Sabedoria Ramatis

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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A lição de Pai Tomé - I parte





Nos atendimentos apométricos, muitas surpresas se reservam a nós. Enganam-se os trabalhadores que pensam ser suficiente decorar as leis da apometria e realizar o trabalho com amor. Constantemente os benfeitores espirituais nos apresentam situações diante das quais percebemos a grandiosidade dessa técnica, que, aliada ao Evangelho de Jesus, nos torna não somente instrumentos curadores, mas também magos manipuladores e transformadores de energias; situações estas que nos fazem perceber nossa pequenez diante da grandiosidade do Universo e desses comandantes que nos regem espiritualmente. Todos os dias, sob todos os aspectos, temos tudo a aprender, consolidando a realidade de que estar encarnado neste abençoado planeta-escola é uma oportunidade que não podemos desdenhar.
Naquela noite, após o atendimento normal da agenda, apresentou-se a nós um espírito pedindo oportunidade para nos contar sua história. Ele estava acompanhado por um preto velho, que já conhecíamos, pois era trabalhador da casa. Pelo cordão brilhante que saía de sua nuca, deduzimos tratar-se de um ser encarnado em desdobramento do sono, o que imediatamente suscitou dúvidas em nossa mente acostumada a tudo interrogar: "Como poderia alguém encarnado estar presente, se não havíamos solicitado pelos costumeiros 'pulsos energéticos' seu desdobramento?". Captando a dúvida, o bondoso preto velho nos assegurou que ele não estava ali para atendimento, e sim sob sua tutela para levar aprendizado. Ligado ao médium, nosso amigo iniciou sua narrativa:
Encarcerado dentro de um corpo frágil e adoentado, além da idiotia que me acomete no físico, sou uma espécie diferente aos olhos dos que passam pela rua e me vêem sentado na porta de minha casa. "Coitado! Seria melhor morrer", é comum ouvir essa frase. Ou, então, a mãe, passando com o filho ligado a ela pela mão, naturalmente manifesta: 'Meu filho, se você não obedecer, vou te entregar para aquele homem feio'. Outras vezes, mulheres grávidas evitam me olhar para que seus bebês, que foram projetados perfeitos e saudáveis, não venham a ser iguais a mim, uma bestialidade humana. Minha consciência mais profunda está recebendo e percebendo tudo isso; porém, presa dentro da cela que eu mesmo criei no passado, não pode reagir. Se sofro com isso hoje? É inevitável. Se me revolto? Não, a minha consciência sabe que é um mal necessário. Nas poucas vezes em que me é permitido "voar" para longe deste corpo, eu já tenho caminho traçado. Vou me refugiar. nos braços de Pai Tomé. Lá está ele, em sua humilde tenda, cantarolando ou assobiando, enquanto mexe em suas ervas. Negro velho mandingueiro sabe quando chego, sente minha presença e trata logo de sentar-se em seu toco, acender o pito e, com uma risada gostosa, inicia a doutrinação. Conversamos por horas a fio e saio de lá me sentindo gente, apesar de tudo. Não sei quando foi a primeira vez que o visitei. Acho que na noite em que minha mãe foi àquele centro de umbanda, desesperada, pois achou que daquela vez a convulsão iria me matar. Ele estava lá, incorporado em outra pessoa, e deu-me seu "endereço". Hoje, a cada visita que meu espírito faz ao bom negro velho, algo se modifica em meu corpo físico. Já consegui deixar de babar constantemente, melhorando assim meu aspecto. Até já sou capaz de chorar, sem fazer aquele grunhido horrível, vejam só! Tudo por conta das mandingas de Pai Tomé, que, por saber de minha verdadeira história, me auxilia com muito amor.

Do livro: “A Missão Da Umbanda” Ramatís/Norberto Peixoto - Editora do Conhecimento.

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