PERGUNTA:
Poderemos
supor que os emigrados da Terra hão de adaptar-se rapidamente ao novo ambiente
do exílio?
RAMATÍS: Sob a
força intuitiva e a recordação subjetiva, eles criarão sistemas de vida
favoráveis aos habitantes de lá, pois, embora nascendo na forma hirsuta e
primitiva, estarão latentes na sua memória etérica todas as realizações conhecidas
na Terra. A princípio, ante a coação de corpos tão rudes e animalizados, olvidarão
a realidade da vida vivida no vosso orbe mas, no futuro, em certas horas de
nostalgia espiritual, sentir-se-ão como estranhos no planeta, recompondo outra lenda
parecida com a de Adão e Eva enxotados do Paraíso, por haverem abusado da "árvore
da ciência do Bem e do Mal". E sob a mesma índole do que já se registrou na
Terra, também surgirá no astro-exílio uma versão nova dos "Anjos
Decaídos", rebeldes à Luz Divina, formando a génese daquele planeta
inferior. E abrir-se-á outra vez o extenso caminho da alegoria religiosa e dos
indefectíveis dogmas, a oprimirem no futuro os primeiros agrupamentos
religiosos do astro-exílio! E, antes
que pergunteis, já vos iremos dizendo que as lendas se repetirão ali devido à
saudade do mundo terrestre perdido, cujo conforto, como conquista da vossa
ciência, há de vibrar na mente evocativa dos exilados, na figura de bens deixados
em um Paraíso! E, apesar das sucessivas descobertas, adaptações, e do progresso
natural do meio, predominará no âmago de cada exilado a ideia de se encontrar
num mundo infernal, onde é obrigado a "comer o pão com o suor do seu rosto"!
Inegavelmente, repetir-se-ão no planeta-exílio os mesmos temas já vividos por
aqueles alunos reprovados na Terra, que estará sendo promovida, então, à função
educativa de Academia, no terceiro milênio.