Sabedoria Ramatis

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terça-feira, 30 de abril de 2013

O sectarismo religioso e o carma – 3ª Parte.












PERGUNTA: Naturalmente vos referis ao caso dos religiosos dogmáticos ou às religiões seculares, como o catolicismo, o protestantismo e as seitas adventistas, que comumente hostilizam o espiritismo terapêutico, o esoterismo ou as teorias reencarnacionistas; não é assim?





RAMATIS: De modo algum as nossas afirmações têm por fim promover a “conversão” de católicos, protestantes ou adventistas aos preceitos da doutrina espírita. O sectarismo é enfermidade que grassa em qualquer credo, religião ou doutrina; e o espiritismo, em face do sectarismo de muitos dos seus adeptos, também não se encontra liberto dessa anomalia. Porventura também não existe grande número de espíritas que combatem freneticamente o trabalho ruidoso dos umbandistas, as reuniões brancas dos esoteristas, as meditações silenciosas dos iogues, a mesa redonda dos teosofistas ou as preocupações iniciáticas dos rosa-cruzes?
Não há espíritas que alegam estar com a melhor verdade ou sistema doutrinário superior, exclusivista das “mesas” kardecistas, enquanto só encontram confusão, estultícias e má intenção no ritualismo do “chão batido” dos terreiristas? Para muitos adeptos do espiritismo, os esforços esoteristas ou empreendimentos de propaganda “rosa-cruz” são de exclusivo comercialismo e interesses pessoais, enquanto os labores teosofistas não passam de teoria sem o valor da “caridade” prática do kardecismo! Não duvidamos de que isto desmente, por parte de tais espiritualistas, o senso lógico de que realmente estejam convictos de que Deus é um só e impregna todos os seres e coisas!
Mas a Lei de Ascensão Espiritual, que não possui preferências pessoais, intervém com absoluta equanimidade e trato amoroso na senda evolutiva de todos os filhos do Senhor, sem se preocupar com o tipo de sectarismo religioso, mas apenas cuidando de modificar os sectaristas. É certo que muitas vezes o orgulho e o amor-próprio da família católica ou protestante termina sendo abatido pela intervenção miraculosa do “médium” espírita, que devolve a saúde e a paz ao lar aflito. Mas, doutra feita, pode ser o padre bem assistido do Alto ou a promessa ao “santo” da fé católica, ou então as orações do pastor protestante que também hão de trazer a alegria ao lar espírita. A Lei admirável, do Amor, busca romper as fronteiras isolacionistas e aconchega corações distanciados pela vaidade, o orgulho, a presunção, a teimosia ou o amor-próprio, servindo-se ainda dos métodos adversos para cura dos intransigentes: Aqui, o espírita de “mesa” só obtém a cura depois que o “cavalo” de terreiro lhe descobriu o feitiço no travesseiro ou no limiar da porta; ali, é o terreirista que, depois de muito ironizar a debilidade das sessões de mesa, termina curado pelos passes ou irradiações ao estilo kardecista; acolá, o iniciado rosa-cruz, teósofo ou esoterista, que critica as sessões espíritas como sendo fábricas mórbidas de fetichismo mental, intercâmbio com larvas ou cascões astrais, vê-se obrigado a curvar-se ante a cura da terrível obsessão do seu ente querido, graças à intervenção dos médiuns espíritas tão censurados pelo seu gênio de labor extraterreno.
Não importa se sois esoteristas, espíritas, teosofistas, católicos, protestantes, iogues, rosa-cruzes ou livres-pensadores, pois, no ignora as etiquetas religiosas, para só se preocupar com as necessidade dos corações embrutecidos pelo orgulho, a vaidade e o fanatismo doentio gerado sob a égide de qualquer credo, doutrina ou religião. É por isso que à medida que certos enfermos vão piorando pela necessidade de se abrandarem no seu sentimento religioso exclusivista, em torno dos seus leitos de sofrimento físico ou psíquico transitam médicos, curandeiros e homens de milagres, sem conseguir o êxito desejado. Depois, com o tempo, eles tanto aceitam o exorcismo do vigário local, o benzimento da preta velha, a simpatia da comadre amiga ou as orações do pastor circunspecto, como também o passe do médium kardecista ou o trabalho do preto velho marcando o “despacho” na encruzilhada! No entanto, o principal objetivo disso tudo é unicamente a renovação do espírito enfermo, vítima do fanatismo ou da crítica antifraterna, para o que o seu guia considera de grande valia a enfermidade retificadora. Quando deixar o leito e, se aprouver ao seu mentor espiritual, o ex “gigante” ou inimigo formal das religiões adversas não poderá esquecer as imagens dos que o serviram, os esforços de todos os que tentaram levantar-lhe a saúde através de rezas, exorcismos, receitas empíricas ou simpatias. No silêncio de sua alma, sempre há de ficar a lembrança das fisionomias que o rodearam apenas com um fito amigo e desinteressado  a sua sobrevivência! E o que antes lhe poderia parecer detestável situação de amargura e dor, mais tarde há de considerar como um excelente treinamento de retificação espiritual e amplitude de coração, favorecendo-lhe o mais breve encontro com aqueles que também buscavam a Deus através de outros caminhos que lhe são simpáticos e mais fáceis.



Do livro: “Fisiologia da Alma” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.

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