Sabedoria Ramatis

Sabedoria Ramatis

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

SEXO E PROCRIAÇÃO



Pergunta:  Que pode acontecer às pessoas celibatárias, que recusam deliberadamente de casar e cumprir o mandamento do "Crescei e multiplicai-vos", mas contemporizam o seu desejo sexual, alhures?



Ramatís: Toda infração ao curso da Lei gera punição dentro do próprio reajuste de equilíbrio entre os pólos opostos! O homem deliberadamente solteiro só agrava a sua situação num mundo egotista e impiedoso como ainda é a Terra! Ele é o candidato infalível à solidão por falta de afetos sinceros e íntimos, sem lar, esposa, filhos, netos ou demais parentes da descendência que o indenizarão nos últimos anos de vida! Considerado um marginal na esfera dos "casados", a sua presença é sub-repticiamente aceita com desconfiança, pois nada tem a perder no campo da relação sexual! O solteiro, em geral, vive exclusivamente para o seu próprio bem; não divide o seu afeto com uma esposa, não enfrenta problemas nevrálgicos de um chefe de casa e só tem uma preocupação: cuidar de si! Mas atinge a velhice quase como um indesejável, alguém que se furtou de cooperar na vida tão aflitiva dos demais parentes e companheiros! Comumente, semeia sentimentos de frustrações nos próprios progenitores que o geraram, os quais lamentam, no silêncio da alma, o filho ou a filha que lhes negou a continuidade na figura inquieta, vivíssima e rebelde dos netos!



Pergunta:  Mas é justificável o sofrimento da mulher que procria filhos incessantemente por culpa de maridos puritanos, fanáticos religiosos ou adeptos da gestação ininterrupta?



Ramatís:  Em face da equanimidade da Lei do Carma, que pesa na balança divina todos os nossos pensamentos, atos e sentimentos, teremos de indenizar os prejuízos ocasionados a quem quer que seja! Assim, muitas esposas, unidas a um esposo obstinado e obrigada a procriar filhos a granel, apenas colhe os efeitos cármicos que infringiu no pretérito! Através de sacrificial e incessante procriação, essa mulher indeniza os prejuízos causados em vidas anteriores, quando frustrou o renascimento de alguns espíritos desesperados pela vida física, ou, talvez, abandonou os próprios filhos no mundo implacável!

É o seu Carma culposo que a vincula a um marido obstinado ou fanático religioso, que não lhe dá descanso procriativo, pois doutra forma ela teria casado com outro homem menos sexual e fértil! Daí os paradoxos, quando nascem gêmeos, trigêmeos e até quadrigêmeos, em famílias já oneradas por uma prole numerosa, porém em débito procriativo de vidas passadas!

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

“FOGO SELVAGEM” E SUA RELAÇÃO COM O SUICÍDIO PELO FOGO


Pergunta:  A fim de melhor entendermos as vossas considerações sobre o suicídio pelo fogo, com a sua conseqüente prova cármica no futuro, podeis nos dizer algo sobre a natureza do pênfigo foliáceo e a sua relação com o suicídio pelo fogo?



Ramatís: O pênfigo foliáceo ou, popularmente, o "fogo selvagem", apresenta toda semelhança com as queimaduras graves que uma criatura tenha sofrido. Manifesta-se por uma dermatose caracterizada por bolhas avermelhadas, com serosidade, que de princípio lembram as bexigas e as necroses conseqüentes das grandes queimaduras; mais tarde essas bolhas transformam-se em chagas que exalam mau cheiro, deixando as criaturas em carne viva e com dores atrozes.

A vertência tóxica do psiquismo enfermo é muito acelerada, e por isso se traduz em vida torturada, para o cumprimento do legado cármico da criatura. Comumente, os flagelados pelo pênfigo morrem reduzidos no tamanho dos seus corpos, com características semelhantes às das pessoas que hajam sido carbonizadas.

Existem zonas geográficas, no vosso orbe, que servem de verdadeiros pontos de concentração apropriados para ali se juntarem, com preferência, os infelizes encarnados que se suicidaram pelo fogo na vida anterior. Os prepostos siderais os reúnem nesse infortúnio imprescindível a fim de que melhor se auxiliem pelo mútuo apoio fraterno e pela conformação trazida pelo fato de ser uma provação coletiva. Principalmente a África, Ruanda no Congo Belga e Mato Grosso no vosso país, são pontos catalogados na psicoterapia do Espaço como "zonas eletivas" de astral "apropriado que melhor favorece a afluência das toxinas etéricas à periferia do corpo carnal, procedentes das contrapartes fluídicas, portadoras ainda dos efeitos da comburência do corpo anterior destruído pelo fogo.

