PERGUNTA: E no caso dessas chaves ou saudações repetidas dos desencarnados serem
proferidas em sânscrito, hebraico, bantu, guarani, árabe ou qualquer outro
dialeto estranho, como já temos observado, que deveremos compreender?
RAMATÍS: Sabeis que
um "louvado seja Deus", pronunciado com ânimo e convicção sincera, em
qualquer dialeto ou idioma estranho à vossa raça, sempre há de possuir a
necessária força espiritual emotiva, independentemente da língua em que é
falado. Mas não passa de excêntrico o médium intuitivo que usa de saudações em
idioma estranho à sua própria raça, e depois não consegue transmitir o restante
da mensagem na mesma língua. Quando se trata de médium poliglota ou xenoglóssico,
é evidente que ele pode comunicar toda a mensagem do desencarnado na linguagem
que ele usava em vida física, quer seja o francês, o bantu, o turco ou o
chinês.
Às vezes é
apenas encenação propositada por parte do médium intuitivo, que em vigília
conhece o fraseado em língua estranha e o usa como chave no início da
comunicação. Cremos que vos seria bastante estranho se, através deste médium
intuitivo, ditássemos a nossa costumeira saudação de "Paz e Amor" em indo-chinês,
isto é, no idioma pátrio que cultuamos na última existência terrena e, no
entanto, depois não pudéssemos transferir-vos na mesma língua o resto da
comunicação.
Não
censuramos tais fatos, quando eles ocorrem tradicionalmente nos trabalhos
mediúnicos dos terreiros de Umbanda, nos quais os silvícolas, os pretos-velhos
de Angola, Nagô ou Bantu, chegam a arrancar dos seus "cavalos" alguns
vocábulos do idioma natal que usavam na vida física. Mas isso já não se
justifica nas sessões espíritas disciplinadas pela codificação de Allan Kardec,
em que a manifestação mediúnica deve ser escoimada de qualquer superficialidade
ou teatralização extravagante.
Quanto à
suposição de que certos espíritos superiores usam "chaves" esotéricas
previamente combinadas com os encarnados, para garantir-lhes a identificação
nos trabalhos mediúnicos, cremos que essa segurança moral ou benfeitora dos
desencarnados não depende propriamente do seu nome, de chaves sibilinas ou dos
sinais cabalísticos da preliminar mediúnica, mas das suas intenções e do
tratamento espiritual com que se portem nas suas comunicações. Em qualquer
circunstância, é bem mais louvável e segura a presença anônima de Francisco de
Assis nos trabalhos espíritas, sem qualquer chave ou saudação cabalística, do
que a de algum espírito diabólico prelecionando através de frases lacrimosas e
senhas enigmáticas.
DO LIVRO:
“MEDIUNISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.