Sabedoria Ramatis

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domingo, 21 de abril de 2013

Força do pensamento - Perispírito; a forma e a fisionomia animalescas








É evidente que se os pensamentos nobres e as ações boas aperfeiçoam a forma do perispírito, estampando no semblante dos seres os traços da ternura e beleza espiritual, os aviltamentos imprimem nele as linhas monstruosas e produzem estigmas animalescos na criatura. Os das paixões descontroladas vergastam terrivelmente a contextura delicada da fisionomia perispirítica, cunhando nela a configuração e o aspecto da predominância animal do passado. A alma é a exclusiva responsável pelos seus próprios pensamentos, sejam bons ou maus, agradáveis ou horripilantes. A conhecida teoria das "ideias fixas", tanto tempo comentada pelos discípulos de Freud e pelos estudiosos da psiquiatria, constantemente é indicada como a responsável pelos mais variados tipos de alienações mentais de infelizes criaturas dominadas pelos estigmas esquizofrênicos. Mas o certo é que os psiquiatras comumente ignoram que muitos desses estigmas ultrapassam os limites do berço físico, pois têm suas origens principais no passado longínquo. Quantas vezes o tipo popular de rua não passa da reprodução viva do reflexo doentio do passado, quando o seu espírito perturbou-se pela sagacidade intelectual, pelo excesso de riqueza, pelo abuso do mando ou devido a qualquer privilégio aristocrático!
A humanidade pouco sabe ainda do poder criador ou destruidor que se encerra na simples emissão de um pensamento e que, agrupando as energias dispersas e emitidas por outras mentes que funcionam na mesma faixa vibratória, pode ser arregimentado para os objetivos mais perigosos. As "formas pensamento" que se plasmam continuamente nos centros cerebrais produzem substâncias imponderáveis para a rudeza dos sentidos físicos, mas grandemente influenciáveis no sistema nervoso e endocrínico, podendo tanto acelerar como retardar a produção de hormônios do sistema glandular. É de senso comum que a glândula tireoide é de grande importância no desenvolvimento somático do indivíduo e na sua manifestação psíquica no mundo; o seu simples aceleramento fisiológico basta para que se produzam certas alterações no rosto, como, por exemplo, os olhos esbugalhados e a fisionomia angustiada, roubando a serenidade habitual da expressão humana. Embora se procure verificar cientificamente o roteiro carnal que compõe ou altera a fisionomia, o certo é que esta se plasma vigorosamente influenciada pelas energias psíquicas, que atuam nos sistemas responsáveis pela sua exteriorização objetiva, como os hormônios, por exemplo, que, influindo na circulação, aceleram ou reduzem os movimentos musculares e ajustam as coletividades celulares, dando a conformação biológica.
É indiscutível a profunda diferença entre um rosto humano de semblante sereno e convidativo e o de outra pessoa que vive num ritmo de sofrimento atroz ou que tem os olhos esbugalhados e a palidez cadavérica, devido a um acontecimento assustador! Notai que os extremos fisionómicos, da alegria e da dor, que em alguns segundos podem se mostrar na mesma criatura, parecem retratar dois indivíduos completamente diferentes entre si! O homem pessimista, letárgico ou hipocondríaco sente dificuldade até para rir, pois é de catadura conventual e aspecto desanimador, capaz até de perturbar o sorriso da criança! No entanto, aquele que vibra sob o júbilo das atividades construtivas e busca os bens superiores, aceitando a vida humana como um ensejo educativo de libertação espiritual, imprime no seu rosto um cunho estimulante e de simpatia, que a própria velhice custa a roubar das faces! Que é isso tudo senão o resultado do próprio modo de a criatura pensar e viver as suas emoções em contato com o mundo? Embora  seja o mecanismo funcional do corpo físico o que modifica a expressão da fisionomia humana, através das operações seletivas dos seus sistemas orgânicos, é a mente que plasma no rosto aquilo que a alma cultiva e extravasa entre as fronteiras do seu psiquismo. O rosto apenas reflete para a luz do mundo material aquilo que a alma já configurou com prioridade no seu mundo astral e mental. Por isso é que encontrareis do lado de cá profundos estigmas animalescos no espirito desencarnado, pois a sua forma, tendo sido violentada pelo bombardeio das forças mentais perniciosas, deformou se nas suas tradicionais linhas de forças magnéticas e coordenadoras da configuração humana.
O homem que chafurda continuamente no charco das paixões inferiores faz reviver em si mesmo os velhos estigmas da sua animalidade ancestral e, conforme o tipo da paixão que cultuar mais desbragadamente, também provocará em si mesmo um desenvolvimento enfermiço da configuração do animal que mais vivamente reproduza aquele tipo de paixão. Daí o motivo porque ser-vos-á possível encontrar no mundo astral glutões de olhos miúdos, encravados num rosto afunilado e de narinas achatadas, com forte estigma suíno; espíritos avaros, de olhos cúpidos e rosto adunco, de mãos e pés crispados como garras, perfeitamente comparáveis à ostensiva figura do abutre; ou então criminosos vorazes e cruéis, com a fisionomia alongada e orelhas pontiagudas ao lado de olhos de aço, que se movem felinamente como o lobo à espreita da vítima!



Do livro: “A Sobrevivência do Espírito” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento

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