Uma das provas da grande relação ou afinidade astral do pênfigo foliáceo para com o suicídio pelo fogo está na terapêutica atualmente empregada para minorar esse mal através do pincelamento com alcatrão no corpo chagado, pois esta substância, de acordo com a lei de que "os semelhantes atraem os semelhantes", é um produto também comburente obtido através do aquecimento da madeira ou da hulha. Como os doentes do pênfigo também apresentam a anemia característica das pessoas que são queimadas pelo fogo ou produtos corrosivos, é preciso que, antes de serem tratadas pelo alcatrão, sejam fortalecidas por medicação vitaminosa e de grande revigoramento hepático. Conforme é do conhecimento comum, o alcatrão de hulha contém compostos como fenol, naftalina, benzeno, antraceno e outros, enquanto o alcatrão de madeira, além de conter óleos combustíveis, creosoto e substitutos da gasolina, serve para conservar as madeiras contra a putrefação. Como o perispírito se constitui de inúmeras substâncias astralinas, que têm certa analogia científica com os mesmos produtos físicos e químicos do vosso mundo, sendo em verdade as contrapartes etéricas desses corpos materiais por vós conhecidos, no suicídio pelo fogo tanto se queimam aquelas substâncias astrais - pela combustão no perispírito submetido ao fogo etérico - como ainda surge grande quantidade de combinações e toxicoses que, depois, precisam ser expelidas da delicada vestimenta etéreo-astral.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O SUICÍDIO E SUAS CONSEQUÊNCIAS CÁRMICAS.



Pergunta:  Supondo-se que alguns encarnados que se suicidaram no passado se rebelam em futuras encarnações contra as novas provas dolorosas de retificações espirituais e resolvam suicidar-se novamente, quais serão os recursos empregados pelo mentores espirituais, a fim de que esses infelizes irmãos não possam fugir às provas redentoras?

Ramatís:  Não é preciso que os prepostos espirituais criem situações propositadamente punitivas para que esses espíritos rebeldes não fujam de suas provas, pois eles mesmos criam suas condições expiatórias quando avançam em demasia na sua revolta e ficam manietados aos resultados de suas próprias ações.  Assim como o trovão desfere o raio, que carboniza as substâncias na atmosfera carregada de eletricidade, os espíritos revoltados também produzem venenos mentais e astrais violentos, que os vitimam sob terrível intoxicação e os debilitam, minando-lhes até o senso psíquico de coordenação mental. Sobrecarregam-se de corrosivos produzidos pela mente em rebeldia, como produtos da cólera, da raiva ou do ódio, e que na lei de correspondência vibratória se condensam e incrustam na superfície delicada do perispírito, tornando-o terrivelmente enfermo. 
Durante a reencarnação, o perispírito é obrigado a reduzir-se até se encaixar perfeitamente na forma fetal que se encontra em gestação no corpo feminino para, então, despertando aos poucos, desenvolver-se aglutinando os novos elementos biológicos da linhagem hereditária a que se encontra ligado e que hão de constituir-se no seu novo corpo carnal. À medida que vai crescendo o embrião no ventre materno, o perispírito vai se libertando gradativamente de sua carga astral venenosa, que se transfere para o organismo tenro em formação, para mais tarde surgir a mesma enfermidade em toda a sua eclosão perniciosa. Em certos casos, o encarnante drena com demasiada violência o conteúdo tóxico do seu perispírito para o novo corpo físico, ainda em vida uterina, resultando que, ao nascer, já se apresenta com terrível lesão, enfermidade ou estigmas congênitos. Em verdade o corpo carnal é a materialização completa do perispírito na matriz uterina, e se plasma sob o princípio atualmente esposado pela ciência, de que a matéria é energia condensada. Deste modo, todas as forças envenenadas do psiquismo doentio, que se geraram pela rebeldia, cólera, irascibilidade ou fúria suicida, baixam vibratoriamente durante a acomodação do perispírito no órgão etérico da gestante e, à medida que vai se constituindo o novo corpo, também absorve os venenos da veste perispiritual do encarnante. A carga tóxica transfere-se desta última para o corpo tenro, que depois será, então, um instrumento de sofrimentos e dificuldades para o seu próprio dono, vítima de suas tropelias e invigilâncias pretéritas. Então o indivíduo poderá nascer com o corpo coberto de chagas incuráveis, lesado no sistema circulatório, nervoso ou linfático, ou enfermo de outros órgãos vitais do corpo. Em certos casos, as perturbações nos plexos nervosos ou na zona cerebral são as responsáveis por angustiosas paralisias, quadros mórbidos de alucinações vividas no astral inferior, ou ainda pelos estados confrangedores da epilepsia. Justifica-se, então, a existência dessa tenebrosa caravana de criaturas teratológicas, imbecilizadas ou portadoras das mais aberrativas atrofias, que expõem os seus molambos de carne pelas ruas das cidades ou se arrastam grotescamente como inquilinos torturados de um mundo infernal, e em ânsias frementes de viver! São infelizes almas que há muito tempo vêm se estertorando no resgate dos mais trágicos desatinos do passado ou, então, inveterados suicidas que fugiram da vida esfrangalhados sob veículos ou por quedas desesperadas, carbonizados pelo fogo, envenenados pelos corrosivos ou aniquilados pelas armas de fogo ou pelos punhais. A Lei Cármica então os manietou aos resultados dos próprios tóxicos e lesões perispirituais que em momentos de vingança geraram contra os princípios harmônicos da vida humana. Em conseqüência, aqueles que se suicidaram em uma encarnação e que, em novo ato de rebeldia, se trucidam em reencarnações retificadoras, são apanhados pelo próprio cientificismo regulador da Vida e agravam, ainda mais, as suas situações dantescas. O Carma os enlaça novamente e eles retomam ao mundo físico amordaçados aos próprios ergástulos de carne; muitas vezes renascem imbecilizados e com fugidio sopro de consciência flutuando sobre o vigoroso instinto de vida animal, que então se encarrega de impedir-lhes a coordenação psíquica para efetuarem qualquer novo ato de suicídio.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

“FILA DE ESPÍRITOS CANDIDATOS À REENCARNAÇÃO NA TERRA.”




