Sabedoria Ramatis

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domingo, 9 de dezembro de 2018

MEDIUNIDADE INTUITIVA E ANIMISMO



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"Não resta  dúvida  de  que o  médium consciente  sempre  emoldura  com  sua  índole  psicológica  e  sua bagagem intelectual o conteúdo do que lhe é comunicado do outro mundo."
                                                       (Ramatís)

PERGUNTA.  —  E  no  caso  de  o  médium  ser  intuitivo,  como  se  processa  o fenômeno  anímico?

RAMATÍS:  — A mediunidade  intuitiva,  cuja  manifestação  não  é  mensurável  ou palpável  à  luz  dos  sentidos  físicos,  é  mais  espiritual  e  menos  fisiológica,  conforme  já dissemos,  pois  permite  ao  homem  abranger  panoramicamente  os  fenômenos  de  que  o  seu espírito  participa  em  todos  os  sentidos  de  vida  física,  mental  e  espiritual. 
No  entanto,  quando  nos referimos  ao  médium  intuitivo,  como  geralmente  é  classificado  pela  generalidade  dos  espíritas,  e  não  ao homem  espiritual  em  essência  e  senhor  absoluto  da  percepção  angélica  que  o  põe  em  contato  constante com  o  mundo  divino,  aludimos  ao  médium  que  ouve,  sente  ou  recebe  o  pensamento  dos  desencarnados, mas  o  faz  de  modo  consciente.
O  espírito  desencarnado  age  diretamente  no  cérebro  perispiritual  do  médium  intuitivo  que, depois,  transmite  as  idéias  do  seu  comunicante  para  o  mundo  material,  servindo-se  do  seu  próprio vocabulário  familiar  e  vestindo-as  com  suas  expressões  peculiares. 
E  assim  o  médium  intuitivo  tem  pleno conhecimento  do  que  diz  ou  escreve,  sendo  esse  tipo  de  mediunidade  o  mais  comum  e  generalizado entre  os  homens.  Por  isso  exige  a  melhor  interpretação  possível  do  que  é  enviado  do  Além,  e  não  se presta  satisfatoriamente  para  determinação  correta  da  identidade  dos  espíritos  comunicantes,  tão exigida  pelos  pesquisadores  de  provas,  sempre  tão  desconfiados  da  realidade  imortal.  Ela  não  serve  para oferecer  os  detalhes  minuciosos  que  a  família,  em  seu  ceticismo comum, exige do parente desencarnado em comunicação  pelo  médium  de  boa-vontade. Quando  o  médium  intuitivo  é  ainda  inseguro  e  deficiente, então  as  comunicações  dos desencarnados podem ser reduzidas, deturpadas ou confusas, pois devem passar primeiramente  pelo  cérebro  físico  dele,  que assim  as  fiscaliza  e  as  expõe conforme suas posses intelectuais e temperamento psicológico. Em conseqüência, se  o  médium  intuitivo  é  excessivamente  anímico,  as  idéias  recebidas  dos  desencarnados  fundem-se  com  as suas  idéias  próprias  ou  preconcebidas,  influindo  também  a  bagagem  do  seu  subconsciente,  que  pode  ser tomada  como  sendo  uma  entidade  desencarnada. Assim,  os  pensamentos  amplos,  ou  os  conceitos  filosóficos  incondicionais,  da  vida  espiritual, sofrem  as  restrições  acanhadas  do  médium  que  os  recepciona. 
Devido  ao  seu  condicionamento particular,  ele  enquadra  tudo  o  que  os  espíritos transmitem na moldura do seu intelecto, que é limitado pelas chapas  ou  lugares  comuns  da  vida  humana.  Se  se  tratar  de  criatura  avessa  ao  estudo  e  ainda  ingenuamente convicta  de  que  basta  a  "boa  intenção"  para  garantir  o  êxito  de  sua  tarefa  ainda  incipiente,  não  há  dúvida  de que  muitas  vezes  ela  comunicará  coisas  tolas  e  ridículas,  à  conta  de  mensagens  de  alto
  teor espiritual.
PERGUNTA:  —  Como  poderíamos  compreender  mais  claramente  esse condicionamento  mediúnico,  capaz  até  de  modificar  o  teor  das  mensagens  dos  espíritos comunicantes?

RAMATIS: — O médium, em verdade, também é uma personalidade destacada no tempo e no espaço, e não passa de  criatura  humana  restrita  ao  campo  de  provas  da  Terra,  que  ainda  é um  planeta de ordem  inferior. 
Desde  a  infância  ele  se  condiciona  ao  ambiente  em  que  vive  e  é  educado;  sofre  então  a influência  dos  seus  parentes,  amigos,  professores,  filósofos,  cientistas  e  lideres  religiosos,  com  os  quais mantém  contato  no  seu  roteiro  educativo  e  que  por  isso  também  nele  influem  psicologicamente.  Durante  a eclosão  e  o  desenvolvimento  da  mediunidade,  esse  médium  ainda  fica  circunscrito  à  influência  dos  seus confrades  espíritas,  que  o  assistem  e  o  orientam  na  caminhada  vacilante  para  o  seu  ajuste  sensato  aos postulados  do  Espiritismo.
No intercâmbio  mediúnico,  ele  ainda  se  vê  obrigado  a  cingir-se  à  psicologia  dos  desencarnados com  os  quais  se  relaciona  mais  freqüentemente  e  que,  por  isso,  impõem-lhe  um  certo  cunho  pessoal. Conseqüentemente,  o  intelecto  desenvolvido  ou tardo do médium intuitivo e as suas concepções  amplas ou  as  premeditações  acanhadas,  sobre  a  natureza  da  vida  imortal,  hão  de  influir  fortemente  nas comunicações  dos  desencarnados,  quer  restringindo-lhes,  quer  ampliando-lhes  o  curso  das  idéias  projetadas do  Além. 
Não resta  dúvida  de  que o  médium consciente  sempre  emoldura  com  sua  índole  psicológica  e  sua bagagem intelectual o conteúdo do que lhe é comunicado do outro mundo.

DO LIVRO: "MEDIUNISMO" RAMATÍS/ HERCÍLIO MAES  - EDITORA DO CONHECIMENTO.

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