Não aconselhamos a
ortodoxia espírita, capaz de impermeabilizar os seus adeptos contra qualquer
outro esforço alheio e digno, no campo da espiritualidade. O Espiritismo,
conforme já o dissemos, não tem como objetivo agrupar prosélitos ferrenhos e estimular
movimentos intolerantes. É empreendimento libertador da consciência e não imposição
de seita. Significa o generoso fermento vivo que acelera o psiquismo humano e incita
o homem a se libertar quanto mais cedo possível de sua animalidade. A sua
missão fundamental, como um catalisador divino, é modificar e exaltar as
qualidades de tudo aquilo espiritual comum aferindo os valores nobres de todas
as almas, em vez de se tomar qualquer ruga sectária, isolando trabalhadores diferentes
e que são devotados à mesma causa do espírito imortal.
Em
face destas considerações, vereis que é perfeitamente descabida qualquer ironia
ou descaso que alguns espiritualistas desavisados ainda emitem contra Allan
Kardec e a sua codificação espírita. Nenhum dos seus postulados fere qualquer
outro movimento religioso ou doutrina
espiritualista, pois foram todos edificados sobre as raízes que milenariamente entrelaçam
todos os movimentos consagrados à busca da Verdade. São princípios tão velhos quanto
o espírito do homem; isentos de preconceitos de seita ou de casta, eles orientam
o curso humano para os objetivos avançados da vida imortal superior. As obras
de Allan Kardec foram inspiradas por elevados mentores dos destinos humanos e
abalizados psicólogos siderais, conhecedores indiscutíveis das mais ínfimas
necessidades da humanidade terrena. São tratados acessíveis ao homem comum, mas
suficientes para ajudá-lo na sua emancipação espiritual.
Em
seu trabalho redentor, Kardec foi orientado pelo Espírito da Verdade, sob cujo
pseudônimo se ocultou um dos mais sábios instrutores espirituais da Terra, o
qual, além de genial psicólogo sideral, capacitado para autopsiar os mais
complexos recônditos da alma humana, ainda é portentoso cientista que domina
todos os problemas cármicos do vosso planeta. Allan
Kardec, portanto, espírito generoso, liberto das peias religiosas e das
limitações dogmáticas, não deve ser responsabilizado pelo fanatismo de alguns
"espíritas" irascíveis, intolerantes e sectaristas.
O
Espiritismo não foi codificado para competir com as demais religiões já
existentes, pois que os seus postulados são baseados na Causa e Efeito da Lei
do Carma e no processo lógico e sensato da Reencarnação, princípios estes já
consagrados milenarmente por todas as filosofias orientais que se preocupam com
o mais breve aperfeiçoamento do homem. O vocábulo "Kardecismo",
bastante generalizado entre os espíritas, é somente a indicação do modo de se
exercer o compromisso da mediunidade isento de rituais, idolatrias, oferendas,
distinções hierárquicas ou quaisquer outras exigências que exteriorizam aquilo
que só requer um entendimento mais interior. Ele significa, pois, a distinção
correta de um procedimento doutrinário, sem menosprezar qualquer idéia ou
movimento espiritualista alheio.
As
instituições religiosas, as doutrinas espiritualistas ou os estatutos políticos
do mundo não devem ser culpados do sectarismo infeliz dos seus adeptos
ignorantes e falaciosos, que fazem de sua crença o alicerce para o desforço
pessoal contra aqueles que discordam de suas idéias. Da mesma forma,
"Kardecismo"
não significa um agrupamento de homens em oposição doutrinária ou religiosa a
outros grupos de homens. É apenas a conceituação tradicional de um sistema de trabalho
mediúnico. No campo do mediunismo, significa, mais propriamente, uma
preferência técnica, um modo particular de operar em contato com o mundo
invisível. O " ardecista", pois, é aquele que se simpatiza com o
exercício mediúnico
de "mesa", isto é, conforme preceituou Allan Kardec para os adeptos
da doutrina espírita. No
entanto, existem outros sistemas de se praticar o mediunismo, tais como o que
se efetua na Umbanda, no qual se tende mais a objetivar todas as expressões e
aspectos que os seus comunicantes possuíam na vida física; ou então as sessões
de "mesa branca", dos Tatwas esotéricos, em que os seus filiados se
limitam a transmitir conscientemente a "inspiração" que lhes é dada
pelos familiares do seu movimento.
De
modo nenhum é licito ao "cardecista" censurar qualquer um dos
movimentos alheios que, atendendo ao modo peculiar de sua instituição,
pratiquem um mediunismo diferente do que é preconizado pelo Espiritismo em seu
seio doutrinário.
RAMATÍS
– “MEDIUNISMO”
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