A Terra é uma escola de educação espiritual, um curso primário que abrange o período de 28.000 anos do calendário terreno, para a necessária alfabetização dos seus alunos. O corpo carnal significa o banco escolar, que o espírito se utiliza para frequentar esse curso físico terreno, enquanto o maior número de corpos gerados aumenta as probabilidades para a admissão de novos alunos.
Além dos bilhões de espíritos, que atualmente freqüentam a escola terrena compondo a sua humanidade atual, ainda existe, no Espaço, em torno da Terra, uma carga espiritual de 20 bilhões de almas desencarnadas. Dez bilhões desses espíritos ainda podem permanecer equilibrados e tranqüilos, no Espaço, alguns quinhentos anos, outros mil ou mais, sem aflições ou necessidade de breve reencarne físico. Os outros dez bilhões, no entanto, precisam de renascimento imediato, pois são entidades cuja capacidade vibratória já se exauriu no ambiente sideral e as tornam desajustadas ou frustradas na freqüência superior do mundo espiritual. Esses espíritos, em sua maioria, sentem-se desesperados, melancólicos e infelizes, embora usufruindo de panoramas e condições agradabilíssimas, tal é a sua saturação emotiva e esgotamento psíquico. Embora pareça um paradoxo ou excentricidade, eles trocariam imediatamente o ambiente de venturas pelo prazer das emoções grosseiras no mundo carnal. Lembram o bugre, que em vez das atrações ruidosas e o encanto das metrópoles festivas, ele prefere voltar para a floresta anti-higiênica e selvática, e o caboclo, que não troca a sua modinha caipira pela majestosa sinfonia "Coral" de Beethoven. O mundo carnal ainda exerce forte atração nesse tipo de espíritos primários e demasiadamente condicionados aos prazeres e sensações físicas, que não puderam libertar-se em vidas anteriores. São algo como os macacos, que não trocam a mata e as bananas pela calda de pêssegos em pratos dourados!

terça-feira, 24 de novembro de 2015

“O QUE ESTÁ EM CIMA FICARÁ EM BAIXO, E O QUE ESTÁ EM BAIXO FICARÁ EM CIMA”



É o momento em que os costumes, as convenções e as tradições comuns, que demarcam o pudor e a honestidade, se inverterão, sendo levados à conta de concepções obsoletas e de preconceitos tolos, diante da pseudo-emancipação do século. Sob rótulos pitorescos e terminologias brilhantes, as maiores discrepâncias de ordem moral são aceitas como libertação filosófica ou nova compreensão da vida!
Para os realistas do século atômico, emancipação significa libertação do instinto inferior, com o cortejo de sensações animais, que se disfarçam sob o fascínio do traje e dos cenários da civilização moderna. Multiplicam-se então os antros do prazer fescenino e do jogo aviltante; proliferam as indústrias alcoólicas; desbraga-se a carne moça recém-saída da escola primária; proliferam os costureiros especialistas em ressaltar os contornos anatómicos femininos; enriquecem-se os fotógrafos dos ângulos lascivos da mulher; rompem-se os laços íntimos da família no conflito dos bens herdados; os desgraçados sofrem fome na vizinhança dos banquetes aristocráticos do caviar ou do faisão importado; as mulheres pobres tremem de frio diante dos casacos de pele de elevadíssimo preço, ostentados por mulheres sobrecarregadas de jóias raras!
Pouco a pouco odeia-se o trabalho, pois a fortuna se consegue mais facilmente a golpes de desonestidade; desconfia-se da religião, porque os seus instrutores fazem do templo uma casa de negócio e o contato com os ricos lhes rouba o tempo para atender ao pobre!

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O AMBIENTE MORAL DAS CIDADES INFERIORES.





PERGUNTA:  Poderíeis descrever-nos o ambiente moral das cidades que estiveram sob o domínio da Besta, como Babilônia, Sodoma, Gomorra e outras?

RAMATÍS:  Essas e outras cidades destruídas pelo fogo vulcânico, pelos terremotos, ou purificadas de outro modo em seus ambientes contaminados, foram miniaturas bestiais do que serão os próximos acontecimentos gerais a se desenrolarem na Terra. Suas populações já haviam perdido o mínimo senso possível de moral; pairava sobre elas, continuamente, um convite para o sensualismo e o gosto pervertido. A inquietação sexual era constante, e raros eram os que podiam controlar a imaginação superexcitada e dominar as forças inferiores do instinto do animal em cio! Só aqueles que viviam consagrados ao intercâmbio com os valores espirituais do Alto é que podiam escapar ao rompimento dos laços morais da época.

domingo, 22 de novembro de 2015

A CRIATURA E O CRIADOR...



