Sabedoria Ramatis

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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A influência anímica na abertura dos trabalhos mediúnicos – III





PERGUNTA:  Essa falta de instrução, que leva os médiuns incipientes a copiar o modo de falar, a voz, a maneira e o estilo do médium principal, pode prejudicar os trabalhos do próprio centro onde militam?

RAMATIS:  Ainda são poucos os trabalhos mediúnicos que estão livres de certas práticas contraproducentes e que satisfazem integralmente aos espíritos comunicantes. Os médiuns, em grande parte, conforme já vo-lo dissemos, devotam-se forçadamente à pratica mediúnica, porque vivem acicatados pela necessidade de se desenvolverem, com o fito de recuperar a saúde ou livrar-se de incômoda opressão psíquica, que os atuca comumente. Falta-lhes, de início, o sentido heróico de renúncia aos seus interesses pessoais, o prazer de servir ao próximo ou o ideal de divulgar a doutrina espírita. 
 Então, claudicam por muitos anos, mudam incessantemente de centro espírita para centro espírita, sempre insatisfeitos e à procura de "correntes afins", de "bons trabalhos" ou "reuniões elevadas", onde possam obter o máximo rendimento pelo mínimo esforço. No entanto, muitos desses médiuns incultos e inquietos esquecem-se de que, ao participarem das "melhores correntes" e dos melhores trabalhos espíritas, algumas vezes eles também terminam por desarmonizar os labores mediúnicos alheios. A solução, portanto, não se cinge à exclusividade de se procurarem grupos espíritas mais simpáticos ou mais eficientes para o êxito do desenvolvimento mediúnico, pois o médium deve promover a renovação íntima do seu espírito no próprio ambiente onde a bondade dos presentes lhes tolera a bagagem ainda bastante defeituosa.
Eis por que, na falta de outros recursos, os benfeitores desencarnados já se dão por muito satisfeitos quando conseguem operar através dos médiuns de boa vontade, laboriosos e sem complicações, embora ainda não sejam donos de grande preparo. Por isso eles são pacientes e tolerantes com a insipiência dos seus medianeiros encarnados, suportando-lhes o animismo, a histeria, o automatismo psicológico, a imaginação indisciplinada, os longos circunlóquios, as frases pomposas e vazias, a exacerbação neurótica ou os caprichos levados à conta de qualidades mediúnicas. Quando encontram alguma docilidade nos seus intérpretes, tudo fazem para afastá-los dos ambientes perniciosos, das companhias prejudiciais, dos vícios e das paixões degradantes, encaminhando-os para as palestras elevadas, leituras proveitosas que os ajustem gradativamente ao imperativo superior do trabalho mediúnico junto à mesa espírita. No entanto, como já vo-lo citamos, é muito mais importante para o guia a reabilitação espiritual do seu médium, bem antes que ele se tome um genial intérprete das revelações do Espaço. Desde que ele firme sua conduta espiritual e se decida por um rumo proveitoso, toma-se o candidato que se gradua para as mensagens dos espíritos de melhor estirpe espiritual. Os médiuns, em grande parte, ainda ignoram que os espíritos responsáveis e conscientes de sua tarefa são concisos, sensatos e parcimoniosos nas suas comunicações para a matéria, despreocupados da veleidade de impressionar os encarnados pela oratória recheada de prosopopéias.
O animismo coletivo, que generaliza num mesmo padrão anímico o modo dos médiuns comunicarem, ainda é mais resultante da displicência daqueles que se pressupõem completamente desenvolvidos mas, por comodismo, preferem auferir os conhecimentos e as orientações espirituais da fonte mais próxima e favorável que, nesse caso, ainda é o médium principal do trabalho onde se desenvolvem e de que participam. Se o médium modelo escolhido é também outro anímico esposando manias, prevenções e superficialidades à conta de "estilo" mediúnico, então os seus imitadores tomam-se outros multiplicadores das mesmas incongruências em novas cópias carbono, ao atuarem noutros centros espíritas. Deste modo, ficam viciadas as mais singelas comunicações do "lado de cá", devido à excessiva logorréia, repetição de chapas batidíssimas, longas aberturas crivadas de frases pomposas e ocas, enquanto o guia aguarda pacientemente, junto ao médium indisciplinado, o ensejo de saudar os presentes com um fraternal boa noite!

DO LIVRO: “MEDIUNISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.

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