"Embora Hitler tenha sido um homem atrabiliário, cruel
e vingativo, julgado pela história moderna como o responsável exclusivo pela
última hecatombe guerreira, nem por isso, julgueis que ele seja
realmente o único culpado de todos os atos abomináveis e bárbaros cometidos
pelos seus comparsas militarizados. Na verdade, ele deu forma concreta e
objetiva aos anseios e sentimentos belicosos do seu próprio povo, o qual,
hipnotizado pelas perspectivas de dominar o mundo, cobrir-se de gloríolas tolas
e aumentar os lucros no saque ao inimigo, animou e estimulou tal indivíduo à
empreitada homicida e cruel da guerra.
Embora considerando-se, com justiça, que
certa parte do povo alemão é realmente pacífica, construtiva e avessa à tradicional
belicosidade germânica, a sua maioria ficou responsável por endeusar e colocar
no cimo do seu governo o tipo demente, ambicioso, violento e cruel que foi
Hitler.
A imprudência, o orgulho, a ambição e o espírito de
desforra também encontraram nos moços, velhos e mesmo nas mulheres e crianças
alemãs o seu prolongamento vivo e natural, quando, reunidos em praças públicas,
eles aderiram às cerimônias festivas e às homenagens pagãs, com que apoiaram
fanaticamente o "Führer", para ele acender a fogueira da guerra. Esse
ódio e vingança atingiram os próprios vizinhos sem culpa direta no caso,
enquanto a fúria nazista destrutiva caiu sobre o adversário mais próximo e mais
débil, apontado como um dos culpados pela humilhação do passado, ou seja, o
judeu. Então as mulheres, os velhos, os moços e as crianças hebraicas serviram
de causa preliminar para o futuro massacre perverso considerando inimigos da
pátria todos os homens que não fossem alemães. 3
3-Rodolfo Galligaris, inserto no
"Reformador", de outubro de 1962, à página 221, quando ele aborda o passado dos judeus destruindo cidades e
populações indefesas, segundo os relatos do próprio Velho Testamento, e depois sofrendo as
provações coletivas pelos flagícios e fuzilamentos em campos de concentrações nazistas, no cumprimento
doloroso do seu carma pregresso.
No entanto, malgrado Hitler ter sido
estigmatizado como o Satã da história e o único responsável por acender
afoitamente a fogueira da guerra, outras nações "vestidas de donzelas",
também contribuíram com o seu feixe de lenha cortado sob o machado da opressão
econômica, imposição ideológica ou política, competição comercial ciumenta ou orgulho
de raça, impondo sua prepotência mal disfarçada e apressando soluções egoístas para
o futuro.
Os adversários de Hitler apressaram o
passo para "salvar a humanidade" mas também escreveram páginas
sombrias de vingança, de ódio e de desonestidade, as quais, embora ignoradas
pela história do mundo, o Senhor marcou no "Livro da Vida" para o resgate
porvindouro dos responsáveis. Ambos os lados beligerantes, esquecidos do Amor pregado
pelo Cristo, perpetraram crimes odiosos, fuzilamentos desnecessários e deram vazão às paixões de raça; cometeram pilhagens e
barbarismos protegidos pelo pavilhão simbólico
da pátria, justificando os seus atos ignóbeis por um código imoral de guerra.
As nações terrenas ainda são constituídas por núcleos
de homens apaixonados e belicosos, sejam quais forem as raças de que eles descendam.
Elas são pacíficas e suportam-se mutuamente, enquanto encontram-se incapacitadas
para apoderarem-se dos bens do vizinho, pois a cultura, a educação e os valores
intelectuais que lhes atenuam a irracionalidade, esboroam-se fugazmente diante da
primeira oportunidade bélica fratricida.
Em verdade, os povos pacíficos de hoje foram os
conquistadores e invasores impiedosos do passado, que saqueavam populações
indefesas e anexavam os seus territórios. Assim que lhes for dada nova
oportunidade de poderio guerreiro, não há dúvida de que tais povos "inofensivos"
tornar-se-ão novamente piratas sanguinários, semeando a morte e furtando os despojos
do próximo, pois a rapinagem ainda é o traço fundamental do terrícola.
Aliás, os povos ou nações movem-se conforme os seus
interesses imediatos e não segundo algum código de honra ou moral cristã. E desde
que se conjuguem interesses recíprocos no mesmo jogo de benefícios, os inimigos
de hoje poderão ser os aliados de amanhã, embora sacrificando-se os amigos de
ontem. Da mesma forma, os vencedores justificam a sua contribuição para a
guerra sangrenta, defendendo-se pelo "slogan" de salvadores da
humanidade e protetores da civilização em perigo, enquanto atribuem aos vencidos
a culpa dos piores crimes e atrocidades, acoimando-os de "bárbaros"
responsáveis pela mesma hecatombe que, ocultamente, interessa a
todos.
No seio de um mesmo povo, os revoltosos também se
transformam em "libertadores", enquanto, depois de
assaltarem o poder constituído e desalojarem os adversários que defendiam a
legalidade, mais tarde os encostam no paredão de fuzilamento, fazendo-os pagar
pelos crimes de corrupção, embora, em breve, esses mesmos libertadores de hoje
também se transformem nos tiranos de amanhã.
Mas, em obediência ao ciclo cármico da Justiça Espiritual,
os "novos idealistas", que trucidam seus adversários, também
resgatarão suas culpas sob o muro de fuzilamento em que sacrificaram os seus
antecessores. E caso isso não lhes aconteça na mesma existência, há sempre um
pelotão executivo esperando-os nas vidas futuras, a fim de retificar-lhes o espírito de desforra sob o conceito
de "quem com ferro fere, com ferro será ferido", e pelo desprezo dos
ensinamentos de Jesus, que recomendou ao homem: "Não vos digo que perdoeis
até sete vezes, mas até setenta vezes sete". (Mateus, 18:21,22)."
Origem: Ramatís – “Elucidações do
Além” – Hercílio Maes/Editora do Conhecimento
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