UMBANDA



MEMÓRIA ASTRAL E MEMÓRIA DO CÉREBRO CARNAL





Pergunta:  Quando o espírito volta para o corpo físico, não deveria a sua memória astral conjugar-se automaticamente à memória do cérebro carnal?

Ramatís:  Aquilo que é visto e vivido pelo cérebro físico transforma-se em conhecimentos definitivos para o espírito, visto que este sempre se encontra presente a todos os acontecimentos em ambos os mundos, o material e o astral; mas aquilo que o espírito só percebe ou de que participa quando em liberdade no astral, não pode ser registrado no cérebro físico, pela simples razão de que se mantém ausente. Deste modo, é muito difícil ao espírito, quando encarnado, recordar com clareza as suas saídas astrais, ou então evocar acontecimentos que só foram vividos noutras existências anteriores, pois embora tudo isso esteja realmente gravado no cérebro do perispírito imortal, continua a ser da mais completa ignorância do cérebro físico de cada nova encarnação.
Uma vez que o cérebro carnal não pode perceber acontecimentos que, durante a noite, são presenciados unicamente pelo perispírito, ou que se registraram em outras encarnações e só foram observados por outros cérebros já "falecidos", é evidente que também não poderá recordá-los através de nova consciência gerada no mundo físico e completamente alheia ao pretérito! Se não podeis transportar para o cérebro físico, em cada nova encarnação, a lembrança dos acontecimentos gravados exclusivamente no cérebro do perispírito imortal, é natural que, durante a nova existência carnal, também não possais recordar o passado, salvo por efeito de aguçada sensibilidade psíquica ou através de alguma experiência psíquica incomum, como no caso da hipnose.

FÉ – O DETONADOR PSÍQUICO




PERGUNTA:  Voltando a tratar do asseio corporal e do melhor aspecto dos médiuns em suas tarefas mediúnicas de passes ou fluidificação de água, lembramo-nos de alguns curandeiros, que se tornaram célebres pelos seus tratamentos e curas impressionantes, mas foram homens de aspecto desleixado e sem qualquer princípio de higiene corporal. Que dizeis?

RAMATÍS:  A fé que, em certos casos, os enfermos depositam sinceramente nos seus curandeiros hirsutos e desasseados é, justamente, o detonador psíquico que lhes desata as próprias forças vitais latentes, desentorpece-lhes os músculos atrofiados ou renovalhes os tecidos enfermos, assim como a corrente elétrica ativa as funções das células nervosas na conhecida neuroterapia dos "choques elétricos". É desse modo que se processam as curas de Fátima, de Lourdes, e os milagres das promessas ao Senhor do Bonfim, de Iguape, a Nossa Senhora da Penha, de Guadalupe ou do Rocio, inclusive nos tradicionais lugares santos, imagens que choram e as estampas que piscam ou se movem. 
Assim é que, diante das estátuas, das imagens mudas ou nos lugares santos e miraculosos, os aleijados abandonam as muletas, os cegos veem, os surdos tornam a ouvir e desaparecem as doenças mentais atrozes, embora os enfermos não tomem qualquer contacto direto com criaturas vivas. Eles alimentam em si mesmo o clima energético espiritual que os torna hipersensíveis e dinâmicos; ou então absorvem os fluidos curadores dos espíritos terapeutas que ali atuam em favor da saúde humana. Aliás, a verdadeira fonte oculta e sublime das energias curativas encontra-se na própria intimidade espiritual da criatura, restando-lhe apenas saber mobilizar essas forças através da vontade e da confiança incomuns para então ocorrer o sucesso terapêutico, que posteriormente é levado à conta de admirável milagre contrariando as próprias leis do mundo.  
Em consequência, desde que existem estampas, fontes de água, túmulos, imagens ou relíquias sagradas que podem servir de estímulo à fé humana e produzir as curas incomuns, por que, então, o curandeiro sujo e ignorante também não pode servir de alvo para essa mesma fé despertar as energias curativas do espírito imortal? Porventura o corpo físico, como um dos mais impressionantes reservatórios de forças criadoras, já não é um autêntico milagre da vida? A sua capacidade de gerar-se e desenvolver-se no ventre materno, em seguida vir à luz do mundo, crescer e consolidar-se como abençoado instrumento de trabalho e aperfeiçoamento do espírito é a prova mais evidente desse milagre estupendo da Natureza! 

ESTIGMAS HERDADOS



PERGUNTA:   Poderíeis dar-nos alguns exemplos desses estigmas, que se transmitem do perispírito para o corpo físico, em cada reencarnação?

