Sabedoria Ramatis

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quarta-feira, 15 de maio de 2013

O ESPIRITISMO E A ORTODOXIA ESPÍRITA









Não aconselhamos a ortodoxia espírita, capaz de impermeabilizar os seus adeptos contra qualquer outro esforço alheio e digno, no campo da espiritualidade. O Espiritismo, conforme já o dissemos, não tem como objetivo agrupar prosélitos ferrenhos e estimular movimentos intolerantes. É empreendimento libertador da consciência e não imposição de seita. Significa o generoso fermento vivo que acelera o psiquismo humano e incita o homem a se libertar quanto mais cedo possível de sua animalidade. A sua missão fundamental, como um catalisador divino, é modificar e exaltar as qualidades de tudo aquilo espiritual comum aferindo os valores nobres de todas as almas, em vez de se tomar qualquer ruga sectária, isolando trabalhadores diferentes e que são devotados à mesma causa do espírito imortal.
Em face destas considerações, vereis que é perfeitamente descabida qualquer ironia ou descaso que alguns espiritualistas desavisados ainda emitem contra Allan Kardec e a sua codificação espírita. Nenhum dos seus postulados fere qualquer outro movimento religioso ou doutrina espiritualista, pois foram todos edificados sobre as raízes que milenariamente entrelaçam todos os movimentos consagrados à busca da Verdade. São princípios tão velhos quanto o espírito do homem; isentos de preconceitos de seita ou de casta, eles orientam o curso humano para os objetivos avançados da vida imortal superior. As obras de Allan Kardec foram inspiradas por elevados mentores dos destinos humanos e abalizados psicólogos siderais, conhecedores indiscutíveis das mais ínfimas necessidades da humanidade terrena. São tratados acessíveis ao homem comum, mas suficientes para ajudá-lo na sua emancipação espiritual.
Em seu trabalho redentor, Kardec foi orientado pelo Espírito da Verdade, sob cujo pseudônimo se ocultou um dos mais sábios instrutores espirituais da Terra, o qual, além de genial psicólogo sideral, capacitado para autopsiar os mais complexos recônditos da alma humana, ainda é portentoso cientista que domina todos os problemas cármicos do vosso planeta. Allan Kardec, portanto, espírito generoso, liberto das peias religiosas e das limitações dogmáticas, não deve ser responsabilizado pelo fanatismo de alguns "espíritas" irascíveis, intolerantes e sectaristas.
O Espiritismo não foi codificado para competir com as demais religiões já existentes, pois que os seus postulados são baseados na Causa e Efeito da Lei do Carma e no processo lógico e sensato da Reencarnação, princípios estes já consagrados milenarmente por todas as filosofias orientais que se preocupam com o mais breve aperfeiçoamento do homem. O vocábulo "Kardecismo", bastante generalizado entre os espíritas, é somente a indicação do modo de se exercer o compromisso da mediunidade isento de rituais, idolatrias, oferendas, distinções hierárquicas ou quaisquer outras exigências que exteriorizam aquilo que só requer um entendimento mais interior. Ele significa, pois, a distinção correta de um procedimento doutrinário, sem menosprezar qualquer idéia ou movimento espiritualista alheio.
As instituições religiosas, as doutrinas espiritualistas ou os estatutos políticos do mundo não devem ser culpados do sectarismo infeliz dos seus adeptos ignorantes e falaciosos, que fazem de sua crença o alicerce para o desforço pessoal contra aqueles que discordam de suas idéias. Da mesma forma,
"Kardecismo" não significa um agrupamento de homens em oposição doutrinária ou religiosa a outros grupos de homens. É apenas a conceituação tradicional de um sistema de trabalho mediúnico. No campo do mediunismo, significa, mais propriamente, uma preferência técnica, um modo particular de operar em contato com o mundo invisível. O " ardecista", pois, é aquele que se simpatiza com o exercício mediúnico de "mesa", isto é, conforme preceituou Allan Kardec para os adeptos da doutrina espírita. No entanto, existem outros sistemas de se praticar o mediunismo, tais como o que se efetua na Umbanda, no qual se tende mais a objetivar todas as expressões e aspectos que os seus comunicantes possuíam na vida física; ou então as sessões de "mesa branca", dos Tatwas esotéricos, em que os seus filiados se limitam a transmitir conscientemente a "inspiração" que lhes é dada pelos familiares do seu movimento.
De modo nenhum é licito ao "cardecista" censurar qualquer um dos movimentos alheios que, atendendo ao modo peculiar de sua instituição, pratiquem um mediunismo diferente do que é preconizado pelo Espiritismo em seu seio doutrinário.



RAMATÍS – “MEDIUNISMO”

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