É evidente que se os
pensamentos nobres e as ações boas aperfeiçoam a forma do perispírito,
estampando no semblante dos seres os traços da ternura e beleza espiritual, os
aviltamentos imprimem nele as linhas monstruosas e produzem estigmas animalescos
na criatura. Os das paixões descontroladas vergastam terrivelmente a contextura
delicada da fisionomia perispirítica, cunhando nela a configuração e o aspecto
da predominância animal do passado. A alma é a exclusiva responsável pelos seus
próprios pensamentos, sejam bons ou maus, agradáveis ou horripilantes. A
conhecida teoria das "ideias fixas", tanto tempo comentada pelos
discípulos de Freud e pelos estudiosos da psiquiatria, constantemente é
indicada como a responsável pelos mais variados tipos de alienações mentais de
infelizes criaturas dominadas pelos estigmas esquizofrênicos.
Mas o certo é que os psiquiatras comumente ignoram que muitos desses estigmas ultrapassam
os limites do berço físico, pois têm suas origens principais no passado
longínquo. Quantas
vezes o tipo popular de rua não passa da reprodução viva do reflexo doentio do
passado, quando o seu espírito perturbou-se pela sagacidade intelectual, pelo
excesso de riqueza, pelo abuso do mando ou devido a qualquer privilégio
aristocrático!
A
humanidade pouco sabe ainda do poder criador ou destruidor que se encerra na simples
emissão de um pensamento e que, agrupando as energias dispersas e emitidas por outras
mentes que funcionam na mesma faixa vibratória, pode ser arregimentado para os objetivos
mais perigosos. As "formas pensamento" que se plasmam continuamente
nos centros cerebrais produzem substâncias imponderáveis para a rudeza dos
sentidos físicos, mas grandemente influenciáveis no sistema nervoso e
endocrínico, podendo tanto acelerar como retardar a produção de hormônios do
sistema glandular. É
de senso comum que a glândula tireoide é de grande importância no desenvolvimento
somático do indivíduo e na sua manifestação psíquica no mundo; o seu simples
aceleramento fisiológico basta para que se produzam certas alterações no rosto,
como, por exemplo, os olhos esbugalhados e a fisionomia angustiada, roubando a
serenidade habitual da expressão humana. Embora se procure verificar
cientificamente o roteiro carnal que compõe ou altera a fisionomia, o certo é
que esta se plasma vigorosamente influenciada pelas energias psíquicas, que
atuam nos sistemas responsáveis pela sua exteriorização objetiva, como os
hormônios, por exemplo, que, influindo na circulação, aceleram ou reduzem os
movimentos musculares e ajustam as coletividades celulares, dando a conformação
biológica.
É
indiscutível a profunda diferença entre um rosto humano de semblante sereno e convidativo
e o de outra pessoa que vive num ritmo de sofrimento atroz ou que tem os olhos esbugalhados
e a palidez cadavérica, devido a um acontecimento assustador! Notai que os
extremos fisionómicos, da alegria e da dor, que em alguns segundos podem se
mostrar na mesma criatura, parecem retratar dois indivíduos completamente
diferentes entre si! O homem pessimista, letárgico ou hipocondríaco sente
dificuldade até para rir, pois é de catadura conventual e aspecto desanimador,
capaz até de perturbar o sorriso da criança! No entanto, aquele que vibra sob o
júbilo das atividades construtivas e busca os bens superiores, aceitando a vida
humana como um ensejo educativo de libertação espiritual, imprime no seu rosto
um cunho estimulante e de simpatia, que a própria velhice custa a roubar das
faces! Que
é isso tudo senão o resultado do próprio modo de a criatura pensar e viver as
suas emoções em contato com o mundo? Embora seja o mecanismo funcional do corpo físico o que
modifica a expressão da fisionomia humana, através das operações seletivas dos
seus sistemas orgânicos, é a mente que plasma no rosto aquilo que a alma
cultiva e extravasa entre as fronteiras do seu psiquismo. O rosto apenas
reflete para a luz do mundo material aquilo que a alma já configurou com
prioridade no seu mundo astral e mental. Por isso é que encontrareis do lado de
cá profundos estigmas animalescos no espirito desencarnado, pois a sua forma,
tendo sido violentada pelo bombardeio das forças mentais perniciosas, deformou se
nas suas tradicionais linhas de forças magnéticas e coordenadoras da
configuração humana.
O
homem que chafurda continuamente no charco das paixões inferiores faz reviver em
si mesmo os velhos estigmas da sua animalidade ancestral e, conforme o tipo da
paixão que cultuar mais desbragadamente, também provocará em si mesmo um
desenvolvimento enfermiço da configuração do animal que mais vivamente
reproduza aquele tipo de paixão. Daí
o motivo porque ser-vos-á possível encontrar no mundo astral glutões de olhos miúdos,
encravados num rosto afunilado e de narinas achatadas, com forte estigma suíno;
espíritos avaros, de olhos cúpidos e rosto adunco, de mãos e pés crispados como
garras, perfeitamente comparáveis à ostensiva figura do abutre; ou então
criminosos vorazes e cruéis, com a fisionomia alongada e orelhas pontiagudas ao
lado de olhos de aço, que se movem felinamente como o lobo à espreita da
vítima!
Do livro: “A Sobrevivência do Espírito” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento
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