RAMATÍS:  Alhures já dissemos que o corpo físico é a materialização do perispírito, com qualidades e defeitos que lhe são próprios; é uma espécie de "mata-borrão" vivo, que durante a existência humana absorve as toxinas da alma. Os estados de espírito em equívoco do homem em cada vivência carnal geram-lhe condições aflitivas ou mesmo trágicas nas existências futuras. Aliás, o pecado não é uma ofensa a Deus, mas ao próprio = pecador, em face da ação dos resíduos patológicos de natureza psíquica, que depois infelicitam pela sua natureza opressiva.
A crueldade, por exemplo, produz fluidos tóxicos tão corrosivos e aderentes à alma perversa, que ao descerem ou drenarem do perispírito para o corpo físico, na próxima existência, perturbam o metabolismo neuropsíquico e causam distúrbios mentais, tais como as paranóias, esquizofrenias, personalidades psicopáticas perversas. Daí o motivo por que existe uma periculosidade latente em todos estes casos, pois ele sente em si mesmo as erupções das maldades anteriores. As impotências e esterilidades, mais afins às áreas do sistema endocrínico, podem ser efeitos do excesso de luxúria em vidas pregressas; as paixões violentas e destrutivas conduzem futuramente à epilepsia, aos ataques convulsivos, cuja compensação medicamentosa é difícil e, às vezes, quase impossível, terminando na demência epiléptica.
Os avarentos retomam mendigos, e toda inteligência aplicada censuravelmente em proveito pessoal político, pecaminoso ou pilhagem alheia, produz futuramente as oligofrenias. A gula estigmatiza e deforma o sistema digestivo perispiritual, ocasionando futuros distúrbios digestivos. Os viciados em entorpecentes, no passado, como heroína, morfina, ópio, haxixe ou cocaína e, atualmente, em maconha, mescalina, psiroliscibina, DMT ou LSD, tanto quanto os que abusam da inteligência em desfavor alheio, sempre retomam à vida humana compondo a fauna triste e infeliz dos retardados mentais ou psicopatas, cujas faces embrutecidas traem o estigma e o torpor do vício pregresso. 15
15 - Nota do Médium - Vide conto esclarecedor sobre o assunto, da autoria de Irmão X, intitulado "Grande Cabeça", capítulo XXIII, da obra "Contos e Pontos", transmitido a Chico Xavier; idem, o conto reencarnacionista "Ergástulo de Carne", da obra "Semeando e Colhendo" ditada pelo espírito Atanagildo e sob o patrocínio de Ramatís.

“A CRIATURA CAMINHA PARA O CRIADOR”





PERGUNTA:  Como entender melhor esse axioma de caminhar para Deus, estando Deus em tudo?

RAMATÍS:  A criatura caminha para o Criador,  a Essência Incriada , purificando-se e libertando-se vibratoriamente da forma, assim como a libélula se afasta pouco a pouco da forma da lagarta repulsiva, para tomar uma forma superior.
A forma inferior é a vida no mundo material, da energia descida e condensada; é a figura criada; tem começo e tem fim, pois é provisória; significa a ilusão, o "maya" tão sugestivo dos orientais. Quanto mais o espírito se agarra à forma do mundo material, tanto mais longa é a sua ausência da intimidade com o Pai e, também, maior a distância de sua real felicidade. O máximo de ventura possível que o espírito pode usufruir na matéria é sempre uma constante decepção para ele porquanto, satisfeito o corpo emocional, o tédio toma conta da alma outra vez. Nunca ela poderá ser feliz repetindo as mesmas emoções ou apenas fazendo substituições que, de início, já trazem o sabor da futura desilusão.
Caminhar para Deus, portanto, é acelerar o campo vibratório do próprio espírito; é o incessante libertar-se das formas ilusórias; é evitar que a consciência menor crie raízes no mundo provisório, para mais breve sentir, então, a tangibilidade da Consciência Maior que a criou!

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

MEDIUNIDADE REPRIMIDA




PERGUNTA:  O que é mediunidade reprimida?
RAMATÍS: - É a mediunidade que está aflorada plenamente, mas não disciplinada. Muitas vezes o médium tem conhecimento do seu compromisso com a medi unidade, mas, infelizmente, por uma conduta escapista diante dos compromissos com o Além, integra uma parcela significativa de encarnados desequilibrados psiquicamente, com manias compulsivas, condutas anormais e estados alucinatórios. As capacidades mediúnicas ficam abertas, mas represadas, destituídas de educação e exercício continuado, o que leva o medianeiro a ser um rádio receptor manipulado por mãos que o "obrigarão" a sintonizar todas as estações a pleno volume, deixando-o extenuado e esgotado mentalmente pelo seu próprio descontrole.

DO LIVRO: “EVOLUÇÃO NO PLANETA AZUL” RAMATÍS e  VOVÓ MARIA CONGA/NORBERTO PEIXOTO – EDITORA DO CONHECIMENTO.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

ABORTO




PERGUNTA:  Muitas pessoas são defensoras do aborto, alegando não existir, nos primeiros meses de gestação, uma vida organizada; logo, se não existe uma vida disciplinada ou superior no ventre da mulher, não é delito a prática do aborto. Afirmam que, só depois de nascer a criança, há o aparecimento de uma personalidade para, depois, se desenvolver no decorrer da própria existência. Que dizeis?



