Pergunta: Quando se fala em "sair em corpo astral", deve-se compreender isso
como o único meio que tem o espírito para poder penetrar no "outro
mundo"? O corpo carnal representa, então, um cárcere absoluto, capaz de
isolar a alma do seu verdadeiro mundo, que é o espiritual?
Ramatís: Visto que a verdadeira vida do espírito é,
realmente, aquela que se exerce livre da matéria, é evidente que ele luta
constantemente para se livrar de sua prisão carnal. E, se não o consegue mais
cedo, é porque o instinto natural de sobrevivência animal não só lhe dificulta
a ação, como ainda o escraviza sob o guante das paixões mais violentas! Alguns
espíritos débeis se entregam ao ópio, à cocaína, à maconha, à morfina e outros
entorpecentes, na ansiedade intuitiva de se libertarem do jugo obrigatório do
corpo de carne, para então gozarem de alguns momentos de liberdade astral e
fugirem de si mesmos. Em face de a maioria dos terrícolas viver algemada ao
sofrimento e às vicissitudes morais, anseia por alguns momentos de fuga para as
regiões ignotas do reino espiritual! As almas encarnadas, embora tenham
obliterada a sua memória astral, sentem-se dotadas de poderes que, dia mais ou
dia menos, as lançarão pelo espaço cerúleo afora! Então lançam mão de drogas inebriantes,
que funcionam como portas que se entreabrem para os mais afoitos e desesperados
que, entorpecendo o corpo, tentam alguns momentos "paradisíacos" pela
fuga deliberada dos grilhões vigorosos dos cinco sentidos do mundo físico. Usam,
então, todo tipo de narcóticos, sedativos, entorpecentes e drogas extraídas de
vegetais, plantas, frutos e raízes, que atuam nos interstícios etéricos do
perispírito, isolando-o momentaneamente das grades físicas. E, à medida que a
humanidade terrícola mais sofre e se contradiz, a ciência humana, em lugar de
socorrer-lhe o espírito enfermo a se debater na prisão material, ainda cria
novos produtos sintéticos, a granel, que incentivam os tímidos às fugas
improdutivas da dor e das vicissitudes morais, mas não solucionam os seus
problemas e tormentos milenários da alma.
A
benzedrina, os barbituratos, os brometos, o cloral e os derivados dos mais
vigorosos entorpecentes funcionam como novos estupefacientes, que alimentam
esse desejo crescente da "fuga", propenso a culminar num vício
incontrolável! Por
meio dessas drogas, muitos frustram o imperativo da consciência desperta no aprendizado
espiritual do planeta, obrigando-a a recuar para uma vida improdutiva e fragmentária,
do mundo astral. Aqueles que são mais ternos c bons ainda conseguem alguns arremedos
de êxtase quando podem atingir as freqüências vibratórias agradáveis, embora a persistência
viciosa os conduza lentamente à degradação completa e ao atrofiamento da sensibilidade
nervosa. Outros, mais infelizes, flutuam perispiritualmente pelas regiões inferiores
do mundo purgatorial, na figura de múmias hipnotizadas pelos efeitos
depressivos dos entorpecentes, até que, mais tarde, desencarnam como fâmulos de
um mundo. subhumano. Aqueles
que tentam a "fuga psíquica" pelas portas dos vícios só raramente conseguem
compreender que a própria dor e o sofrimento já representam outras portas valiosas
e que, sem violentar a sensibilidade da alma, dão acesso às regiões
paradisíacas do Cristo!
Antigamente,
os fanáticos e os místicos que fugiam do mundo profano também conseguiam
provocar algumas visões hipnogógicas através da autoflagelação ou de jejuns prolongados,
quando então produziam determinados estados febris que os faziam perceber alguns
fragmentos deformados da vida astral, proporcionando uma tênue satisfação à
alma sempre ansiosa de desertar das imposições retificadoras da vida física. Em
alguns casos é tão veemente o desejo de fuga da responsabilidade educativa na
matéria, que certos obsidiados se afinam gostosamente à índole daninha e à
emotividade entorpecida dos seus próprios obsessores ou algozes, aceitando
submissos a desagradável situação de obscurecimento da sua consciência desperta
no mundo físico!
A
saída em corpo astral não é condição absolutamente exigível para que só então o
espírito possa penetrar no "outro lado" da vida; em verdade, os
nossos espíritos nunca se afastam de qualquer plano da vida cósmica, na qual
estamos permanentemente integrados. O corpo físico - aliás, conforme a
conceituação moderna de que a matéria é energia condensada também vive
interpenetrado pelas forças vivas de todos os planos do Cosmo. A "saída em
astral", portanto, é apenas aumento de visão e de mobilidade que o
espírito encarnado consegue usufruir no campo da energia mais sutil do plano
astral, mas nunca o abandona, nem mesmo quando "desce"
vibratoriamente para mergulhar na carne. O corpo físico reduz a visão astral e
obscurece a memória etérica, mas nem por isso exige o afastamento da alma do seu
plano interior correspondente. Quando o homem limpa as lentes dos seus óculos, ofuscadas
pelas gorduras ou obscurecidas pelo pó, é óbvio que, após isso, ele não penetra
num outro mundo de que fora isolado, mas apenas clareia a sua visão e aumenta o
seu campo de percepção comum. O organismo carnal é realmente um cárcere, que
reduz a consciência astral e a ação mais ampla do espírito no meio eletivo de sua
própria origem, mas de modo algum o afasta do seu mundo familiar.
DO
LIVRO: “A SOBREVIVÊNCIA DO ESPÍRITO” RAMATÍS, ATANAGILDO/HERCÍLIO MAES –
EDITORA DO CONHECIMENTO.
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