PERGUNTA: Essa preocupação anímica e febril de alguns médiuns em "abrir" os
trabalhos mediúnicos, assim como os chavões e as frases obsoletas com que eles preludiam
as comunicações dos desencarnados, devem ser alvo da nossa censura na seara espírita?
RAMATÍS: Desejamos esclarecer-vos que o
nosso principal intuito nesta obra é o de enfrentar o problema anímico em sua
essência, sem receio de qualquer "tabu" ou misticismo lacrimoso que favoreça
a instituição de dogmas no seio do Espiritismo. Muitos fatores indesejáveis e
que rebaixam o nível das comunicações espíritas podem muito bem ser corrigidos
em tempo, e assim desimpedirem o progresso medianímico. Não podemos censurar os
médiuns anímicos, porque o animismo é fruto natural e lógico do seu
desenvolvimento mediúnico, embora muitos deles continuem estacionados nessa
improdutividade, depois de já se considerarem completamente desenvolvidos. O
médium em desenvolvimento é um desarvorado, engatinhando dificultosamente e
copiando os cacoetes, as veleidades e as contradições daqueles que ele julga mais
competentes. Na verdade: o médium evolui ou cristaliza-se; ele estaciona entre
as excrescências anímicas copiadas do "modelo" veterano em que se
inspirou, ou então estuda, pesquisa e desenvolve o senso de autocrítica
suficiente para entender melhor o seu próprio temperamento e caráter, a fim de
se livrar o mais cedo
possível das anomalias do animismo improdutivo.
Não
importam os tropeços dos primeiros passos, embora dominem os chavões anímicos,
as comunicações tolas, pomposas ou improdutivas, que significam para o candidato
a médium tanto quanto o "abc" para o analfabeto ou o solfejo musical
para o aprendiz de música. A base do mediunismo ainda é o animismo; sem este
não existe aquele. Os rasgos de oratória genial, com que certos médiuns experimentados
mais tarde deslumbram os seus ouvintes, também firmaram suas bases nos cacoetes,
nas dúvidas, nos ridículos e tropeços das manifestações mediúnicas incipientes
dos primeiros dias.
DO LIVRO:
“MEDIUNISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.
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