PERGUNTA:
Entre um médium vidente intuitivo, que
não "vê" propriamente os espíritos, mas apenas lhes recebe as impressões
através da mente ou do perispírito, pressentindo-lhes os contornos, as vestes e
a fisionomia, e outro cuja faculdade mediúnica permite-lhe ver diretamente no
mundo astral, qual dos dois medianeiros é o mais eficiente, exato e seguro?
RAMATÍS:
Desnecessário é
dizer-vos que não são os olhos carnais que veem os fenômenos da vida do
"lado de cá", mas na realidade é o espírito que vê por dupla vista, por
cujo motivo os médiuns videntes tanto veem com os olhos abertos como fechados, donde
se conclui, conforme explica Allan Kardec, que o cego pode ver os espíritos'.
Como
o corpo físico e o sistema nervoso são o prolongamento vivo, enfim, o revelador
de suas ideias e concepções para o mundo material, o êxito técnico da vidência indireta
mental, ou astralina direta, depende principalmente da maior ou menor
sensibilidade psíquica da criatura. No entanto, a sua segurança, exatidão e
proveito, apesar disso, subordinam-se muitíssimo à graduação moral e espiritual
do ser.
Muitos videntes famosos e dotados
da dupla-vista focalizável diretamente no mundo astral não foram espíritos
benfeitores, e o seu desenvolvimento mental, invulgar, não se harmonizava com
os seus sentimentos inferiores a serviço do mal.
Em
qualquer manifestação mediúnica, é mais importante verificar-se a índole e a moral
do médium, pois se ele é criatura viciada ou inescrupulosa, também vive ligado
aos espíritos desencarnados da mesma estirpe espiritual inferior, por cujo
motivo as suas revelações não possuem o mérito e as revelações espirituais
proveitosas. Os espíritos das sombras vivem à espreita daqueles que podem
oferecer-lhes a oportunidade da "ponte viva" mediúnica, ligando-os
novamente com o mundo físico para desfrutarem as sensações torpes de que foram
tolhidos pela perda do corpo carnal.
PERGUNTA:
Podeis nos dar algum exemplo de um médium de vidência astral incomum, mas
subvertido quanto aos seus objetivos pessoais?
RAMATIS:
Um dos
exemplos mais convincentes é o caso de Rasputin, que, além de possuir outros
poderes ocultos extraordinários, visualizava diretamente o mundo astral e
entendia-se com os gênios das sombras. No entanto, ele aplicava para fins
criminosos e inconfessáveis toda a fenomenologia mediúnica de que dispunha, sob
o concurso da inspiração do Mal.
Assim,
é bem mais útil e seguro o médium de vidência intuitiva que, por sua moral superior
e os propósitos benfeitores que assumiu, permanece incessantemente ligado às entidades
sublimes, pois, embora o seja indiretamente, ele vê somente aquilo que é
sensato e proveitoso.
É de pouca valia o médium de visão astralina avançada que, por viver na companhia
dos espíritos diabólicos, faz relatos funestos, prediz perturbações e deforma a
realidade espiritual, transformando sua faculdade em banca de negócio ou motivo
de sensações inferiores.
Os
espíritos delinqüentes e malfeitores procuram ligar-se aos videntes
excepcionais mas de moral duvidosa, a fim de interferirem em suas faculdades e
levá-los ao ridículo, às sandices ou atiçar a intriga e a desconfiança entre os
seus companheiros. O seu intuito é o de afastá-los o mais cedo possível dos
ambientes moralizados e assim neutralizar lhes a vidência esclarecedora, de
ajuda, na seara espírita. É por isso que certos videntes que vivem sob a ação
desses espíritos mistificadores revelam quadros tolos, fatigantes e exóticos,
que lançam a dúvida, despertam o riso ou semeiam a confusão entre os
circunstantes.
Os espíritos maquiavélicos tudo
fazem para baixar o tom de segurança e sensatez dos ambientes espíritas, e
tentam anarquizá-los pelas revelações frívolas ou contraditórias, que nada têm
a ver com a doutrina ou com os objetivos sérios do trabalho. Tanto pela
psicofonia como pela vidência, eles fazem descrições ocas e extensas, acumulam
detalhes inúteis e cansativos aos presentes, misturando propositadamente as
idéias ridículas e justificando as superstições, quando podem atuar pelos
médiuns ingênuos, ignorantes ou de sentimentos censuráveis. E
se dispuserem de medianeiro exaltado, exibicionista ou envaidecido pelas
competições de oratória mediúnica, então essas entidades das sombras falseiam a
realidade do Além e chegam a abalar as convicções dos neófitos espíritas.
O
médium, pois, vidente, intuitivo ou de vista-dupla direta, antes de se
preocupar com o êxito técnico e o poder descritivo de sua faculdade, deve
primeiramente evangelizar-se, a fim de assegurar o teor verídico e o sentindo
benfeitor daquilo que "vê" ou "sente" no limiar do mundo
invisível dos espíritos desencarnados.
Do livro: “Mediunismo”
Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento
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