Sabedoria Ramatis

Sabedoria Ramatis

segunda-feira, 11 de junho de 2012

AS PREGAÇÕES E AS PARÁBOLAS DE JESUS – Vl









PERGUNTA: Considerando-se a Palestina uma terra pródiga de profetas que pregavam novos credos trazendo revelações incomuns e até provocando revoluções sediciosas, por que Jesus pairou acima de todos se ele pregava uma doutrina bastante prematura para a época?


RAMATÍS: O principal atrativo da pregação de Jesus era a sua explicação sobre um Deus magnânimo, justo, afetivo e quase humano, que amava seus filhos tanto quanto o faria o pai mais amoroso da Terra. O estilo de Jesus era simples, afetivo e convincente, extremamente comunicativo com aqueles que o ouviam; ele não tentava convencer o seu público através de palavras complexas ou pelos recursos artificiais da eloquência humana. Explicava-lhes as premissas encantadoras de um mundo celestial e as possibilidades de todos serem felizes. Suas palavras eram suaves, doces e recendiam o próprio perfume dos campos e o aroma das florinhas silvestres; suas formas e suas cores ficavam vivamente gravadas e nítidas na mente de seus ouvintes.
Em suas prédicas era quase um narrador de histórias de um brilhante e insinuante colorido; um peregrino que se punha a contar as coisas mais delicadas e atrativas de paragens longínquas. Os minutos e as horas transcorriam celeremente e aquela gente derramada pela encosta florida, recostada nas pedras e nos tufos de capim verdejante, ficava imóvel, sem um gesto, atenta à musicalidade da voz meiga e confortadora do rabi galileu!
Jesus não cansava o povo com as longas perorações e o palavreado obscuro, pesado ou sibilino; expunha sentenças curtas historietas breves e principalmente as formosas parábolas que tanto fascinavam o auditório. Tudo o que ele mencionava aos encantados ouvintes que lhe bebiam os ensinos num verdadeiro "suspense", era impregnado de imagens comuns e conhecidas da própria vida. Nas suas narrações vicejavam o mar, as montanhas, as aves, os rios, as flores, as nuvens, o campo e as árvores, gravando-se tudo na forma de imagens claras e objetivas, que não exauriam o cérebro dos ouvintes mais incultos. Nenhum profeta jamais pudera comover e apaixonar tanto o seu público e seus adeptos; ninguém antes dele trouxera tantas esperanças aos homens entristecidos, aos pobres desesperados e aos enfermos abandonados!  Até seus dias, o mundo tivera muitos sábios, profetas, instrutores e líderes religiosos que deixaram sulcos luminosos na estrada empoeirada do mundo físico; mas somente Jesus se fazia tão compreensível nos corações das criaturas! A sua "Boa Nova" era um refrigério porque descrevia com tal certeza e sinceridade o reino maravilhoso do Senhor, à espera dos infelizes, tristes, pobres e enfermos que até os afortunados se confrangiam disso  temerosos de ficarem fora dos muros dessa cidade encantada! Assim como o estatuto regula a conduta moral e disciplina os movimentos dos associados de uma instituição recreativa, Jesus também estatui o modo como deveriam se portar os cidadãos do "reino de Deus" especificando-lhes as virtudes que deveriam desenvolver para o êxito dessa sublime realização. Daí a força e o poder renovador do "Sermão da Montanha", quando bendizia os pobres, os infelizes, os misericordiosos, os pacíficos, as vítimas, os perseguidos, conclamando-os como verdadeiros cidadãos daquele reino feliz que ele viera pregar.
Sua voz penetrava como gotas refrescantes nos corações dos sofredores e os seus ouvintes animavam-se, ardendo de entusiasmo e ventura, ante a simples sugestão recebida! Era uma graça, uma dádiva prometida por aquele profeta que não mentia, não enganava e fizera voto de renúncia a todas as coisas valiosas e atrativas do mundo terreno, porque, dizia ele, "o Pai já lhe dera tudo o que ele desejaria possuir!" Os galileus eram pobres, mas viviam satisfeitos, quer pela beleza do cenário que os rodeava, assim como pela facilidade da pesca que os sustentava sem problemas complexos de alimentação. Eram simples no vestir, pois o clima tão ameno e amigo fazia-os desejar tão pouco para serem felizes. E por isso eles confiavam em tudo o que Jesus dizia, porque lhes falava em coisas certas, objetivas e passíveis de se concretizarem com a própria vida de que participavam!
O natural desapego que os dominava pelas circunstâncias favoráveis do próprio meio tão generoso, não os fazia criaturas negligentes, inconformadas ou desconfiadas; por isso vibravam intensamente com os quadros belos e poéticos da narrativa do Mestre Jesus.
Era um delicioso convite a seguirem em direção ao reino de um Deus excessivamente amoroso, um Senhor que cumulava de alegrias e favores os seus súditos e nada lhes exigia de oferendas, compromissos e taxas religiosas escorchantes, como era próprio de Jeová, cada vez mais insatisfeito.
Era muito mais fácil o ingresso nesse reino tão feliz, cujas exigências eram tão poucas, principalmente para os pobres, os doentes, os tristes e os abandonados; aconselhava-se a libertação das riquezas, do orgulho, da vaidade, da cobiça, da maldade, da ira e da inveja! Antes do esforço hercúleo para adquirir os bens do mundo, o homem encontrava menos dificuldade para abandoná-lo; podia controlar-se mais facilmente dos ataques do orgulho ou da ira, do que mobilizar forças para a auto exaltação no seio da humanidade! Enfim, o profeta de Nazaré exigia pouquíssimo e eles já viviam quase de conformidade com o que lhes era pedido. Amenizava-lhes a vida ensinando-os a ser venturosos no seio da pobreza e do sofrimento; oferecia-lhes justas compensações para todas as vicissitudes e transtornos da vida humana! ''Procurai primeiro o reino e a justiça de Deus e tudo o mais vos será dado com largueza". (5)


(5) Esse tema proposto por Jesus está também esmiuçado pelos seguintes evangelistas: Mateus, cap. VI, 19. 21, 24 a 34; Isaías, cap. XII, 22, 31 a 34.



 (Do Livro: “O Sublime Peregrino” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...