PERGUNTA:
Essa falta de instrução, que leva os
médiuns incipientes a copiar o modo de falar, a voz, a maneira e o estilo do
médium principal, pode prejudicar os trabalhos do próprio centro onde militam?
RAMATIS: Ainda são poucos os trabalhos
mediúnicos que estão livres de certas práticas contraproducentes e que
satisfazem integralmente aos espíritos comunicantes. Os médiuns, em grande parte,
conforme já vo-lo dissemos, devotam-se forçadamente à pratica mediúnica, porque
vivem acicatados pela necessidade de se desenvolverem, com o fito de recuperar
a saúde ou livrar-se de incômoda opressão psíquica, que os atuca comumente.
Falta-lhes, de início, o sentido heróico de renúncia aos seus interesses pessoais,
o prazer de servir ao próximo ou o ideal de divulgar a doutrina espírita.
Então, claudicam por muitos anos, mudam
incessantemente de centro espírita para centro espírita, sempre insatisfeitos e
à procura de "correntes afins", de "bons trabalhos" ou
"reuniões elevadas", onde possam obter o máximo rendimento pelo
mínimo esforço. No entanto, muitos desses médiuns incultos e inquietos
esquecem-se de que, ao participarem das "melhores correntes" e dos
melhores trabalhos espíritas, algumas vezes eles também terminam por desarmonizar
os labores mediúnicos alheios. A solução, portanto, não se cinge à
exclusividade de se procurarem grupos espíritas mais simpáticos ou mais
eficientes para o êxito do desenvolvimento mediúnico, pois o médium deve
promover a renovação íntima do seu espírito no próprio ambiente onde a bondade
dos presentes lhes tolera a bagagem ainda bastante defeituosa.
Eis por
que, na falta de outros recursos, os benfeitores desencarnados já se dão por
muito satisfeitos quando conseguem operar através dos médiuns de boa vontade,
laboriosos e sem complicações, embora ainda não sejam donos de grande preparo.
Por isso eles são pacientes e tolerantes com a insipiência dos seus medianeiros
encarnados, suportando-lhes o animismo, a histeria, o automatismo psicológico,
a imaginação indisciplinada, os longos circunlóquios, as frases pomposas e
vazias, a exacerbação neurótica ou os caprichos levados à conta de qualidades
mediúnicas. Quando encontram alguma docilidade nos seus intérpretes, tudo fazem
para afastá-los dos ambientes perniciosos, das companhias prejudiciais, dos
vícios e das
paixões degradantes, encaminhando-os para as palestras elevadas, leituras
proveitosas que os ajustem gradativamente ao imperativo superior do trabalho mediúnico
junto à mesa espírita. No entanto, como já vo-lo citamos, é muito mais
importante para o guia a reabilitação espiritual do seu médium, bem antes que
ele se tome um genial intérprete das revelações do Espaço. Desde que ele firme sua
conduta espiritual e se decida por um rumo proveitoso, toma-se o candidato que
se gradua para as mensagens dos espíritos de melhor estirpe espiritual. Os
médiuns, em grande parte, ainda ignoram que os espíritos responsáveis e
conscientes de sua tarefa são concisos, sensatos e parcimoniosos nas suas comunicações
para a matéria, despreocupados da veleidade de impressionar os encarnados pela
oratória recheada de prosopopéias.
O animismo
coletivo, que generaliza num mesmo padrão anímico o modo dos médiuns comunicarem,
ainda é mais resultante da displicência daqueles que se pressupõem
completamente desenvolvidos mas, por comodismo, preferem auferir os
conhecimentos e as orientações espirituais da fonte mais próxima e favorável que,
nesse caso, ainda é o médium principal do trabalho onde se desenvolvem e de que
participam. Se o médium modelo escolhido é também outro anímico esposando
manias, prevenções e superficialidades à conta de "estilo" mediúnico,
então os seus imitadores tomam-se outros multiplicadores das mesmas incongruências
em novas cópias carbono, ao atuarem noutros centros espíritas. Deste modo, ficam
viciadas as mais singelas comunicações do "lado de cá", devido à
excessiva logorréia, repetição de chapas batidíssimas, longas aberturas crivadas
de frases pomposas e ocas, enquanto o guia aguarda pacientemente, junto ao
médium indisciplinado, o ensejo de saudar os presentes com um fraternal boa
noite!
DO LIVRO:
“MEDIUNISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.
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