Sabedoria Ramatis

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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

"MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO"- VI






PERGUNTA: - Quando Jesus menciona que "meu reino não é deste mundo", isto ajusta-se à mesma interpretação doutrinária, caso ele dissesse: "meu reino não é deste reino" ou meu mundo não é deste mundo"?

RAMATÍS: - Alhures vos temos dito que Jesus não empregava uma vírgula a mais ou a menos nas suas máximas evangélicas. Em sua autenticidade angélica, jamais ele se serviria de vocábulos imprecisos ou substituíveis, para expor o seu pensamento definitivo e correto. Ademais, não usava de qualquer artificialismo ou eloquência rebuscada para ressaltar a sua pregação como é muito comum entre os oradores do mundo profano. Num punhado de vocábulos familiares, expunha o esquema de uma virtude ou a revelação de um estado de espírito angélico. Cada vocábulo e cada frase possuíam a força estrutural do alicerce do seu pensamento, em ebulição e a firmar os fundamentos do edifício evangélico.
Só as criaturas primárias ou melodramáticas são verborrágicas, pois desperdiçam palavras sem qualquer motivação íntima. Os indecisos e insensatos é que oferecem uma frase gráfica ou verbal, sob a vestimenta rota das palavras e dos vocábulos inadequados, para então expressar a natureza dos seus pensamentos. Os verdadeiros sábios são singelos e comunicativos na sua exposição mental; só o homem presunçoso apela para a excentricidade, frases complexas e acadêmicas para tornar mais difícil o que diz, crente de que o julgam mais sábio, por ser mais difícil de se fazer entender. Isso é tão frequente pela demonstração medíocre e a verbosidade vazia de líderes de grupos e facções políticas, que se verifica no curso das ambições dos homens atuais.
Há, portanto, grande diferença de sentido entre o vocábulo "mundo" e "reino" com que Jesus vestiu tão corretamente o seu enunciado espiritual. A palavra "mundo" expressa o universo físico criado, o qual pode ser concretizado pelos desejos e sentidos humanos. O mundo é para todos e a Terra, portanto, é para todos os terrícolas, ou seja, é o mundo dos homens terrenos. Quando dizeis, aí na Terra, que "fulano" é um homem do mundo, isso se refere ao indivíduo dado aos prazeres e à satisfação de todos os desejos, o qual vive de modo exclusivamente físico e ávido de gozo incessante. Ele é, então, um homem do mundo, mas esse mundo é de todos e, o que é pior, o mundo transitório.
A palavra "reino", enunciada e distingui da por Jesus, refere-se mais propriamente à ideia de um estado, diríamos, equivalente àquilo que a ciência moderna chama de teoria de campo. Esse reino ou campo, uma forma de energia e o conjunto de leis e princípios, que governam todos os fenômenos ali ocorridos. Somos todos vassalos das leis e princípios do "reino de Deus", desse "campo universal" sublime de que seremos futuros participantes quando lograrmos as condições necessárias para o habitarmos. É, enfim, uma comunidade algo aristocrática e disciplinada por um comando supremo acima de tolas vulgaridades do mundo humano. Os próprios reinos mineral, vegetal e animal, nos seus agrupamentos de corpos e seres, são disciplinados e governados intimamente por leis, que os conduzem para expressões cada vez mais requintadas.

Evidentemente, Jesus referiu que "o meu reino", onde ele vive, é um estado diferente, em que o espírito cria, porque já obteve a sua vitória completa sobre os instintos escravizantes. Subentende-se que o "reino" é definitivo e o "mundo" transitório, em que o primeiro vibra sob o governo e exige uma eletividade específica para habitá-lo, e o segundo é de quem mais sabe impor-se pela sua força, astúcia ou condição pessoal. É de senso comum que o maior conquistador do mundo não é quem derrota muitos homens ou povos, porém, quem primeiro derrota as suas próprias mazelas e paixões. No conceito "meu reino não é deste mundo", Jesus procurou focalizar-nos a imagem diferencial, em que o mundo é a matéria transitória e o reino um estado real e inalterável, porque se constitui da energia, sob o controle das mentes, cuja vontade e amor já se desenvolveram ao ponto de só proporcionarem a ventura alheia.



Do livro: O Evangelho À Luz do Cosmo Ramatís /Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.

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