Sabedoria Ramatis

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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

"MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO"- (FINAL)






PERGUNTA:  Poderíeis definir-nos algo dessa ventura no reino de Deus?



RAMATÍS:  A conceituação do Cristo-Jesus convidando o homem a ser perfeito, como perfeito é o Pai, indica-lhe a meta definitiva e venturosa, pois há de ser tão feliz como feliz deveríamos conceber a natureza divina. Embora não possamos dizer que Deus é feliz, porque não dispomos de uma unidade de medida exata, que nos proporcione a idéia do oposto «infeliz", sabemos, através de Jesus, que o «homem perfeito" é o homem absolutamente feliz, porque ele já desenvolveu em si mesmo o fundamento divino de Deus.
Enquanto o espírito do homem não alcançar essa perfeição e o conhecimento da Verdade, ele ainda opera no plano dos contrastes e sujeito a medidas, limites dados pelo tempo e espaço, que o obrigam a um incessante desgaste energético e a uma instabilidade insatisfatória. Mas assim que atinge a realeza notificada por Jesus, quando passa a atuar absolutamente livre de quaisquer contingências ou coações exteriores, então é o anjo tendo à sua disposição um campo de energias sutilíssimas, que jamais se desgastam ou se modificam sem a sua própria vontade. Sem dúvida, as energias, quanto mais puras e sutis, também são mais afins ao espírito mais eletivo às vibrações criativas de Deus.
No reino de Deus, ou no seio da Verdade absoluta, que é a fonte da vida em todo o Universo, a ventura é um «estado de espírito", e não fruto da posse ou propriedade particular. No primeiro caso, é preciso o espírito adquirir, treinar e afinar o seu estado íntimo no uso dos objetos e no intercâmbio do mundo físico; no segundo caso, o estado de posse é precário, satura logo, porquanto a retenção de um lote de terra, uma fartura de ouro ou luxuoso veículo, malgrado a diferença ilusória do ser, é sempre um estado de espírito transitório e sem valor definitivo, porque é tão-somente posse ou poder precário.
Através de todos os fenômenos e acontecimentos com que o espírito do homem entra em contato com a faculdade dos cinco sentidos físicos, vale tão-somente a concentração, intensificação e catalisação energética, que lhe proporcione um sentido ou faculdade incomum cada vez mais sublime. Não é a extensão e o valor dos bens, que mobiliza e administra, o que lhe produz favorecimentos e venturas, caso se trate exclusivamente da escravidão peculiar da posse. A posse é um estado de espírito, que converge numa falsa ventura para determinado objeto, coisa ou ser no mundo transitório.
Portanto, a posse diminuta ou imensurável não significa ventura, pois as coisas inanimadas ou provisórias, jamais podem proporcionar a felicidade para quem é eterno. Não é duradoura a ventura que depende da existência de objetos, coisas ou seres, para proporcionar alegria e satisfações. Essas coisas têm uma existência própria e limitada, mas não podem  qualquer prazer duradouro, além do que nós mesmos a elas nos condicionamos. 3 Em conseqüência, a verdadeira alegria e o júbilo do espírito hão de ser firmados e derivados de um estado de absoluta libertação de quaisquer fatores ou valores ainda determinados pelo tempo e espaço. Há de ser, pois, o que o espírito realiza em si mesmo e através do manuseio e comando dos fatores autênticos e jamais modificáveis. 
Uma libertação absoluta não pode depender de nenhum valor "alfa" ou "ômega" no Universo. Não é o que existe além de si mesmo que causa a felicidade, porém, o que existe e jamais se fragmenta na própria intimidade, o espírito. A ventura do reino de Deus é um estado do espírito de "absoluta libertação" sem qualquer vislumbre de posse, aquém ou além de si. A beatitude ou o nirvana da tradição oriental não é a imobilidade ou fusão com o Espírito Cósmico de Deus; porém, o poder absoluto sem a posse; a liberdade absoluta sem o desejo; a paz de existir sem ferir-se ou ferir. A paz do espírito da consciência divinizada é como uma lâmpada translúcida, jorrando eternamente a luz do Senhor. A ventura impossível de ser delineada sob a veste das palavras humanas, é a inconcebível doação criativa incondicional, num eterno ser pulsando na mesma diástole e sístole do Criador.

3 - Os objetos e as coisas materiais tomam-se prolongamentos vivos do ser, proporcionando uma espécie de sensibilidade extra comum, e que faz o seu possuidor sofrer. O homem apegado ao seu veículo ou à sua coleção de selos, reage, apreensivo e irritado, se alguém toca na coisa ou posse, em face do receio de que ocorra algum prejuízo ou diminuição de valor.


Do livro: O Evangelho À Luz do Cosmo Ramatís /Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.


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