PERGUNTA: Poderíeis elucidar-nos melhor quanto
aos efeitos proveitosos desses recursos drásticos utilizados pelos guias?
RAMATÍS: Embora considereis algo censurável a mobilização de
recursos violentos por parte dos espíritos benfeitores, no sentido de impedirem
os seus protegidos de praticar atos comprometedores a si mesmos, eles compensam
pela disciplina que impõem e se justificam pelos seus resultados benéficos.
Porventura limpais as gorduras das vidraças com água destilada ou o fazeis
com êxito pelo ácido e sabão? Não é o ácido muriático o melhor produto químico
para limpar as pedras encardidas e o nitrato de prata mais eficaz para
cicatrizar as feridas virulentas? Assim sob o mesmo princípio, lançam mão de
meios enérgicos, enfraquecendo até a integridade física dos seus pupilos,
quando eles são refratários a todas as sugestões para livrá-los dos vícios, das
paixões destruidoras ou de empreitadas perigosas. Deste modo, precisam
imobilizá-los através do sofrimento, no leito de dor, a fim de que desviem-se
do pecado e não lhes aconteça coisa pior.
Muitas
criaturas frequentam os centros espíritas apenas para se livrarem do "encosto"
de espíritos atrasados, que lhes tolhem a liberdade de ação e as impedem até de
gozar os prazeres mais comuns. Elas se queixam de perseguições invisíveis de
"velhos adversários" do passado, mas ignoram que, às vezes, se trata
de uma providência salutar adotada pelos seus próprios guias, no sentido de
preservá-las de maiores prejuízos. Os espíritos inferiores em serviço
voluntário e sob o comando dos seus mentores, praticam os seus
"encostos" aplicando fluidos opressivos ou incômodos, que funcionam à
guisa de um "freio moderador" sobre os encarnados. Não se trata de qualquer
processo obsessivo, mas apenas de uma interferência compulsória sobre os homens
imprudentes, que tem como objetivo reduzir suas atividades nocivas.
Subjugados
pela carga dos fluidos entorpecentes dos espíritos inferiores, as criaturas
deixam de comparecer a aventura extraconjugal censurável, faltam à jogatina viciosa
e evitam os ambientes prostituídos onde domina o tóxico alcoólico. Elas
sentem-se desanimadas, febris e buscam o leito de repouso, completamente
indispostas ou impossibilitadas para acompanhar as libações dos companheiros. É
óbvio que nem sempre o "encosto" é recurso providenciado pelos guias
em favor dos seus tutelados, pois também pode ser fruto do processo obsessivo
comandado pelos espíritos "das sombras". Mas, em ambos os casos, os
fluidos incômodos ou agressivos desaparecem na sua ação indesejável, assim que
as vítimas acertam sua "bússola espiritual" a objetivos sadios e
benfeitores. Também não importa o prestígio, a responsabilidade ou a cultura do
homem do mundo, pois tanto enferma entre lençóis confortáveis o rico e feliz,
quanto o pobre, entre os trapos
da cama tosca. Até os anjos podem usar de métodos ríspidos, mas de proveito espiritual,
assim como os pais severos, ante o filho rebelde que não atende aos seus conselhos,
resolvem, adotar providências mais rigorosas e eficazes. Esses recursos drásticos
e violentos, embora criticáveis em sua aparência, muitas vezes evitam que os encarnados
ingressem na senda criminosa que poderia atirá-los no cárcere, impede-os da aventura
que lhes macularia o nome benquisto, evita-lhes a união ilícita com a mulher prostituta
ou afasta-os do negócio desonesto e de agravo contra terceiros.
O
saneamento; portanto, não se refere propriamente ao corpo transitório, mas em particular,
ao espírito eterno, isto é, ao cidadão sideral. Atinge o homem rico, formoso e culto,
assim como a criatura ignorante e coberta de andrajos.
Do Livro: “Elucidações Do Além”
Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.
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