PERGUNTA:
Em face da Humana Sabedoria e do Poder
de Deus, a dor e o sofrimento não
poderiam ser dispensados como processos morais de nossa evolução espiritual?
RAMATIS:
A dor e o sofrimento não são "determinações punitivas" impostas por
Deus, mas, sim, conseqüências resultantes da resistência do ser contra as leis
disciplinadoras da sua evolução. Se o homem fosse abandonado a si mesmo, no
tocante ao seu aperfeiçoamento espiritual, seria demasiadamente longo o caminho
para a sua perfeição e libertação dos ciclos reencarnatórios.
A dor e o sofrimento são técnicas pedagógicas para o aprimoramento do ser, em seu processo evolutivo, e também conseqüentes a seus equívocos nas múltiplas vidas. A dor dinamiza as energias sutis do sofredor, herdadas pelo sopro divino, despertando nele, depois da revolta inicial, a reflexão sobre os porquês de sua desdita e fazendo-o procurar na razão e na fé novos rumos que, psicologicamente, o aliviam do sofrimento.
A dor e o sofrimento são técnicas pedagógicas para o aprimoramento do ser, em seu processo evolutivo, e também conseqüentes a seus equívocos nas múltiplas vidas. A dor dinamiza as energias sutis do sofredor, herdadas pelo sopro divino, despertando nele, depois da revolta inicial, a reflexão sobre os porquês de sua desdita e fazendo-o procurar na razão e na fé novos rumos que, psicologicamente, o aliviam do sofrimento.
Em síntese, o padecimento é uma reação, previamente
consentida, para trazer o eterno postulante para a senda da evolução
espiritual, através de novos conceitos religiosos, filosóficos e morais, os
quais lhe dão outro sentido vivencial.
PERGUNTA:
Não haveria outro processo educacional, sem as reações dolorosas?
RAMATÍS:
Durante o processo de aperfeiçoamento e expansão de sua
consciência, o espírito tem de sofrer as injunções naturais do
mundo onde atua. E essa luta através da
organização carnal, provoca reações pacíficas ou rebeldes, calmas ou dolorosas,
que servem de aprendizado no campo da vida eterna do espírito. O
homem, no estágio rudimentar de sua evolução, pode ser comparado ao diamante bruto,
espiritualmente, porém para eliminar as impurezas, perder as arestas dos
defeitos anímicos e atingir a beleza radiosa do brilhante, precisa do atrito do
esmeril da dor e da ação desse lapidário incomparável, o tempo. Nos
mundos mais evoluídos, usa a camurça macia do amor traduzido em serviço ao próximo.
PERGUNTA:
Observando as pessoas em suas conversas, notamos haver prazer ao
relatarem seus males, cirurgias e infortúnios, mostrando o condicionamento
geral ao sofrimento e, até, certa aceitação, o que faria a dor perder seu
efeito salutar.
RAMATÍS:
Possivelmente a origem
desse mórbido deleite esteja no aspecto doutrinário das seitas religiosas, que
sempre consideraram a dor como castigo ou expiação de pecados, pois desconhecem
a função purificadora dos desvios originários da índole animal. Sua função é
despertar a luz angélica existente na intimidade da criatura. A lenda do
"castigo divino" ou do "pecado original", por culpa de Adão
e Eva, o primeiro casal enxotado do Paraíso e responsável pelo sofrimento
humano, significa o exílio do espírito mergulhado na matéria, em busca do
retorno à consciência divina. Malgrado
os católicos, protestantes, adventistas, salvacionistas e outras seitas religiosas
considerarem a Terra um "vale de lágrimas" ou uma penitenciária do
Espaço, ela é uma ótima escola de educação primária, destinada a aperfeiçoar o
espírito nó caminho da Evolução. Embora a humanidade faça do sofrimento um
melodrama vulgar, na verdade, trata se de abençoado recurso do Alto para
conduzir o espírito à senda de sua própria felicidade.
PERGUNTA:
No entanto, a dor quase sempre abate o psiquismo, exaure o corpo,
destruindo sonhos, prazeres e os momentos felizes. E, mesmo assim, conforme
afirmais, ela seria a mola de nossa redenção. Porventura deveríamos amá-la e
desejá-la?
RAMATÍS:
Não nos cabe amá-la e nem a
desejá-la, porquanto, ela é fruto da nossa invigilância e pode-se dizer que, em
nosso primarismo, não a podemos evitar, mas tãosomente suportá-la com
resignação. Embora a dor e o sofrimento pareçam, num exame apressado, desmentir
a sabedoria divina, têm sido glorificados pelas mais nobres vivências messiânicas
e realizações espirituais no mundo. Muitas vezes, as belezas que nos inebriam
os sentidos na Terra são frutos da dor e do sofrimento de artistas como
Beethoven, surdo; Chopin, tuberculoso; Schumann, perturbado mentalmente; e,
ainda, citaríamos Sócrates, Paulo de Tarso e Ghandi sacrificados pelo amor,
pela liberdade e pela paz humana. Giordano
Bruno, Savonarola e Miguel Servet, queimados pela verdade e liberdade de opinião.
Francisco de Assis glorificou a pobreza e Jesus transformou a cruz infamante
num dos símbolos da libertação espiritual.
Os
brutos, coléricos, tiranos, invejosos, pérfidos, debochados, corruptos e
corruptores, criminosos, toda a escória social têm, na dor, a lixívia corrosiva
dos resíduos animalescos, alvejando a vestimenta perispiritual até torná-la
transparente à luz divina interna, transformando-a nos trajes nupciais, que
lhes permitem tomar parte no banquete de paz e alegria, entre os espíritos
superiores ou puros.
RAMATÍS – “SOB A LUZ DO
ESPIRITISMO”
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