PERGUNTA: Cremos que por meio desses recursos drásticos
mobilizados pelos guias, como a enfermidade ou o acidente de sentido educativo,
as criaturas visadas não melhoram de modo algum, ante o socorro médico ou ante
a interferência do médium. Não é assim?
RAMATÍS: Realmente, nesse caso é bem mais importante e preferível permanecer doente o
corpo físico, do que adoecer o espírito na prática de atividades condenáveis. O
sofrimento físico pode findar-se com a desencarnação, enquanto a saúde arruinada
do espírito pode exigir alguns séculos para a sua recuperação benfeitora. Não importam
a fama e o poder do médico, do curandeiro ou do médium no caso da doença disciplinadora,
pois ela não cederá enquanto o espírito rebelde não modificar a sua conduta para
melhor. A doença manifesta-se teimosa e insolúvel, porque
atende a um processo redentor determinado pelo Alto; só regredindo depois que o
enfermo de corpo também se decide por uma vida útil e dedicada aos princípios
regeneradores da vida imortal. No entanto, desde que seja da vontade dos guias,
a cura será fácil e até miraculosa, pois nesse caso o doente tanto recobra a
saúde com um copo d'água fluidificada prescrita por qualquer médium incipiente,
assim como recupera-se através do chá de erva receitado pelo caboclo curandeiro.
É certo que o médium ou o curandeiro que logram esse
êxito, depois podem se tornar famosos atraindo multidões inquietas e provocando
verdadeiras romarias de enfermos e mutilados. O povo facilmente os considera
dotados de poderes excepcionais e capazes de salvarem as criaturas mais
estropiadas. No entanto, não lhes tarda a decepção, porque se o moribundo
salva-se por uma decisão espiritual superior, obviamente ele se recuperaria
mesmo sem a presença do médico ou do curandeiro.
Às vezes, a enfermidade brusca e implacável lança os
homens mais robustos e sadios no leito de dor, justamente, às vésperas deles
prejudicarem o próximo pela aventura extraconjugal, pelo negócio ilícito ou
pela empreitada política menos digna. Malgrado a sua inconformação e o seu
abatimento moral, eles são obrigados a reconhecer a sua impotência ante o
sofrimento redentor e a inutilidade da assistência médica. Em verdade, os valores
definitivos do espírito eterno, e geralmente subestimados durante a saúde
corporal, terminam por eclodir sob o guante da doença humilhante.
PERGUNTA: - Porventura os guias só conseguem
afastar os seus pupilos do crime, dos vícios ou das paixões perigosas, providenciando
o "encosto" de espíritos atrasados?
RAMATÍS: Advertimos, mais uma vez, que não pretendemos generalizar quanto aos métodos
e providências espirituais disciplinadoras mais em uso pelos guias. Só quando
falham todos os recursos pacíficos, eles então convocam certos espíritos amigos
e obedientes, embora de graduação primária e de fluidos até mortificantes, para
atuarem nos seus pupilos encarnados rebeldes, e reprimirem as suas atividades
censuráveis.
Infelizmente, ainda são raros os homens cuja conduta
espiritual louvável lhes permite uma sintonia mais frequente com as faixas
vibratórias espirituais da intuição pura. A instabilidade mental e emotiva, que
ainda é muito comum entre as criaturas terrenas, isolam-nas das intuições
salutares dos seus guias; motivo por que ainda fazem jus à disciplina corretiva
e drástica capaz de estorvar-lhes os impulsos pecaminosos.
Conforme reza a tradição religiosa, o homem é inspirado
à direita pela voz do anjo, que então o aconselha à prática de virtudes mais
sadias, e, à esquerda, recebe a sugestão capciosa do mal, simbolizada na figura
temível do Diabo mitológico. Assim, de um lado, ele recebe o convite angélico
para renunciar em definitivo às ilusões da carne e alçar-se às esferas
resplandecentes; do outro lado, o instinto animal ou Lúcifer exige-lhe a.
submissão completa ao mundo das paixões crepitantes e dos vícios sedutores, no
sentido de impedir a fuga do espírito, que há tantos milênios ele domina. Trava-se desesperado combate entre a "luz" e
a "treva", entre o "espírito" e a "carne", pois
no mundo oculto do ser, a personalidade humana impõe as suas algemas tirânicas,
enquanto o espírito tenta a sua libertação definitiva. Os santos e os gênios
podem explicar-vos isso, pois eles sentiram-se perturbados, exauridos e
desalentados quando, em sua luta titânica, tentaram a vitória do espírito sobre
o desejo animal. Embora a alma forje a sua consciência de "ser" ou de
"existir" no Cosmo, pela disciplina e coação educativa da matéria,
paradoxalmente ela só consegue a sua libertação definitiva, depois que foi
escrava dos instintos. E quando ele já é sensível à "voz silenciosa"
de sua origem divina, então, dispensa o corretivo drástico do Alto alcançando
sua felicidade só pelo convite angélico.
Do Livro: “Elucidações Do Além”
Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.