Qual
vossa opinião sobre o sacrifício de animais na umbanda?
Ramatís: A umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para assentamentos vibratórios
dos orixás nem realiza ritos de iniciação para fortalecer o tônus mediúnico com
sangue. Não
tem nessa prática, legítima de outros cultos, um dos seus recursos de oferta às
divindades. A fé é o principal fundamento religioso da umbanda, assim como em
outras religiões. Suas oferendas se diferenciam das demais por serem isentas de
sacrifícios animais, por preconizarem o amor universal e, acima de tudo, o
exercício da caridade como reverência e troca energética junto aos orixás e aos
seus enviados (os guias espirituais). É incompatível ceifar uma vida e ao mesmo
tempo fazer a caridade, que é a essência do praticar amoroso que norteia a umbanda
do Espaço. Toda oferenda deve ser um mecanismo estimulador do respeito e união religiosa
com o Divino, e daí com os espíritos da natureza e os animais, almas-grupo que
um dia encarnarão no ciclo hominal, assim como já fostes animal encarnado em
outras épocas.
Mas,
e os dirigentes de centros que sacrificam em nome da umbanda?
Ramatís: Reconhecemos que na mistura de ritos existentes, nem tanto nas práticas mágicas
populares, dado que templos iniciáticos vistosos matam veladamente para fazer o
"indispensável" ebó ou padê de "exu", se confundem o ser e
o não ser umbandista. Observai a essência da Luz Divina (fazer a caridade) e
sabereis separar o joio do trigo. Tal estado de coisas reflete a imaturidade e
despreparo de alguns dirigentes que se iludem pela pressão de ter de oferecer o
trabalho "forte.
As exigências de quem paga o trabalho espiritual e
quer resultados "para ontem" acabam impondo um imediatismo que os
conduz a adaptar ritos de outros cultos ao seus terreiros. Na verdade, há uma
enorme profusão de rituais que é confusa, refletindo o estado da consciência
coletiva e o sistema de troca com o Além que viceja o "toma lá da
cá". Toda vez que um médium aplica um rito em nome do Divino e sacrifica
um animal, interfere num ciclo cósmico da natureza universal, causando um
desequilíbrio, pois interrompe artificialmente o quantum de vida que o espírito
ainda teria de ocupar no vaso carnal, direito sagrado concedido pelo Pai. Pela Lei
de Causa e Efeito, quanto maior seu entendimento da evolução espiritual (que
inexoravelmente é diferente da compreensão do sacerdote tribal de antigamente),
ambição pelo ganho financeiro, vaidade e promoção pessoal, tanto maior será o
carma a ser saldado, mesmo que isto aparentemente não seja percebido no
presente. Dia chegará em que tais medianeiros terão de prestar contas aos
verdadeiros e genuínos "zeladores" dos sítios sagrados da natureza
que "materializam" os orixás aos homens e oportunizam os ciclos cósmicos
da vida espiritual, ou melhor, as reencarnações sucessivas das almas em vosso
orbe.
Do
livro: “Umbanda Pé No Chão” Ramatís/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento.
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