RAMATÍS: O
Incriado, o Imanifesto, o Deus único não se manifesta diretamente. D'Ele se
expande um "fluido" informe que interpenetra em todas as sete
dimensões vibratórias do Cosmo e, acima dessas faixas, torna-se novamente uno
com o Pai. Num descenso vibratório, o Divino, por meio de exu, seu agente
mágico, transforma-o em veículo de manifestação da Sua vontade, oportunizando
Sua manifestação indireta em todas as vibrações e formas do Universo.
Todas as ondas, luzes e eletricidade, bem como todos os sons
e magnetismo, são simples meios de manifestação de exu, que possibilitam a
junção atômica das energias cósmicas nos formas que conseguis entender em vossa escassa percepção de encarnados.
Liberando o panteão africanista das lendas antropomorfas recheadas de' símbolos
e arquétipos do inconsciente coletivo, reforçados oralmente pelos sacerdotes
tribais ao longo das gerações (maneira inteligente de fixar conhecimentos que
de outra forma desapareceriam), conclui-se que exu é um aspecto do Divino que
tudo sabe, para o qual não há segredos. A vibração de exu, indiferenciada, atua
em todas as latitudes do Cosmo, não fazendo distinção de ninguém, tendo um
caráter transformador, promovendo mudanças justas necessárias para o equilíbrio
na balança cármica de cada espírito. Lembrai-vos de que antes da calmaria a tempestade rega a terra, refresca e traz vitalidade, ao mesmo
tempo em que constrói, desfaz ribanceiras e quebra árvores com raios do céu.
Exu é o princípio do movimento, aquele que tudo transforma, que não respeita
limites, pois atua no ilimitado, liberto da temporalidade humana e da transitoriedade
da matéria, interferindo em todos os entrecruzamentos vibratórios existentes
entre os diversos planos do Universo. Por isso, exu é considerado o mensageiro
dos planos ocultos, dos orixás, sendo o que leva e traz, o que abre e fecha,
nada se fazendo sem ele na magia.
Nas dimensões mais rarefeitas, exu se confunde, unido aos
orixás, com o eterno movimento cósmico provindo do Incriado, sendo
característica d'Ele, denominação dessa qualidade transformadora impossível de
ser transmitida no vocabulário terreno. Grosseiramente, exu movimenta a
energia, não é a energia propriamente: o movimento rotatório do orbe cria as
ondas, mas não é a água dos mares.
São muitos os espíritos que trabalham nas vibrações de exu,
nas várias dimensões cósmicas. No Universo, tudo é energia, e na umbanda não é
diferente: tudo se transforma para o equilíbrio, gerando harmonia. Por isso,
precisais entender as correspondências vibracionais dos quatro elementos
planetários: ar, terra, fogo e água, relacionando-os com cada um dos orixás,
regentes maiores das energias cósmicas, aprofundando a compreensão da magia específica
de cada exu. Eles atuam, segundo determinadas peculiaridades, nos sítios
vibracionais da natureza, fazendo par com os orixás, pois o eletromagnetismo do
orbe é dual: positivo e negativo. O Uno, o Eterno, o Incriado, Zambi, Olurum
(um mesmo nome que representa a Unidade Cósmica) é "energia" e
precisa se rebaixar para chegar aos planos vibratórios mais densos, onde estais
agora. O Uno é dividido, tornando-se dual, tendo duas polaridades, onde existe
a forma, o Universo manifestado na matéria, interpenetrado com o fluido cósmico
universal.
Um exemplo de exu entidade, que tem para os zelosos das
doutrinas puras um nome polêmico, pode ser citado: os denominados exus do lodo.
Energicamente, os espíritos comprometidos com o tipo de trabalho que chancela
esse nome atuam entre dois elementos planetários: terra e água. Se misturardes
um pouco de terra com água, tereis a lama, o lodo. Essas entidades agem segundo
o princípio universal de que semelhante "cura" semelhante: transmutam
miasmas, vibriões etéricos, larvas astrais, formas-pensamento pegajosos,
pútridos, viscosos e lamacentos, entre outras egrégoras "pesadas" de
bruxarias e feitiçarias do baixo Astral que se formam nos campos psíquicos
(auras) de cada consulente, em suas residências e seus locais de trabalho,
desintegrando verdadeiros lodaçais energéticos, remetendo-os a locais da
natureza do orbe que entrecruzam vibratoriamente a terra e a água: beira de rios
e lagos, encostas de açudes, entre outros locais que têm lama e lodo. Nesses
casos, entrecruzam-se nas demandas sob o comando de caboclos da falange de Ogum
Iara. Podem também atuar próximo aos mares, à água salgada, agora sob o comando
de caboclos da falange de Ogum Beira-Mar ou Ogum Sete Ondas.
Por isso, o ato ritualístico em alguns terreiros de jogar um
copo de água na terra (solo) para fixar a vibração magnética da entidade, no
momento de sua manifestação mediúnica (elemento que serve de apoio para a
imantação vibratória das energias peculiares à magia trabalhada).
(Origem: “A Missão da Umbanda” - Ramatís/Norberto Peixoto –
Editora do Conhecimento)
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