PERGUNTA: Por que em obras anteriores
de vossa autoria espiritual e de outros espíritos credenciados, o perispírito é
definido como um elemento complexo, de estrutura fisiológica, sistemas e
órgãos idênticos aos do corpo físico, quando Allan Kardec no "Livro dos
Espíritos", o identifica na forma de um corpo vaporoso? 1
RAMATÍS: -
Há cem anos, quando Allan Kardec codificou o Espiritismo, ele não podia fazer
outra descrição do perispírito. Os espíritos mentores assim lhe notificaram, porque
além de sua doutrina ser endereçada principalmente à massa comum, isso ocorria numa
época de pouco conhecimento esotérico. Hoje, no entanto, é possível ao homem comum
receber instruções sobre a verdadeira contextura do perispírito, porque ele já
está familiarizado com as energias do mundo invisível reveladas pela Ciência
terrena, como raios X, ultravioleta, infravermelho, radioatividade, desintegração
nuclear, ultra-sons, eletricidade, magnetismo, elétrons. Atualmente, já não se
põe em dúvida a possibilidade de a matéria transformar-se em energia, nem da
existência da fauna microbiana também invisível à vista carnal. Igualmente,
também já se admite que muitas doenças tanto vêm do corpo como resultam dos
desequilíbrios psíquicos, que a Medicina classifica como enfermidades
neurogênicas.
Em sua época, Allan Kardec dirigia-se principalmente
aos "não iniciados" no estudo esotérico, que ignoravam os
conhecimentos secretos do mundo oculto e da vida espiritual, tais como a
Reencarnação, a Lei do Carma e a comunicação entre os "vivos" e os
"mortos". Estas revelações esotéricas da doutrina espírita já sofriam
ataques furibundos do Clero Católico e despertavam sarcasmos acadêmicos ortodoxos.
Sem dúvida, ele e os espíritos seriam imprudentes se tentassem popularizar
todas as particularidades e minúcias anatomofisiológicas do perispírito,
assunto demasiadamente avançado para uma época de excessiva ignorância. Kardec
teria de enfrentar a dúvida agressiva dos cientistas "sãotomés" e dos
adversários religiosos dogmáticos; e isto estremeceria as raízes ainda frágeis do
Espiritismo.
Eis por que os espíritos mentores de Kardec não o
incentivaram a empreender estudos e pesquisas mais profundos, quanto à
verdadeira natureza do perispírito, limitando-se a classificá-lo como um corpo
fluídico, simples e vaporoso. E assim, satisfazia às conjecturas da capacidade
mental e do entendimento espiritual primário dos adeptos e dos profanos. Mais
tarde, ele então o identifica melhor, dizendo ser "um corpo fluídico, cuja
substância é tomada do fluido universal, ou fluido
cósmico, que o constitui e o alimenta, como o
ar forma e alimenta o corpo material do homem. O perispírito é mais ou menos
etéreo, segundo os mundos e o grau de adiantamento
dos Espíritos; é um órgão transmissor de todas
as sensações", etc. 2
1 - Nota do Médium: Realmente, Allan Kardec,
à página 84, pergunta 93 e capítulo I, "Espíritos" com o subtítulo
"perispírito", da obra "Livro dos Espíritos", só menciona o
seguinte; "Envolve-o (o espírito) uma substância, vaporosa para os teus
olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para
poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira". É certo que
no capo "Manifestação dos Espíritos", no tema o"Perispírito,
princípio das manifestações", da obra "Obras Póstumas", Kardec
estende-se um pouco mais sobre o assunto, mas sem as minúcias e a complexidade
da verdadeira natureza do perispírito, conforme já o descrevem os esoteristas,
rosa-cruzes, teosofistas e iogues.
2 – Vide "Obras Póstumas",
páginas: 8 e 15.
Do
livro: “Elucidações do Além” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.
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