Sabedoria Ramatis

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segunda-feira, 25 de junho de 2012

O DRAMA DO CALVÁRIO l






PERGUNTA: Jesus foi realmente flagelado? Temos compulsado obras que desmentem esse relato dos evangelistas, considerando que seria demasiada perversidade e contrária à ética dos romanos flagelar um condenado à sentença de crucificação!



RAMATÍS: Por que Jesus não poderia ser flagelado, se o condenaram ao suplício mais atroz e infamante, como a morte na cruz? Os castigos corporais eram de hábito comum entre os romanos; o chicote, um símbolo do seu poderio sobre os povos vencidos, e a flagelação, embora fosse um método bárbaro, consistia num corretivo tão comum entre os próprios concidadãos de um mesmo país, como o velho regime da palmatória sob o jugo do mestre-escola. E isso não poderia ser diferente naquela época, em que as qualidades cristãs ainda eram embrionárias na humanidade. Aos romanos pouco lhes importava a distinção entre os prisioneiros vencidos ou escravos, pois não lhes minorava a pena e o tratamento o fato de serem pobres, ricos ou cultos, mas qualquer reação do vencido punia-se pelo primeiro capataz ou soldado que se sentisse irado ou ofendido por qualquer resistência alheia.
O chicote descia sem cessar nas carnes dos infelizes escravos, que deviam dar o máximo de suas energias para o bem de Roma. Quando caíam esfoliados ou imprestáveis, os seus algozes os matavam impiedosamente ou então os deixavam apodrecer ao relento e sem qualquer assistência. O burro de carga que hoje trafega pelas ruas das cidades amparado pelas sociedades protetoras dos animais, vive em melhores condições do que o ser humano que era cativo dos romanos. 
Malgrado o nosso sentimentalismo e a preocupação de resguardarmos a cultura de Roma, o certo é que os romanos ainda não revelavam virtudes tão elogiosas, que os fizessem tratar com ternura ou tolerância os rebeldes ou prisioneiros obstinados. O chicote não levava endereço certo; era um modo de manter a memória dos vencidos sempre alerta para o poder e a glória de Roma. Jesus não passava de um judeu culpado de subversão pública, e agravado pela condenação do Tribunal Religioso dos seus patrícios, por cujo motivo seria passível da flagelação habitual a todos os condenados. Embora condenado ao suplício da cruz, nem por isso devia ser poupado do azorrague, como a preliminar tradicional de qualquer punição. No entanto, devido à sua excessiva fraqueza e estado enfermiço febril, o "lictor" vergastou-o de leve, por três vezes apenas, usando o chicote feito de tiras de couro cru, mas sem as pontas de chumbo ou de ossos que arrancavam pedaços da carne.



(Do Livro: “O Sublime Peregrino” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento)


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