PERGUNTA: Como entender melhor esse axioma de caminhar para Deus, estando
Deus em tudo?
RAMATÍS: A criatura caminha para o Criador, a Essência Incriada , purificando-se
e libertando-se vibratoriamente da forma, assim como a libélula se afasta pouco
a pouco da forma da lagarta repulsiva, para tomar uma forma superior.
A
forma inferior é a vida no mundo material, da energia descida e condensada; é a
figura criada; tem começo e tem fim, pois é provisória; significa a ilusão, o
"maya" tão sugestivo dos orientais. Quanto mais o espírito se agarra
à forma do mundo material, tanto mais longa é a sua ausência da intimidade com
o Pai e, também, maior a distância de sua real felicidade. O máximo de ventura
possível que o espírito pode usufruir na matéria é sempre uma constante
decepção para ele porquanto, satisfeito o corpo emocional, o tédio toma conta
da alma outra vez. Nunca ela poderá ser feliz repetindo as mesmas emoções ou apenas
fazendo substituições que, de início, já trazem o sabor da futura desilusão.
Caminhar
para Deus, portanto, é acelerar o campo vibratório do próprio espírito; é o
incessante libertar-se das formas ilusórias; é evitar que a consciência menor
crie raízes no mundo provisório, para mais breve sentir, então, a tangibilidade
da Consciência Maior que a criou!
PERGUNTA: Como poderemos compreender a "submissão incondicional"
ao Evangelho, a que fizestes referência há pouco?
RAMATÍS: Queremos dizer que o Evangelho deve ser praticado sem qualquer
interposição de condições ou regras acessórias; ele é um código de leis perfeitas
como as que regem a magnificência das organizações dos mundos celestiais; é um
alfabeto que dispensa alterações do mundo humano, porque se entende
exclusivamente com a linguagem dos céus!
Os
espíritos das trevas, sabendo influir com sutileza na alma dos homens, aconselham
muita gente a praticar o Evangelho, mas sob condições que escondem intuitos
profundamente dissolventes ou de interesses disfarçados. Sob a inspiração das
trevas, pululam no vosso mundo milhares de criaturas sentenciosas, que sempre justificam
uma escapatória na prática do Evangelho, tentando acomodá-lo com os interesses
da carne ou do mundo material; expõem os elevados conceitos evangélicos, mas os
cercam de uma prudência bem humana! Apesar dos apelos nobres, das socilitações
e exortações elevadas de sacerdotes, doutrinadores ou praticantes do Evangelho,
o trabalho do Cristo se esboroa de encontro aos caprichos e interesses do mundo
provisório, porque nem todos querem adaptar-se perfeitamente à sua admirável
doutrina de eterna beleza espiritual! Daí recomendarmos a submissão
incondicional ao Evangelho, ou seja a incorporação absoluta e integral ao
ensino evangélico, sem quaisquer outras inovações de ordem particular ou
dogmática, que se afastem de sua expressão pura e representem uma prática
cautelosa e calculada. Aqui, reconhece-se a necessidade da renúncia, mas
pondera-se que o excesso de conforto faz parte do progresso humano e representa
conquista da civilização; ali, elogia-se a simplicidade, mas justifica-se o
exagero de enfeites e o luxo nababesco como expressão de arte e de bom gosto;
acolá, realça-se a urgência da expansão da caridade através da dádiva de trapos
velhos e restos alimentícios, mas aconselha-se a punição e o desterro para o
desajustado; põe-se em relevo a honestidade, exaltando-se o mau administrador que
oferece migalhas do milhão furtado; prega-se a fraternidade universal, mas sob pontos
de vista pessoais e caprichos doutrinários separativistas; recomenda-se a expansão
do amor crístico, mas apontam-se adversários religiosos; prega-se a necessidade
de o empregado contentar-se com seu salário, mas criticam-se os lucros
excessivos do patrão ou do chefe!
Um
Evangelho cheio de justificativas e de contemporizações com o gosto humano não
é o Evangelho deixado por Jesus, cuja vida foi de absoluta e incondicional
renúncia pelo bem humano, muito bem atestada nestas recomendações cuja prática
ele exemplificou: — "Se o teu adversário obrigar-te a andar uma milha, vai
com ele mais duas e, se alguém te tirar a capa, dá-lhe também a túnica".
Um Evangelho diferente deste é um Evangelho condicional, muito razoável para
atender e justificar as manhas do homem, mas que, em lugar de um conjunto de
regras para que vos transfirais do mundo transitório para o mundo angélico, não
passa de um cabide de recitativos compungidos para os religiosos melodramáticos!
DO
LIVRO: “MENSAGENS DO ASTRAL” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.
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