PERGUNTA: Considerando-se que a alma
humana é originária da essência angélica de Deus, por que ela não reconhece
"instantaneamente" a sua consciência divina ou a sua posição exata e
distinta no seio do Cosmo, uma vez que permanece indissolúvel e ligada ao
Criador? (1)
RAMATÍS: Durante a eclosão da luz crística que se manifesta na intimidade
de toda criatura, isto é, num processo endógeno ou de "dentro para
fora", o espírito do homem deve aperceber-se do mistério de sua origem
divina, mas sem surpresas, sem violência e a coesão de conhecer-se a si mesmo. Ele deve reconhecer e compreender o processo
que o torna um "ser-indivíduo", à parte, no Cosmo, embora sem
fundir-se com o Todo Criador, mas de modo gradativo e sem os hiatos
desconhecidos. Seria um absurdo a consciência plena do homem ser-lhe
revelada num passe de magia ou fruto de uma revelação integral e instantânea.
Desde que o espírito pudesse reconhecer-se
instantaneamente como uma consciência global ou completa, marcando a sua
verdadeira posição e distinção no seio de Deus, sem passar por um processo ou
aprendizado espiritual gradativo, então os mundos planetários que compõem as
escolas educativas jamais teriam razão de existir. No entanto, as almas dos
homens são "entidades espirituais" virgens e diferenciadas no seio da
própria Consciência Cósmica, que depois desenvolvem a sua consciência física e
individual pelo acúmulo de fatos e das imagens vividas nas existências carnais
ou nos intervalos de sua permanência no mundo astralino. A sua memória, no
entanto, cresce e se amplia no infinito do tempo e do espaço, até consolidar-se
num apercebimento consciente do ser-indivíduo, que dali por diante sente-se uno
e inconfundível no seio do próprio Criador.
PERGUNTA: Quer nos parecer que as religiões
então funcionam como um incentivo para o apressamento angélico, ou seja, para o
mais breve apercebimento da consciência humana. Não é assim? (2 )
RAMATÍS: O verdadeiro sentido do vocábulo "Religião"(3), na acepção panorâmica da idéia,
significa, na verdade, a "religação" da criatura ao seu Criador. Todo
o esforço que o homem efetua no sentido de aproximar-se ou assemelhar-se com
Deus, é sempre um ato religioso porque o transforma e o eleva, isto é, o
"religa" com seu Autor.
Religião não é somente a idéia de um culto
ou dever sagrado para com a Divindade, mas a mobilização dos recursos sublimes
do próprio ser, para, então, gozar de maior intimidade com o seu Criador. O
espírito do homem encontra-se "ligado" eternamente com Deus, em cuja
fonte ele se originou e se alimenta. No entanto, apesar dessa
"ligação" íntima e indestrutível, que o toma a miniatura portadora
dos mesmos atributos da divindade, ele deve "reunir-se" ou
"religar-se" com o Pai, ampliando e divinizando a sua consciência
pelo entendimento completo da vida e pelo sentimento crístico incondicional.
Religião, enfim, identifica um estado de
espírito superior do homem, quando ele procura realmente maior aproximação com
a "verdadeira" natureza de Deus. A criatura pode ser profundamente religiosa sem fazer
parte de qualquer seita, credo ou igreja ortodoxa, pois é bem grande a
diferença do estado de religiosidade que "religa" o homem ao seu Criador, pela sublimação
espiritual, em vez de participar de doutrinas ou agrupamentos de homens ligados
pelos mesmos gostos e simpatias. Muitos santos e gênios viveram exclusivamente
para o bem da humanidade, e, no entanto, não participaram de nenhum movimento
sectarista religioso.
É tão forte e vibrante o sentimento de
religiosidade no Íntimo das criaturas, independente de qualquer compromisso
doutrinário ou sectarista, que muitos pecadores transformaram-se e
converteram-se ao Bem ou "religaram-se" ao Criador, depois da leitura
de um livro comovente, da intuição do seu anjo da guarda ou da ternura
benfeitora do próximo. Na profundidade de suas almas vibrou a ansiedade de
aproximação ao Pai, e não o "medo" do castigo ou o dever sagrado de
adorar a divindade. Entediados ou desesperados por uma existência falaz e tola,
eis que um gesto, um olhar ou um convite os modificou completamente.
1 - Nota do Médium: Esta pergunta é de
autoria exclusiva de Ramatís, o que nos parece uma espécie
de"teste"para ele auscultar a simpatia, o interesse e a reação dos
leitores quanto a esse assunto algo complexo e iniciático, o qual é amplamente
desenvolvido na obra "O Evangelho à Luz do Cosmo". Nesta obra Ramatís
procura explicar-nos de modo minucioso, que o Evangelho de Jesus sintetiza, em
suas leis morais, as próprias leis imutáveis que regem o equilíbrio e a dinâmica
do Cosmo na mais perfeita correlação espiritual. Diz-nos ele, no preâmbulo, que
se confiamos até agora no "que disse Jesus", chegou nos a hora de
indagarmos "por que ele o disse".
2 Nota do Médium: Pergunta exclusiva de
Ramatís, auscultando a impressão do leitor
quanto a esse assunto bem desenvolvido em
"O Evangelho à Luz do Cosmo". Embora a pergunta anterior a esta
pareça fugir do assunto da presente obra "Elucidações do Além", ou do
capítulo em foco, ambas são de profundo interesse de Ramatís, quanto às reações
emotivas ou intelectivas dos leitores.
3 - Religião, do verbo latino
"religare".
Do Livro: “Elucidações Do Além”
Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.
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