Há um psiquismo acumulado e latente no organismo físico, que é a
soma de todo o esforço de adaptação ao meio por parte da espécie animal; o
corpo humano mais se assemelha a um "coquetel" composto com um pouco
do psiquismo coordenado de cada espécie animal, que tem servido na esteira do
tempo para formar o automatismo da vida instintiva e ligar o feto à matriz
uterina. Nessa hora do encontro do espírito com a carne, o homem e a mulher,
configurando dois campos magnéticos opostos, transmutam energias vindas do Alto
e forças criadoras do mundo instintivo, dosadas pela psique animal, as quais fazem
o seu misterioso enlace na zona do "plexo abdominal", que é o exato
limiar controlador dos automatismos criadores.
O
corpo humano é um vaso vivo de energias milenárias, colocadas ao serviço do espírito
encarnado, mas que reagem à sua atuação e tentam impor os seus valores
instintivos caldeados no pretérito. O espírito tanto pode se tornar um
comandante vigoroso e emancipado, capaz de controlar o seu exército de
entidades microscópicas, como também se transformar num infeliz farrapo
psíquico, arrastado sob o império dos estigmas do atavismo animal. E se não
houvesse essa reação incessante, a matéria perderia a sua razão de existir e a sua
utilidade pedagógica pois, na falta do inferior para acicatar o superior, é
óbvio que ocorreria a estagnação espiritual. Graças a esse entretenimento
milenário é que se desenvolve o
raciocínio e se apura a consciência espiritual da alma encarnada. O espírito, o
perispírito e o corpo terminam formando uma só entidade nesse aspecto trifásico:
o pensamento, a energia e a matéria. Daí os motivos por que ainda perduram na ação
perispirítica do corpo físico os velhos estigmas das paixões animais, como
produto resultante dos períodos de formação da carne e da organização humana. O
corpo pode ser comparado ao positivo da fotografia; revela à luz exterior o
conteúdo exato do negativo psíquico; mas é necessário convir em que, para a
revelação perfeita do seu conteúdo, também precisam existir ingredientes
químicos e apropriados para a materialização do psiquismo na tela física.
E
são os impulsos da ancestralidade animal que representam o
"revelador" químico com que a alma reproduz, no corpo físico, o seu
conteúdo psíquico, para depois retificá-lo no frenamento compulsório pelas
rédeas da vida física.
Do livro: “A Sobrevivência do Espírito” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.