Sabedoria Ramatis

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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O Espiritismo e o caráter da sua assistência material e espiritual.





PERGUNTA: - Aludindo ao serviço de caridade do Espiritismo, no Brasil, porventura outros credos também não o têm praticado a contento, tais como os, que mergulham nas regiões mais afastadas do globo a fim de socorrer os selvagem e os famintos de pão e de esclarecimento?

RAMATÍS: - Reconhecemos que o protestantismo, principalmente, desenvolveu no mundo um bem organizado e louvável programa de paz e amor, pois os seus adeptos se embrenham pelas matas e regiões inóspitas, levando o consolo, o socorro e o medicamento aos infelizes párias que se encontram em zonas distantes e sem quaisquer recursos de assistência imediata. Nesses labores socorristas e caritativos, eles são disciplinados, metódicos e ordeiros, conseguindo resultados proveitosos em favor dos enfermos e necessitados. Muitos desses protestantes heróicos são almas de escol, que deixam suas moradias felizes a fim de servirem ao homem terreno ainda preso às cadeias do raciocínio primário e inconscientes quanto à sua hierarquia moral e espiritual na ordem da Criação.
No entanto, o programa espírita é mais avançado no seu conteúdo doutrinário, pois através dele o Alto tem como principal finalidade esclarecer o espírito do homem e libertálo conscientemente dos ciclos dolorosos das encarnações terrenas, ajudando-o a compreender e a sentir qual o verdadeiro motivo e objetivo real da vida, de modo que ele tenha consciência plena de si mesmo como espírito eterno ou imortal. E então, esclarecido de que é uma entidade superior, ele se esforce por vencer os instintos animais e alcance, o mais breve possível, o seu destino glorioso da angelitude, que o libertará das reencarnações e lhe facultará ser feliz em todos os recantos do universo a serviço de Deus e das humanidades em seus estágios de evolução.
Embora o Protestantismo realize proveitoso trabalho de assistência junto aos deserdados da sorte, a sua meta precípua é "salvar" as criaturas, as almas, mediante o cultivo das virtudes santificantes, mas, também, ameaçando-as de que os pecados as condenarão às chamas do Inferno por toda a eternidade!

Ora, o homem precisa aprender a cultivar a virtude, porém, conscientemente, sem ameaças ou temores; e permanecendo no seio da vida comum em experimentações educativas com os demais seres. Enquanto na sua tarefa benfeitora os protestantes orientam as criaturas no sentido de vencerem os pecados do mundo, fechando os olhos para não vê-los, os espíritas as ensinam a imunizarem-se contra as tentações mediante o raciocínio que ilumina e edifica a consciência, fazendo que o homem se torne capaz de enfrentar as sombras do pecado sem contagiar-se. Mesmo porque ninguém deve fugir às lutas de um mundo que Deus criou como escola educativa indispensável para a Alma.
O selvagem, o doente ou o faminto que, depois de amparado materialmente pelo Protestantismo, resolve fugir aos pecados do mundo porque receia que a sua alma seja lançada no Inferno, essa fuga não conseguirá extinguir os reca1ques malignos dos instintos, pois esses desejos recalcados ou adormecidos tornarão a "explodir" assim que se apresentem circunstâncias favoráveis, capazes de romper as amarras débeis da sua vontade mal disciplinada.
As virtudes, quando impostas, não têm força para resistir à compressão dos instintos inferiores. Só a consciência espiritual emancipada pela sua própria auto-evangelização está em condições de vencer a tremenda batalha moral entre o homem-espírito e o homemanimal.
Em qualquer circunstância da vida a "proibição" estimula o desejo e provoca o espírito à infração, pois é da natureza humana preferir o que lhe faculta vantagens ou prazer imediatos e desinteressar-se por quaisquer benefícios ou promessas futuras e que lhe parecem enigmáticas.
Embora louvemos os credos religiosos dogmáticos no seu trabalho de assistência ao próximo e no serviço do Cristo a favor dos párias do mundo, somos obrigados a salientar o Espiritismo, pois além de sua tarefa socorrista e de estímulo espiritual, é doutrina de esclarecimento consciente. As exortações doutrinárias cujo "pano de fundo" são as fogueiras do Inferno ou o paraíso do Céu podem fazer compreender quanto às vantagens de ser bom e ser premiado; porém, de modo algum, dão ao homem aquele discernimento moral, subsistente, apoiado na meditação que considera, deduz, compara e o habilita a saber qual o rumo mais certo e seguro que lhe convém seguir na jornada da sua evolução como espírito imortal.

Do livro: “ELUCIDAÇÕES DO ALÉM” Ramatís /Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.


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