RAMATÍS:  Nenhum julgamento científico, ou dos "entendidos", pode ser levado a sério, caso o seu autor desconheça essas três premissas fundamentais: vida imortal, Lei do Carma e Reencarnação. Qualquer opinião sem o conhecimento da vida real da individualidade imortal é absolutamente falsa, incoerente e sem fundamento plausível. Mesmo o dogma católico de que a alma do homem só se incorpora no corpo carnal na hora do nascimento é falho, porquanto existe vida e não se justifica o aborto do nascituro. Seria absurdo o fato de se gerar uma vestimenta de carne para uma alma, sem que ela mesma escolha o tipo da fazenda. Portanto, se a alma existe mesmo antes da formação do corpo carnal, obviamente, esse organismo é produto de um plano, ou esquema antecipado, no qual a futura mãe já está comprometida; e será culpada por fugir à responsabilidade de criá-lo. 
Mas, a realidade espiritual ainda é bem mais severa, porque o corpo carnal do homem não é simplesmente o traje físico, envergado pelo espírito para manifestar-se no mundo material — é a materialização de si mesmo, traço por traço, célula por célula, órgão por órgão. O organismo físico, em consequência, é o "traje vivo", em progressiva materialização no orbe terráqueo, dentro do ventre da mulher. Reafirmamos ser o aborto provocado causador de lesões profundas, traição, irresponsabilidade ou crime do espírito da mãe, a qual partiu do Espaço prontificando-se a cumprir essa tarefa, a fim de resgatar suas culpas passadas e auxiliar o espírito encarnante no seu retorno à vida física. Não há justificativa para se liberar o aborto, sob a alegação de não existir vida superior ou individualidade nos primeiros meses de gestação; o feto, em incessante transformação, é, na verdade, o próprio espírito a se plasmar na figura do _homem terrícola. Não se trata de justificar as condições fetais, mas a interrupção de uma vida planejada e ativada desde o Além, para se manifestar na forma de um ser, à superfície do mundo físico que, tanto poderá ser um flagelo, como um benfeitor da 65 humanidade.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O HOMEM À CAMINHO DA CONSCIENTIZAÇÃO





PERGUNTA:  Mas se o homem foi feito "à imagem de Deus" e possui em si mesmo "o reino divino", por que ele comete equívocos, revela defeitos e até precisa ser corrigido? Qual o motivo dessa precariedade divina na criatura?

RAMATÍS:  Qual seria o valor do homem, criado por Deus para ser feliz por toda a eternidade, caso ele mesmo não fosse o autor de sua própria "conscientização"?
Apesar do protesto justificável, de que não há mérito, nem valor na criatura sofrer, para depois ser venturosa, muito pior seria se ela fosse um produto automatizado e elaborado mecanicamente em série. É a auto-realização, a transformação preliminar, garantia de um futuro venturoso, quando o espírito sentir, conscientemente, os seus poderes criativos e a possibilidade de plasmar nas formas do mundo toda a intuição superior, como poesia, arte e imaginação sublime. Não importa se o homem, em princípio, confunde as quinquilharias dos mundos físicos transitórios com valores autênticos de sua futura felicidade. O certo é que ele jamais se perderá nos labirintos educativos das vidas materiais, porque o seu destino glorioso é a angelitude e a luz que o guia queima no próprio combustível de sua centelha interna. Sem dúvida, precisa crer e confiar na pedagogia traçada pelo Criador, cujo resumo o ser possui em sua própria intimidade espiritual, na síntese microcósmica do "reino divino". 
E para a absoluta segurança da criatura alcançar mais breve e corretamente a sua ventura eterna, então a Divindade estatui a Lei do Carma, que disciplina, corrige e retifica os atos insensatos e enfermiços, que o espírito pratica nas vidas sucessivas na face dos orbes físicos. Assim, nenhuma criatura deve invadir o direito alheio ou perturbar o destino dos seus companheiros, em curso de aperfeiçoamento espiritual. Aliás, ninguém pode, sequer, carregar a cruz do seu irmão e sofrer por procuração quaisquer reações desagradáveis e indesejáveis, que devem ser vividas pelos próprios responsáveis ou culpados. 
O espírito do homem é o autor do seu destino e pessoalmente responsável pelos efeitos bons ou maus decorrentes dos seus atos pregressos. Cumpre-lhe a tarefa de despertar e desenvolver, em si mesmo, os valores íntimos que lhe devem assegurar a vivência futura entre as humanidades siderais felizes. Ele pode semear dores, júbilos, prazeres ou tragédias, porém, sob a Lei do Carma, que é inflexível e corretiva, mas justa e impessoal, o homem é o autor e, ao mesmo tempo, o receptor de todos os acontecimentos ou males praticados a favor ou contra o próximo. Em face da advertência insistente de todos os instrutores e mestres da espiritualidade, enunciando que "a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", e que "a cada um será dado segundo as suas obras", ninguém pode alegar ignorância das sanções da lei cármica, nem atribuir injustiças a Deus.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

CARNIVORISMO E O CONTROLE MENTAL...





