PERGUNTA:
- Qual seria o sentido mais evidente ou particularizado, quando Jesus assim
responde a Pilatos: "Meu reino não é deste mundo"? Ele ainda teria
insinuado algo além do conceito do reino na energia livre do espírito, em contraste
com o mundo comum da matéria, ou da energia compactada?
RAMATÍS:
- Narra o Evangelho de João que, tendo Pilatos entrado no palácio e feito vir
Jesus à sua presença, então perguntou-lhe: "És o rei dos judeus"?
Respondeu-lhe Jesus: "Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse
deste mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu caísse nas
mãos dos judeus; mas o meu reino não é daqui". Disse-lhe Pilatos, então:
"És, pois, rei?" Jesus lhe respondeu: "Tu o dizes; sou rei; não
nasci e não vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade. Aquele que pertence
à verdade escuta a minha voz". 2
2 - João, 18:33,36 e 37.
É
evidente que nesse curso de palavras Jesus distingue, um "reino" ou
vivência superior, disciplinada e dirigi da, convenientemente, tal qual uma
nação terrícola é amparada por certo governante. Em oposição, ele figura o
"mundo" habitado por todos os homens e concitados por paixões,
interesses, competições e vícios, uma vivência indisciplinada sob o egoísmo individual.
Mas num reino vivem os que pelo progresso espiritual foram
"escolhidos" sob uma proteção; e para todos basta que a
espontaneidade de alma tão sublimada de cada um seja a garantia da ventura geral.
Mas o mundo subentendesse um local de satisfações, gozos, paixões imediatas e indisciplinadas,
as quais se manifestam conforme a índole e a graduação de cada homem. Respondendo
a Pilatos, que era rei, Jesus servia-se do sentido figurativo do próprio vocábulo
para enunciar sua hierarquia de espírito liberto das contingências humanas, embora
decidido a cumprir até o final a sua missão sacrificial para a libertação dos
homens.
Só o rei
governa-se a si mesmo, porque ele é um soberano, com o direito ao poder supremo
e absoluto' dado pelas leis. Jesus, portanto, como espírito emancipado e anjo
de alto galardão, credenciado para o livre trânsito no Universo, podia ser
perfeitamente comparado ao rei com poder absoluto, porque ele governava como um
soberano a sua própria individualização espiritual. Aliás, ainda adverte:
"Sou rei; não nasci e não vim a este mundo senão para dar testemunho da
Verdade", ajuizando que só o espírito é que não nasce, não cresce, nem
morre, porque, sendo eterno, preexiste e sobrevive à transitória organização
carnal. Jesus acentuava ser um rei espiritual, indestrutível e emancipado, não
um "rei homem", ainda limitado pelo nascimento e depois destruído
pela morte física. Ele se afirmou um soberano do reino de Deus, um
"emancipado", completamente livre do "Maya", ou da ilusão
do mundo material. Era, então, o próprio "Caminho, Verdade e Vida" e
podia afirmar: "Aquele que pertence à Verdade, escuta a minha voz",
demonstrando a sua identificação como um soberano ,de si mesmo, um monarca do
reino espiritual vibrando em igual freqüência sublime. Além de expressar a
diferença entre o "reino espiritual" ou da "energia livre",
em confronto com o "mundo material" da energia escravizada nos contornos
e limites das formas, Jesus identifica-nos a vida real e autêntica do Espírito Imortal.
Ele distingue o rei como a própria identidade soberana do espírito liberto, não
um vassalo de paixões menos nobres, mas o programador do seu próprio destino e
autor de sua própria felicidade.
É a
entidade que se descobriu a si mesma, livre do tempo e do espaço, vencedora dos
desejos e paixões, do tédio e das insatisfações. Jesus, então, conforta o homem
e semeia esperança na humanidade, ao informar sobre a vida futura, numa
vivência de completo domínio espiritual. O espírito feliz autogoverna-se, sem
qualquer preocupação da humanidade sideral, porque a sua contextura íntima já
se ajusta à freqüência da realidade, acima de qualquer ato ilusório, egoísta ou
evidência espiritual. O Espírito sublimado pode fazer o que quiser e o que lhe
convier, após a sua libertação e emancipação dos ciclos reencarnatórios. Ele já
descobriu a Verdade e identificou-a em si mesmo e, por esse motivo, jamais
cometerá erro ou quaisquer equívocos em prejuízo de outrem. Essa Verdade é arte
de si mesmo, isto é, um fragmento do próprio Deus no homem.
Do livro: “O Evangelho À Luz do Cosmo” Ramatís /Hercílio
Maes – Editora do Conhecimento.
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