PERGUNTA: Qual o sentido mais censurável, na
prática sexual, que mereceria o severo corretivo cármico?
RAMATÍS:
Se o amor é a essência das comunidades já angelizadas, evidentemente o ódio é o
acessório mais degradante, porque gera sempre a crueldade. Conseqüentemente,
todos os atos e as atividades humanas, cujo pano de fundo seja a crueldade,
exigem recursos mais drásticos, corretivos mais severos e erradicação mais
rápida; ao contrário, é mais proveitoso que se irradie o amor criador e
renovador em lugar do ódio e da crueldade destruidora e involutiva. Sob o
império da Lei do Amor, fundamento da criação, existe o combate ao ódio,
fundamento da destruição. Assim,
a exteriorização do instinto sexual pelo abuso pode ser condenável ou passível
de imediata correção, quando tiver o agravante de ser produto da crueldade.
A
variedade de atenuantes tolerados pela lei para todos os atos e atividades
humanas permite à Administração Espiritual julgar e decidir a favor ou contra o
pecador, conforme o seu ato seja menos ou mais cruel, menos ou mais prejudicial
a outrem, porquanto a si já está julgado, e a pena virá com o tempo.
PERGUNTA: Podereis explicar-nos melhor o assunto?
RAMATÍS:
Todo ato sexual do homem que visa, tão-somente à sua satisfação,
pouco lhe importando as conseqüências ou o sofrimento de outrem, caracteriza a
crueldade, porquanto é de lei: "Não façais a outrem o que não desejais
para vós". Assim,
a responsabilidade do homem é muito severa, caso ele cause prejuízo a uma jovem
inexperiente para sua satisfação sexual, sendo responsável pelo sofrimento da
mulher marcada socialmente como mãe solteira, ou mesmo por conduzi-la à
prostituição, numa vida infeliz e desregrada.
Embora
vos pareça censurável ou paradoxal, muitas vezes os homens generosos podem contribuir
para a melhor sobrevivência das mundanas, remunerando-as melhor na inevitável
mercadejação de carne humana; enquanto outros, egoístas e mesmo cruéis, as
exploram ou as enganam pelas ligações passadas, ou pela covardia de saber que
essas infelizes irmãs, não têm meios de se defender ou indenizar.
PERGUNTA: Há maior mérito para os homens ou mulheres que
se recolhem à vida religiosa ou conventual, buscando o recolhimento espiritual
e a abstinência sexual como formas redentoras espirituais?
RAMATÍS:
Não há mérito nem demérito
para a criatura em fugir deliberadamente da prática sexual, assim como o homem
aparentemente virtuoso evita cruzar a frente do bar, onde se abusa dos alcóolicos,
ou das tabacarias, ou evita os locais de vida alegre. O sexo não foi criado
para ser condenado como aviltante pecado; assim como não se criou o álcool para
a dependência e embriaguez, mas apenas para servir
ao homem como energia benfeitora, a movimentar motores e como valioso
antisséptico nos hospitais. A sexualidade é destinada ao objetivo mais
importante da vida procriar. Não é crime
nem pecado a prática sexual, porém, as anomalias geradas pela indisciplina e pelo
abuso, cujos efeitos recaem sobre o próprio indisciplinado. Nenhuma aberração
ou aviltamento no mundo ofende a Deus, porque Ele está acima do bom ou do mau
efeito de qualquer criatura, uma vez que a Lei é clara e simples: em qualquer pecado
sofre tão somente o pecador.
Assim
como pode existir na alma um impulso, uma inspiração ou um plano de
"redenção cármica", ao se recolher a um convento, como no caso de
Francisco de Assis, ou de Terezinha de Jesus, há também os que o fazem por
temer o pecado, porque, ainda sentem, no perispírito, os impulsos sexuais
desregrados. Quando o enclausuramento não se dá por um sentimento de absoluta
renúncia, todo "fujão" da vida profana é um pusilânime; procurando
salva-vidas em seu barco corporal naufragando, o egoísta cuida apenas de sua salvação.
Se os conventos, as igrejas e os demais tipos de manifestações religiosas,
entre todos os povos, onde se exige o celibato, fossem um celeiro de almas
puras e iniciadas, o mundo terreno seria um paraíso. No entanto, a história
religiosa comprova as crueldades, as vinganças, os martírios, as cruzadas, as
inquisições, os empalamentos e os enterrados vivos no Oriente, praticados
pelos cleros de todas as seitas. Bem melhor seria todos terem praticado menos
crimes, tendo ferido menos vezes a Lei do Amor para a Vida Imortal.
Ademais,
muitos fatigados da especulação humana e, ao mesmo tempo, desejando reunir o
útil ao agradável, recolhem-se à vida monástica e celibatária, vicejando à
sombra de uma instituição conventual, e sob os nossos olhos espirituais, aviltam
o sexo na calada da noite em fuga para o meretrício, ou aproveitam a condição
na sociedade e desrespeitam mulheres e crianças sob sua guarda pastoral.
Do
livro: “Sob A Luz Do Espiritismo” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do
Conhecimento.
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