anteriores à data foram mal-dormidas. Por esse motivo,
vários trabalhadores do grupo se queixavam de extrema irritação e mal-estar.
Durante o dia, houve provocações de todo tipo para lançar uma baixa vibratória,
a fim de abrir infiltrações energéticas, além de uma possível obsessão. No
plano astral, verdadeiros exércitos formavam frentes de trabalho para auxiliar
as falanges da luz. Da mesma forma, foi intenso o trabalho das falanges das
sombras para tentar impedir a ajuda.
Em cada residência dos componentes do grupo de apometria
instalou-se um verdadeiro quartel de militantes da vibratória de Ogum,
garantindo que durante o desdobramento do sono os médiuns estivessem protegidos
das falanges trevosas que tentavam dissuadir suas mentes invigilantes, usando
suas brechas cármicas. Eram artificiais de toda ordem, carregados de energia sexual,
exalando odores afrodisíacos ou então disfarçados de espíritos necessitados de
ajuda que se enfileiravam aguardando a saída do corpo físico. Antes disso, durante
as lides do dia, éramos observados e monitorados pelos engenheiros comandantes
desses artifícios maléficos, os quais provocavam situações que levavam a nos
sentir extremamente carentes, tática que facilitaria a busca por energias que
viessem ilusoriamente suprir esse sentimento que embaça a razão, por meio de
fantasias já criadas em nossas mentes, ampliadas pela força desses magos
treinados. Apesar de toda a proteção que nos é facultada pela Luz, impera
sempre o livre-arbítrio, que é fomentado por nossas brechas cármicas. Assediados, muitos
de nós ignoramos a presença dos benfeitores espirituais que nos guarnecem e, ao sair do
corpo físico, resvalamos em nossas próprias falhas. Por várias noites foi
difícil cumprir o programa traçado pelas equipes de Xangô, cuja egrégora nos
dirige espiritualmente no grupo de trabalho, para que nos encontrássemos no auditório
instalado no ambiente astral de nossa casa de trabalho.
Faltando apenas vinte e quatro horas para o atendimento agendado,
logo no início da noite, fui acometido por forte dor à altura do ombro
esquerdo. Isso acontecia sempre que me deixava abater pelo desânimo e pela
irritação, quando automaticamente instalavam-se dores e enrijecimento na área
superior das costas, o que me desestruturava primeiro fisicamente, depois emocionalmente.
A princípio, o medo da dor e da limitação que sentiria no dia seguinte me causavam
angústia, porém a lembrança dos atendimentos agendados, para o que
precisaríamos estar todos em plena forma, fez-me reagir. Amparado pelos amigos
espirituais, usei então toda a força existente em meu íntimo, aliada às
técnicas apométricas que conhecia. Adormeci em oração, solicitando às falanges
da Luz que nos socorressem, não apenas eu, mas todo o grupo. Propondo me ao
trabalho fui sentindo o desdobramento acontecer em plena consciência, bem como
as fortes irradiações direcionadas ao meu corpo astral, pelas equipes de
amparo.
Saindo do corpo físico pelo efeito do sono, avistei o amigo
Gira Mundo que me aguardava. Imediatamente adentramos um túnel energético em
que percebíamos um turbilhão em meio a uma forte tempestade. Segurei forte na
mão do bondoso guardião e tentei manter minha mente confiante e em oração.
Em poucos segundos nos víamos em ambiente desconhecido,
espécie de nave onde nos deparamos com alguns irmãos do grupo de apometria, em
desdobramento, deitados em cadeiras semelhantes às que encontramos nos
consultórios dentários da crosta. Pareciam sonolentos e tinham nas cabeças
capacetes ligados a aparelhos eletrônicos, cuja tela mostrava a radiografia de seus
cérebros. Outros possuíam eletrodos à altura do coração, ligados a
diferenciadas máquinas que monitoravam seus batimentos cardíacos. Em sala
separada, podíamos avistar alguns seres estranhos, cuja forma astral não se
parecia muito com a humana, trabalhando freneticamente com uma parafernália de equipamentos eletrônicos. Nossa chegada
não foi percebida, pois observei que, ao redor de nosso corpo, uma camada
ectoplasmática impedia que seus monitores nos detectassem.
Outros auxiliares já conhecidos chegavam agora, expulsos pelo
mesmo turbilhão energético pelo qual havíamos passado, para nos auxiliar no
resgate daqueles corpos astrais ali aprisionados...
Do livro: “A Missão
Da Umbanda” Ramatís/Norberto Peixoto.
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