Pergunta:  Qual é a primeira providência que deveríamos adotar a fim de libertarmo-nos do desejo carnívoro?
Ramatís: A primeira providência para a libertação do carnivorismo deveria ser o controle mental da realidade do que representa a zoofagia. Em verdade, há mais indisciplina ou negligência mental do que propriamente uma necessidade biológica ou condicionalmente milenário na devora de vísceras dos animais. Há flagrante contradição entre a realidade do carnivorismo e o que se perverte pela falsa imaginação, pois, se o homem não come ratos, cães e outros animais que acha repulsivos ao seu paladar, isso lhe poderia acontecer com todas as demais espécies de aves e bichos. Falta ao homem a vigilância mental necessária para ele não se hipnotizar ou fascinar por falsas suposições. Geralmente, diante dos cadáveres de animais vítimas de um incêndio ou de uma explosão, as criaturas sentem náuseas e repugnância devido ao odor desagradável de carne queimada! No entanto, excitam se, dominadas pelo mórbido apetite ante o churrasco fumegante, de carne de animal queimada a fogo lento, diferindo apenas pela natureza dos molhos que se lhes acrescentam. Aí a contradição é inexplicável, pois a repugnância diante do cadáver assado na explosão ou no incêndio desaparece sob um condicionamento biológico e desperta mórbido apetite, apenas porque está regado a pimenta, cebola e tomate.
A primeira providência da criatura para libertar-se do desejo mórbido de ingerir carne deve iniciar-se pela correção da imaginação deformada. A vontade, que se mostra débil diante do churrasco acebolado e o considera um acepipe gostoso, também deveria funcionar corretamente ante a mesma carne carbonizada e sem temperos. É preciso o homem identificar a realidade que se esconde sob o véu da ilusão do falso apetite, pois a deliciosa "dobradinha à espanhola" não passa de retalhos de bucho de boi extraídos da sua região digestiva impregnados de detritos nauseantes. A "feijoada completa" é também um charco de albumina onde sobrenadam as partes imundas do porco, como orelhas, pés, costelas e pedaços de couro curtido na lavagem e no lodo dos chiqueiros! As mais deliciosas salsicharias não passam de ensacados de feridas de sangue coagulado em mistura com retalhos de nervos e toucinho, que os homens devoram voluptuosamente!

Pergunta: - Porventura o homem terno e evangelizado é um culpado perante Deus só porque ainda come carne?

Ramatís:  Não existem culpados perante Deus, pois o Pai jamais se ofende com as tolices humanas de seus filhos! Também não é terno o homem que ainda come carne, malgrado seja ele evangelizado, pois a alimentação carnívora, sendo produto da matança de animais, é um desmentido à ternura. Louvamos as criaturas evangelizadas e submissas aos ensinos libertadores do Cristo-Jesus, mas não é terno e meigo quem devora as vísceras dós irmãos inferiores. O carnivorismo sustentado na prática de matar o animal é vigorosa fronteira entre o anjo e o homem, assim como severo agravo para vidas futuras!

domingo, 8 de novembro de 2015

“SAIR EM CORPO ASTRAL”

Pergunta:  Quando se fala em "sair em corpo astral", deve-se compreender isso como o único meio que tem o espírito para poder penetrar no "outro mundo"? O corpo carnal representa, então, um cárcere absoluto, capaz de isolar a alma do seu verdadeiro mundo, que é o espiritual?
Ramatís:  Visto que a verdadeira vida do espírito é, realmente, aquela que se exerce livre da matéria, é evidente que ele luta constantemente para se livrar de sua prisão carnal. E, se não o consegue mais cedo, é porque o instinto natural de sobrevivência animal não só lhe dificulta a ação, como ainda o escraviza sob o guante das paixões mais violentas! Alguns espíritos débeis se entregam ao ópio, à cocaína, à maconha, à morfina e outros entorpecentes, na ansiedade intuitiva de se libertarem do jugo obrigatório do corpo de carne, para então gozarem de alguns momentos de liberdade astral e fugirem de si mesmos. Em face de a maioria dos terrícolas viver algemada ao sofrimento e às vicissitudes morais, anseia por alguns momentos de fuga para as regiões ignotas do reino espiritual! As almas encarnadas, embora tenham obliterada a sua memória astral, sentem-se dotadas de poderes que, dia mais ou dia menos, as lançarão pelo espaço cerúleo afora! Então lançam mão de drogas inebriantes, que funcionam como portas que se entreabrem para os mais afoitos e desesperados que, entorpecendo o corpo, tentam alguns momentos "paradisíacos" pela fuga deliberada dos grilhões vigorosos dos cinco sentidos do mundo físico. Usam, então, todo tipo de narcóticos, sedativos, entorpecentes e drogas extraídas de vegetais, plantas, frutos e raízes, que atuam nos interstícios etéricos do perispírito, isolando-o momentaneamente das grades físicas. E, à medida que a humanidade terrícola mais sofre e se contradiz, a ciência humana, em lugar de socorrer-lhe o espírito enfermo a se debater na prisão material, ainda cria novos produtos sintéticos, a granel, que incentivam os tímidos às fugas improdutivas da dor e das vicissitudes morais, mas não solucionam os seus problemas e tormentos milenários da alma.
A benzedrina, os barbituratos, os brometos, o cloral e os derivados dos mais vigorosos entorpecentes funcionam como novos estupefacientes, que alimentam esse desejo crescente da "fuga", propenso a culminar num vício incontrolável! Por meio dessas drogas, muitos frustram o imperativo da consciência desperta no aprendizado espiritual do planeta, obrigando-a a recuar para uma vida improdutiva e fragmentária, do mundo astral. Aqueles que são mais ternos c bons ainda conseguem alguns arremedos de êxtase quando podem atingir as freqüências vibratórias agradáveis, embora a persistência viciosa os conduza lentamente à degradação completa e ao atrofiamento da sensibilidade nervosa. Outros, mais infelizes, flutuam perispiritualmente pelas regiões inferiores do mundo purgatorial, na figura de múmias hipnotizadas pelos efeitos depressivos dos entorpecentes, até que, mais tarde, desencarnam como fâmulos de um mundo. subhumano. Aqueles que tentam a "fuga psíquica" pelas portas dos vícios só raramente conseguem compreender que a própria dor e o sofrimento já representam outras portas valiosas e que, sem violentar a sensibilidade da alma, dão acesso às regiões paradisíacas do Cristo!

