Mediunidade e loucura:
PERGUNTA: Poderíeis explicar-nos melhor esse
assunto?
RAMATÍS: Sabeis que os ascendentes biológicos hereditários da carne conservam em sua
intimidade, em estado latente, os germes de taras, vícios, estigmas e enfermidades
como a sífilis, morféia ou tuberculose, inclusive os reflexos das alienações mentais
sofridas pela geração ancestral. No conteúdo sanguíneo do homem permanecem os vírus
morbígenos de sua linhagem hereditária; e quando se apresentam condições eletivas,
eles proliferam além de sua quota normal ou inofensiva, podendo ferir o sistema
neurocerebral.
Durante os estados de debilidade orgânica muito acentuada
e ainda agravados pelo bombardeio incessante das paixões violentas, como ódio,
ciúme, inveja, raiva, perversidade e outras emoções indisciplinadas, o homem também
desenvolve em si um clima "psicofísico" negativo, que facilita o
desenvolvimento de certas coletividades microbianas patogênicas já existentes
na sua intimidade sanguínea. Portanto, a
loucura não é propriamente fruto do exercício da faculdade mediúnica, mas
sim uma conseqüência da predisposição mórbida do tipo orgânico do próprio
homem.
Quer ele seja médium ou não, também poderá enlouquecer,
desde que ultrapasse o limite de sua resistência biológica, quaisquer que sejam
as causas. Embora se trate de um compositor, matemático, pintor,
filósofo, escritor ou líder religioso, desde que atue além do limite de sua
resistência psicofísica, pode se tornar um alienado mental. Há gênios que
findaram sua existência transformados em paranóicos,
esquizofrênicos e até psicóticos furiosos. Cellini,
depois de gravar no metal as imagens dinâmicas da própria vida, apunhalava os
transeuntes, à noite, de tocaia; Dostoievski sofria de ataques epiléticos; Maupassant,
num acesso de loucura, cortou a garganta e morreu mais tarde, indiferente a
tudo; Nietzsche, durante dez anos, perambulou pelos asilos de alienados; Van
Gogh cortou as orelhas, num momento de insânia, e as enviou de presente à amada,
findando sua vida terrena com um tiro no corpo; Schumann, notável compositor, atira-se
ao Reno, é salvo pelos amigos e internado num hospício, onde acabou seus dias.
Edgard Allan Poe sucumbe arrasado pelo álcool e tendo
visões infernais. No entanto, isso aconteceu sem que eles fossem médiuns
espíritas, mas sim, por exercerem atividades tensas e de emotividade contínua,
as quais, superexcitando-lhes o íntimo da alma, terminaram por afetar-lhes o
equilíbrio dos órgãos cerebrais. Desgovernaram-se pelo excesso de elucubrações mentais quanto aos problemas complexos da
ciência ou da arte superior que lhes empolgava o espírito. A agudeza, a
vivacidade que os dominava para expressar as suas emoções, terminaram por
destruir-lhes a saúde e prejudicar o intercâmbio pacífico com o mundo oculto.
Contudo, é evidente que o gênio não se lhes extinguiu na alma imortal. Essa centelha
divina, após a morte física, retomou ao seu equilíbrio, pois os conhecimentos adquiridos,
com vista a um ideal superior, jamais se perdem, pois são um patrimônio do próprio
espírito.
Do livro: “Elucidações
Do Além” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento
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