PERGUNTA:
— Há pouco vos referistes às "longas aberturas" dos trabalhos mediúnicos,
o que nos faz perguntar se é razoável o costume adotado em certas reuniões espíritas,
onde todos os médiuns, um por um, devem receber seu "protetor" para
também fazer a abertura dos trabalhos e saudar os presentes. Isso parte dos
chamados "protetores" ou se trata da interferência anímica dos
médiuns?
RAMATiS: O bom
senso recomenda que nos trabalhos doutrinários ou de desenvolvimento mediúnico
os seus realizadores aproveitem o máximo possível todos os minutos disponíveis,
para só tratar de assuntos importantes e de esclarecimento público.
Convém
evitar-se essa improdutiva prática de todos os médiuns, um por um, invocarem o protetor
no trabalho mediúnico, imitando os soldados que respondem à chamada na revista do
quartel. Gasta-se grande parte da hora valiosa e milimetrada do trabalho
espírita em saudações sem proveito, num "tête-à-tête" que de modo
algum compensa o sacrifício dos guias em abandonarem Mas tarefas espirituais e
ficarem esperando para atuar na matéria.
Os
dirigentes sensatos dos trabalhos espíritas, e que se destinam principalmente
ao público, devem traçar um programa orientado pelo guia da casa ou mesmo pela
diretoria responsável da instituição, graduando as comunicações de cada médium
conforme o seu progresso e o seu proveito. Considerando-se que as sessões
mediúnicas limitam-se apenas a uma hora de trabalho controlada rigorosamente
pelo pêndulo do relógio, é evidente que os seus frequentadores semanais mais
assíduos terão participado de 48 horas de trabalhos mediúnicos durante o ano.
Sem dúvida, se os médiuns anímicos ainda gastam metade dessas horas valiosas em
saudações e cumprimentos formalísticos, sobejam apenas 24 horas de serviço
efetivo e proveitoso nesse ano, o que nos parece bem pouco como oportunidade
para esclarecimento
espiritual. Há que se considerar ainda que muitos frequentadores dormem durante
as sessões, outros palestram ou se desinteressam das preleções dos espíritos
porque muitas vezes estas são enfadonhas, prolixas e cansativas, sob a
interferência improdutiva e muito anímica dos seus médiuns.
Em
conseqüência, é aconselhável eliminarem-se dos labores mediúnicos todas as manifestações
que roubem o tempo precioso destinado aos assuntos mais úteis, assim como os espíritos
sensatos dispensam as etiquetas e os preconceitos do mundo físico, evitando
qualquer competição ou destaque pessoal em abertura de trabalho mediúnico. Nas
sessões mediúnicas disciplinadas pelos ensinamentos de Allan Kardec, a regra
geral é permitir-se que a entidade responsável pela casa trace o programa de
serviço para a noite, exponha o assunto essencial de benefício coletivo, para
depois se efetivarem as comunicações dos demais espíritos, no aproveitamento
sensato de tempo, sem as longas perorações ou demoradas saudações pessoais.
Enquanto certos médiuns muito verbosos esgotam grande porcentagem de tempo nos
trabalhos espíritas, usando de interminável fraseado atravancado pelos lugares
comuns, esses minutos poderiam servir proveitosamente ao serviço de irradiação
aos enfermos ou para esclarecimento do Evangelho ao público.
DO LIVRO:
“MEDIUNISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.
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