Sabedoria Ramatis

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sábado, 17 de março de 2012

História de Tertuliano - ll parte.









...“Tendo sido o seu corpo astral sensibilizado para ser médium de cura nesta última encarnação, no seio da Umbanda, recaiu abruptamente em fortes condicionamentos arraigados, e num comportamento atávico, reativou a conduta de alquimista da Idade Média, esquecendo dos compromissos assumidos com os mestres cármicos e espíritos amorosos que o acompanhariam na caridade terrena, que por sua vez muito o auxiliariam nos resgates dos desmandos do passado.
Voltemos ao despertamento de Tertuliano, agora no Plano Astral. Acorda e se vê preso num buraco enlameado, fétido e com uma legião de "homens-lobo", seres desgrenhados e raivosos do umbral inferior a lhe baterem com correntes pontiagudas de aço que lhe dilaceram as carnes.
Fica assim não sabe por quanto tempo. Não tendo mais forças, se entrega num estado de torpor àquela dor dilacerante, e não se espanta mais com seus ossos expostos, os músculos e nervos pendurados em pedaços como se tivesse virado animal esquartejado e exposto num matadouro, e o sangue que nunca cessa de jorrar. Num determinado instante, sente forte desejo sexual, e se lhe aproxima lânguida e sensual "mulher", mas quando lhe chega perto do campo limitado de visão, percebe que no lugar da pele tem escamas cobertas de um tipo de musgo esverdeado pegajoso, que seus olhos são vermelhos, as pupilas como de felino, as unhas estiletes cortantes. O ente ignóbil dança a sua frente em gestos obscenos. Aquele artificial do astral inferior, que ele criou, manipulando-o muitas vezes para separar casais, hipnotiza-o e o envolve sensualmente.

Não podendo se controlar pelo intenso hipnotismo, se entrega ao conluio sexual com essa "mulher" assombrosa, que lhe suga as últimas energias vitais, e sente que não tem mais vontade própria, perdendo sua última gota de dignidade. Roga a todos os demônios e lucíferes que o tirem de tão sinistro destino.
Imediatamente, em completa prostração e fraqueza, vê-se diante de um mago negro, que veste uma longa capa escarlate, de tórax e abdome encovados e de feitio reptílico, de aparência geral comprida e delgada, com o pescoço dilatado similar a uma cobra naja enraivecida pronta a dar a investida mortífera, que se propõe arrebanhá-lo para as suas hostes, dizendo-lhe que assim como todos eles haviam trabalhado para ele enquanto estava encarnado, agora era chegado o momento dele retribuir sendo escravo deles. Caso não aceitasse esta situação, que ficasse a penar no buraco em que se encontrava. Concorda com a proposta e a primeira missão que lhe dão é atacar e destruir a sua ex-esposa, o filho e a filha, como prova da sua fidelidade. Reluta, mas por fim cede, e completamente perdido de ódio por tudo e por todos, instala-se na contraparte etérica da residência dos antigos parentes. Leva-os verdadeiramente a um inferno de Dante pelos fluidos enfermiços que exalava, que não detalharemos para o nosso relato não ficar excessivamente fúnebre.
Quando tudo parece que está chegando ao fim, e a companheira de décadas está quase louca, o filho só pensa em suicídio e a filha está grávida de pai desconhecido, a ex-esposa – antiga médium de Umbanda - num vislumbre de lucidez, vê-se em quadro ideoplástico clarividente, criado e inspirado por "sua" preta velha, um espírito protetor, que orienta-a para procurar ajuda espiritual, sob pena de todos sucumbirem. Resolve determinadamente, surpreendendo-se com as próprias forças, procurar ajuda num Terreiro de Umbanda.
Em consulta realizada, um Caboclo denominado Ogum Sete Lanças, incorporado num médium, diz que há um espírito familiar muito perturbado desestruturando a família. Solicita a continuidade dos atendimentos, fala da persistência que os membros da família terão que demonstrar, e concomitante aos trabalhos habituais da Umbanda, encaminha todos para uma sessão de desobsessão, em que, na última quinta-feira de cada mês, são realizados diálogos fraternos com espíritos sofredores, naquele terreiro.
Através do comando da falange espiritual desse Caboclo, toda a organização trevosa foi retida e Tertuliano foi esclarecido e aceitou ir para um local de correção e estudo no Astral sob a égide da Umbanda. Seus familiares encarnados têm novamente o bem-estar em suas vidas.
Após um longo período de aprendizado e treinamento numa escola corretiva, Tertuliano foi aprovado para trabalhar no Plano Espiritual, como auxiliar numa legião entre as muitas que compõem a Umbanda. Passou a ser denominado de Bará Longo, tendo este nome que o identifica impresso no uniforme que ocupa, em vermelho, como um bordado luzente, junto ao peito, logo acima do coração. Diz-nos que é somente um identificador do tipo de tarefa, pois muitos outros assim também são denominados, o que caracteriza a impessoalidade necessária à rígida disciplina da falange de que faz parte, que está sob as ordens do Exu Guardião Pinga- Fogo. Aceitou pelo exercício do seu arbítrio, a escala de trabalho que lhe apresentaram. Hoje labuta como instrumento de combate à magia negra e aos antigos comparsas do umbral inferior, auxiliando o Guia Vovó Maria Conga, do Orixá Yorimá. Assim, Tertuliano evolui no Astral, sob a égide da Umbanda, como um disciplinado Auxiliar, se fortalecendo para não fracassar na sua próxima encarnação, pois novamente retomará como médium. Atua no meio mais vil e rastejante que existe, no que podemos chamar de sombra da humanidade, que conhece muito bem, aplicando seus vastos conhecimentos de magia em prol da justiça cósmica, semelhante curando semelhante, o que está acima do bem ou do mal como entendemos precariamente..."

(Origem: Do Livro “Jardim dos Orixás” – Ramatís/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento)

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