PERGUNTA: Podeis
explicar-nos se as moléstias do aparelho digestivo do homem — que aumentam
assustadoramente na atualidade - também são provindas exclusivamente das
alterações psíquicas mental e emotiva, ou se devemos considerá-las apenas como consequência
da alimentação artificial e enlatada, da vida moderna?
RAMATIS: Sem dúvida, sabeis que o tão famoso sistema
nervoso vagossimpático é poderosa rede de neurônios sensibilíssimos, que desde
o encéfalo se estende por todas as vísceras e tecidos do corpo humano,
entranhando-se profundamente por todas as regiões carnais, até atingir as
células cutâneas da ponta dos dedos e alcançar os vasos capilares da planta dos
pés. Nesse duplo sistema nervoso que se origina na intimidade do cerebelo, tanto as células dos
centros cerebrais, controladoras do metabolismo geral, como as dos gânglios, expedem
duas espécies de correntes nervosas: as células simpáticas enviam a corrente
excitante e as células parassimpáticas, ou do vago, emitem os impulsos
frenadores ou inibidores do organismo. Este trabalho delicadíssimo de ambos os sistemas, por lei
biológica deveria sempre se exercer do modo mais harmonioso possível, a fim de
que se mantivesse o equilíbrio perfeito da saúde psicofísica do homem. E de sua
função biológica que, enquanto as células simpáticas excitam o organismo a
trabalhar, as parassimpáticas têm por função fazê-lo descansar. O nervo
simpático é o autor de todas as reações dinâmicas e laboriosas do corpo; cumpre-lhe
acelerar a atividade do coração, estreitar os vasos e dilatar as veias
respiratórias, assim como aumentar a cota de oxigênio no sangue, mobilizando o
açúcar armazenado no fígado e administrando o combustível necessário para que
os músculos possam trabalhar a contento. Mas ao nervo vago, ou parassimpático,
cabe realizar ação inversa, embora também num sentido de labor orgânico, pois
tanto estimula as atividades intestinais, a fim de que o homem se nutra
enquanto repousa, como também apressa o trabalho dos rins para eliminarem os resíduos
sobejados no metabolismo geral. Sob a sua ação, a respiração se enfraquece,
reduzem-se os batimentos cardíacos e o afluxo de circulação de sangue, o que
impede que o corpo carnal se desgaste totalmente e sim descanse e se renove a
contento das necessidades cotidianas do espírito. Eis por que a Medicina
considera o sistema simpático como sendo o nervo do trabalho, enquanto o vago é
o nervo responsável pelo descanso corporal. Acontece, no entanto, que o corpo astral (ou “corpo dos
desejos”, muito conhecido dos ocultistas e fiel tradutor das emoções do
espírito para o organismo carnal) encontra-se apoiado exatamente nesse sistema
duplo do nervo vagossimpático, que ocupa e penetra profundamente a região
abdominal, cercado pelo sistema dos gânglios nervosos do plexo solar. Em conseqüência,
toda emoção, desejo ou sensação do espírito repercute imediatamente nessa
região tão delicada, que a Medicina cognominou de “segundo cérebro”, ou cérebro
abdominal, considerando-a como a “subestação” nervosa mais importante do corpo
humano, depois da responsabilidade e das funções do cérebro comandante de todo
o organismo de carne.
Quando a mente do espírito encarnado emite impactos
violentos e agressivos, quer devido à sua irascibiidade, ciúme, ódio ou medo, perturbam-se
as funções de todos os órgãos digestivos, uma vez que a repercussão nervosa que
os atinge dificulta o trabalho da vesícula na sua drenação biliar, altera a
produção dos sucos gástricos, fermentos pancreáticos, insulina, hormônios
hepáticos e perturba as demais operações químicas que se efetuam na intimidade
do trato intestinal.
Os movimentos peristálticos sofrem profundamente, em seguida
às alterações ocorridas no psiquismo; esses impactos mórbidos agressivos, iguais
às ondas de um lago agitado, manifestam-se desde o estômago, piloro, duodeno e
intestino delgado, e alcançam o intestino grosso, ofendendo-lhe o cólon. Então
produz-se, pouco a pouco, o terreno eletivo para as colites, atrofias ou
dilatações dos vasos sanguíneos, originando-se também as fístulas, as
hemorróidas e as estenoses retais. Essa ação ofensiva do psiquismo perturbado, sobre o aparelho
digestivo, pode ser facilmente comprovada. E muitíssimo conhecido o caso de
estudantes em vésperas de exames, ou pessoas que voam pela primeira vez em
aeronaves, serem atacados de surtos disentéricos devido ao medo. Eles não
conseguem conter os fortes impactos da angústia e temor que lhes dominam o
espírito e que se canalizam fortemente do corpo astral para o sistema
vagossimpático, refletindo-se depois no metabolismo do intestino delgado e
perturbando o
fenômeno digestivo de nutrição.Sob a mesma repercussão vibratória ofensiva, um ataque de
cólera, ciúme, ou ódio, muito intenso, transforma-se em força psíquica violenta,
que se escoa atrabiiariamente pelo plexo solar; então contrai de modo agressivo
o fígado, oprime a vesícula e altera a importante função drenativa da bílis,
influindo nas funções digestivas e causando irritações com graves conseqüências
futuras. Desde que se trate de um individuo vítima de assíduos acometimentos de
raiva, ciúme, irascibiidade, inveja, ou mesmo de excessivas aflições emotivas e
preocupações exageradas, é óbvio que, de acordo com a lei de que “a função faz
o órgão”, a sua vesícula, por exemplo, encontrar-se-á sempre afetada por
incessante opressão nervosa sob o fígado congesto, terminando por aderir ao
tecido hepático.
Do livro: “Fisiologia da Alma” Ramatís/Hercílio Maes –
Editora do Conhecimento.
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