sábado, 7 de novembro de 2015

O SACRIFÍCIO DE ANIMAIS NA “UMBANDA”




Qual vossa opinião sobre o sacrifício de animais na umbanda?



Ramatís:  A umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para assentamentos vibratórios dos orixás nem realiza ritos de iniciação para fortalecer o tônus mediúnico com sangue. Não tem nessa prática, legítima de outros cultos, um dos seus recursos de oferta às divindades. A fé é o principal fundamento religioso da umbanda, assim como em outras religiões. Suas oferendas se diferenciam das demais por serem isentas de sacrifícios animais, por preconizarem o amor universal e, acima de tudo, o exercício da caridade como reverência e troca energética junto aos orixás e aos seus enviados (os guias espirituais). É incompatível ceifar uma vida e ao mesmo tempo fazer a caridade, que é a essência do praticar amoroso que norteia a umbanda do Espaço. Toda oferenda deve ser um mecanismo estimulador do respeito e união religiosa com o Divino, e daí com os espíritos da natureza e os animais, almas-grupo que um dia encarnarão no ciclo hominal, assim como já fostes animal encarnado em outras épocas.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

OS ESTILOS MUSICAIS TERRENOS




Pergunta:  Devemos, então concordar com a música barata, que só atende aos sentidos físicos e que prolifera no seio da civilização atual, numa demonstração de profundo mau gosto? Não se deveria privar a mocidade dessa oportunidade infeliz, de se entregar desenfreadamente à admissão dos estilos musicais modernos, onde o histerismo conduz aos mais deploráveis ridículos e às cenas mais degradantes?



Atanagildo:  Recordo-me de minha última existência, no Brasil, quando também era muito comum aos velhos censurarem, alarmados, os. entusiasmos e os prazeres da juventude, esquecidos de que eles também haviam se excedido nos mesmos requebros, quando moços. A velhice traz o cansaço e a desilusão, e permite que se examine o passado de um modo panorâmico, observando as vantagens e as desvantagens que se registraram na trajetória finda; então os velhos se tornam sentenciosos e emitem juízos severos sobre os jovens, porque só aí avaliam o seu próprio tempo perdido.
O surto do "jazz", que se registrou entre o povo americano do norte, não só prognosticou para muitos puritanos o fim do mundo, como ainda sofreu a maior condenação dos velhos da época, que pretendiam evitar o mais completo desbragamento da mocidade obsidiada por tal espécie de música. No entanto, era apenas um novo tipo de musicalidade que fluía da alma emotiva do povo e aflorava através da carne moça, resistindo a todas as barreiras que lhe opunham nos púlpitos dos templos, sobrepondo-se a todas as censuras e preconceitos da sociedade sentenciosa. Mais tarde, essa música gritante e estrepitosa recebeu melhor tratamento, de compositores inteligentes, terminando por ingressar nas orquestras afidalgadas e se fazer intérprete dos sentimentos de muitos daqueles que a combateram no seu início.
Hoje, o "jazz" já teve oportunidade de ser acolhido sob as abóbadas dos melhores teatros onde já vibraram os acordes das composições dos maiores gênios da música humana, visto que, embora pelas veias dessa música agitada circule a sonoridade estrepitosa que ainda mexe com o corpo físico, ela também traduz, por vezes, em linguagem terna e melancólica, as ansiedades e os sonhos de um povo culto. Naquela época, quem poderia prognosticar que, da rudeza selvática do "jazz" maluco, formar-se-ia o alicerce da agradabilíssima "Rapsódia Azul", de Gerschwin? Eis porque não chegareis a soluções justas destruindo as coisas que surgem no ambiente físico do vosso mundo, mas sim melhorando sempre aquilo que pede a vossa habilidade, sentimento e carinho, em vez da violência e destruição. Mesmo os instrumentos vulgares, que de princípio eram desprezados como preferidos das classes inferiores, também evoluíram em suas expressões técnicas e ingressaram no seio das execuções afidalgadas.
O violão, considerado instrumento dos malandros nas serenatas, e a rudimentar gaita de boca, à semelhança do que já aconteceu com a clarineta, o trombone e o bombo, também já merecem os mais acalorados aplausos quando interpretam difíceis trechos dos mais consagrados compositores da música clássica. A aplicação inteligente da eletricidade, que lhes dá o homem atual, tem aprimorado os mais rudes instrumentos musicais, como o violão, o órgão e o bandolim elétricos, fazendo lembrar o que ocorreu na metrópole do Grande Coração, quando se conseguiu desenvolver ali a "luz interior" na instrumentação musical, do que resultou grandioso progresso.
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