Em rude analogia, diríamos que os pecados exigem
combustível pesado, de odor desagradável e resíduo denso, algo semelhante ao
óleo cru usado nos motores de explosão, enquanto as virtudes requerem apenas
energia sublimada, de fácil volatilização, tal qual o motorzinho elétrico, que
se move com a carga de 110 volts sem deixar vestígios residuais.
Isso também sucede de modo algo parecido com o residual
fluídico inferior, que resulta dos pecados do homem, quando, depois de imantar-se
à tessitura apurada do perispírito, precisa ser expurgado para a carne. No
entanto, a energia dos fluidos ou vibrações emitidas pelas virtudes como o
amor, a ternura, a alegria, a mansuetude, a humildade, o perdão, o altruísmo, a
benevolência, a filantropia, a castidade e outras, não deixam no perispírito
quaisquer resíduos que precisem ser drenados para o corpo, sob o processo doloroso
das enfermidades. Já o fluido grosseiro e hostil, procedente dos instintos da
vida animal, torna-se virulento; e depois, quando baixa para a carne, aloja-se
na pele causando chagas, afecções cutâneas ou eczemas; e se, no seu curso
mórbido, depara com órgãos ou região orgânica mais debilitada, então se
condensa e se aloja, seja no pulmão, no intestino, no pâncreas, no fígado,
rins, estômago, no baço, nos ossos, ou mesmo no sistema linfático, endocrínico
ou sanguíneo.
Há criaturas que são vítimas de graves urticárias ou
de manifestações eczemática após violenta discussão; noutras, a pele se
pontilha de manchas escuras ou pretas, a que o povo atribui os efeitos das
"doenças do coração". Em algumas, a pele muda de cor, torna-se úmida,
excessivamente seca ou esfarela-se; às vezes, é demasiadamente sensível sob o
mais leve toque; doutra feita, a epiderme mostra-se apática a qualquer contato
exterior. Tais sintomas cutâneos também podem depender da diversidade dos estados
psíquicos do homem atrabiliário, perverso, ciumento ou colérico. A pele humana
é como a tela viva a refletir para o exterior do mundo físico as condições
íntimas, do próprio ser. Aliás, os modernos dermatologistas hindus,
familiarizados com os ensinamentos ocultos, já conseguem identificar as causas
boas ou más, responsáveis pelas afecções cutâneas dos seus pacientes, motivo
por e eles também os doutrinam em espírito, mostrando-lhes a necessidade de harmonia
psíquica para lograrem a cura mais breve.
Em verdade, as energias primárias ou instintivas do
mundo animal encontram-se adormecidas na intimidade da própria alma porque se
trata do residual de forças que já lhe serviram quando da estruturação do corpo
físico.
Os "pecados", ou seja, as atitudes os pensamentos
ou as emoções de ordem animal despertam essas forças e as excitam, fazendo-as
aflorar à superfície do perispírito. Embora o termo não se ajuste perfeitamente
à nossa idéia, diríamos que esses fluidos vigorosos e elementais terminam por
"coagular" na intimidade do perispírito quando inflamados pelos impactos
de emoções deprimentes e violentas.
Do livro: “Mediunidade de cura” - Ramatís/Hercílio Maes - Editora do Conhecimento.
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