PERGUNTA: Que nos diz do modo como
Jesus fazia suas pregações ao povo?
RAMATÍS: Jesus fascinava as multidões em suas pregações formosas e
fluentes, pois era criatura sem afetações e não usava de quaisquer
artificialismos para ressaltar sua oratória. Jamais se preocupava em
impressionar o auditório pela eloquência rebuscada, como é muito comum entre os
oradores do mundo profano. A essência espiritual de suas palavras provocava uma
alegria suave e consoladora em todos os que o ouviam. Não prelecionava em altos
brados, nem dramatizava acontecimentos; jamais sacrificava o conteúdo singelo
das suas lições para ressaltar-se na figura de um admirável orador. Exato, sem
as minúcias que exaurem os ouvintes, num punhado de vocábulos familiares
expunha o esquema de uma virtude ou a revelação de um estado de espírito
angélico. E Jesus falava com naturalidade, sem a proverbial altiloquência que lhe emprestaram os evangelistas, como se estivesse no seio acolhedor
de um lar amigo. Sua voz doce e comunicativa extasiava os ouvintes;
penetrava-lhes na alma trazendo-lhes a efervescência espiritual!
PERGUNTA: Como ele se movimentava
entre os diversos lugares em que fazia suas palestras evangélicas?
RAMATÍS: De princípio, Jesus percorria a Galiléia não muito longe de
Nazaré, até Cafarnaum, ou descendo até Samaria, sem atravessar o Jordão ou o
mar da Galiléia. Os seus discípulos cercavam-no de cuidados e a todo momento
procuravam preservá-lo do sol, cobrindo-lhe a cabeça formosa com algum xale de
seda, como era costume local. Algumas vezes, cavalgava um burro ou mula dócil,
assentado sobre macia almofada tecida por alguma mulher carinhosa, fiel e seguidora
de suas idéias. Em geral, ele fazia suas pregações ao entardecer, quando o
poente se irisava de cores, pois gostava de aliar o efeito policrômico e a fragrância
da Natureza à ternura e à poesia de suas palavras afetuosas. Apreciava falar do
cimo das pequenas colinas, enquanto seus discípulos, amigos e fiéis se acomodavam
a seus pés, embebidos na doce esperança da mensagem que lhes anunciava o tão
esperado "reino de Deus". Doutra feita, rumava diretamente para o
vilarejo mais próximo, tornando venturoso o lar onde se hospedava, participando
da ceia modesta e comovendo os corações dos seus hospedeiros com palavras de
ânimo, alegria, consolo e esperança no futuro.
As mulheres e as crianças cercavam-no com particular afeição, pois a
ternura emanada de Jesus era um sedativo às almas simples, boas e cândidas.
Afagava as crianças sem afetação e com o mais profundo sentimento de amor,
despreocupado de causar efeitos favoráveis na mente de seus hospedeiros. Ele
via sempre na criança o símbolo do cidadão do "reino de Deus", em que
o riso farto, a travessura inocente, as reações espontâneas e sinceras
reproduziam as virtudes naturais do homem sublime. Também era de seu costume tratar
com carinho as aves e os animais, não se pejando de curvar-se para o solo e
socorrer o réptil ou o inseto venenoso, afastando-o do caminho onde seria
fatalmente esmagado. Espontâneo e sincero, indiferente à crítica e à opinião
pública, os seus gestos, palavras e atos eram sem afetação, refletindo claramente
o seu espírito angélico, incapaz de qualquer sofisma ou capciosidade.
As casas que Jesus frequentava eram invadidas pela multidão vizinha;
as criaturas aglomeravam-se pelas portas e janelas, ávidas de ouvirem o rabi da
Galiléia tecer suas formosas parábolas de ensinamentos singelos e
compreensíveis às próprias crianças. A Paz do Senhor pousava no teto do lar
onde ele pregava a "Boa Nova" de esperança e amor, que comovia os
corações mais empedernidos. As mães corriam a buscar seus filhos, pedindo ao
profeta de Nazaré que os tocasse, pois se dizia que sua bênção era um lenitivo
para as dores e preservação contra as doenças. Alguns, curvavam-se à sua frente
e rogavam contritos: "Benze-me, Rabi, pois eu sofro!"
Inúmeras vezes as suas palavras ou apenas a sua augusta presença
eram suficientes para curar os enfermos imbuídos de intensa fé (1); ou
provocava explosões de remorsos, lamentos cruciantes e confissões de delitos
conservados em sigilo! O Divino Rabi pousava o seu olhar complacente sobre
todos; aconselhava ladrões a devolverem suas presas; mulheres duvidosas a se
redimirem de seus pecados; e criminosos endurecidos, a vencerem seus instintos
cruéis! Fortalecia as virtudes nos bons e a conduta superior nos regrados;
infundia sua força angélica em todos, redimindo e incentivando transformações
morais que ateavam chamas de bom viver nas criaturas hesitantes, engrossando
assim as fileiras de sua corte messiânica!
(1) Marcos, cap. V. 24 a 34.
(Do Livro: “O Sublime Peregrino” Ramatís/Hercílio Maes –
Editora do Conhecimento)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.