PERGUNTA: É razoável essa imitação por parte dos médiuns "novos", no desenvolvimento
mediúnico?
RAMATÍS: Isso é
humano e bastante justificável, pois metade da humanidade gostaria de imitar a
outra metade. É de regra geral que, em qualquer experiência no mundo, os
neófitos se guiem pelos veteranos, porque desconhecem o caminho e, assim,
precisam seguir as pegadas dos que lhes vão à frente. O artista, a cantora, o
escritor ou orador famosos seguem pela vida acompanhados do cortejo de
imitadores que, nessa ansiosa emulação, também buscam a mesma fama e
celebridade. É certo que alguns dos imitadores, com o decorrer do tempo, também
conseguem impor-se por alguma criação original; mas, de início, o candidato
incipiente precisa apoiar-se naqueles que já alcançaram o êxito. Acontece o
mesmo no campo da mediunidade, em que os novatos procuram assimilar as qualidades
dos veteranos, malgrado no futuro poderem até superá-los vantajosamente. No entanto,
desde que os candidatos a médiuns olvidem o estudo, a pesquisa incessante, e
receiem enfrentar os "tabus" supersticiosos, preferindo a cômoda posição
do misticismo suspiroso improdutivo, não há dúvida de que se cristalizarão como
ruins imitadores dos bons ou maus médiuns em que se inspirarem. E assim
viciar-se-ão também aos chavões sentenciosos, às senhas sibilinas e às
metáforas ridículas que são proferidas sob a eloquência imitativa dos velhos tribunos
romanos.
Só o
conhecimento profundo da bibliografia espírita, quer quanto à parte
doutrinária, quer quanto à prática mediúnica, é que realmente poderá reduzir a
interferência anímica do médium nas comunicações mediúnicas, ajudando-o a
eliminar gradativamente os datismos, as imitações, as redundâncias e a
prolixidade indesejável no intercâmbio sensato com os desencarnados. Em alguns
trabalhos espíritas de nível
intelectual muito pobre, em que os seus componentes se limitam a uma
interpretação tristonha e lacrimosa do Evangelho, chega-se a exaltar o
"tabu" do médium analfabeto, o qual compensa a sua ignorância apenas
pela sua boa intenção.
É de senso
comum que só a boa intenção não basta para o êxito completo no comando da vida,
pois muitos acontecimentos indesejáveis e trágicos do mundo são frutos da ignorância
daqueles mesmos que os dirigem, embora sejam bem intencionados. E o médium, que
é um intermediário dos ensinamentos e roteiros do mundo espiritual para os
encarnados, não pode eximir-se do estudo doutrinário, da pesquisa mediúnica e
da cultura do mundo em que vive, malgrado alegue que também age com boa
intenção, pois esta deve estribar-se em conhecimentos seguros e sensatos, para
não se produzirem prejuízos irreparáveis à fé e à confiança do próximo.
DO LIVRO:
“MEDIUNISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.
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