O princípio espiritual é criado por Deus, simples e ignorante. Os
processos da Divindade Suprema condutora dos desígnios do Cosmo, ainda não vos
é permitido conhecer, pois a ciência terrícola ainda está muito aquém, para que
o homem tenha plena compreensão da física cósmica.
Podereis ter apenas uma vaga noção em vossa capacidade de entendimento:
o princípio espiritual sempre existiu, pois faz parte dessa chama divina que
transcende o tempo e o espaço, que a tudo vê e em tudo está presente, que é
Deus, nosso Pai. Acontece que essa partícula se desprende do Todo e inicia sua
longa e solitária viagem, extensa jornada evolutiva, tendo que adquirir as potencialidades
transcendentais do Criador. Como não há favorecimentos nas leis cósmicas e o
Pai é soberanamente bom e justo, seus filhos têm a incumbência de evoluir com
experiências próprias. Desde o início, o princípio espiritual tem a necessidade,
que lhe é parte indestacável, de aprender, de crescer evolutivamente e retomar
ao Todo. É um magnetismo irreversível, pois o Todo é a condição do anjo, do
arcanjo, destino inexorável que o espírito alcançará um dia. O princípio
espiritual, já tendo passado pelo mineral, pelo vegetal e pelo animal, não
necessariamente em um único orbe, pois a evolução não se dá numa única
partícula do Universo infinito, conquista, meritoriamente, o direito ao ciclo
das encarnações hominais. Nesse momento, então, principia a manifestação da
consciência.
O homem-espírito não compreende o mecanismo da morte; não entende
quando se vê diante de um semelhante moribundo, caído, sôfrego, no instante do
passamento ao outro lado, ao outro plano dimensional da vida. De início, se
revolta, tendo uma. concepção muito arcaica e rudimentar da Divindade. Concebe
não um Deus, mas vários deuses. Estando preso à matéria, desde o início de sua
jornada evolutiva, não consegue abstrair e conceber a Divindade como sendo imaterial,
fora do mundo físico e imperceptível aos seus sentidos grosseiros e
animalizados.
Idealiza os deuses, como homens iguais a si e a viverem num eterno
não fazer nada, num mundo de sonho e de prazer, numa projeção inconsciente das
suas expectativas egoísticas do que seja o paraíso celestial; visão saudosista
e obnubilada de quando fazia parte do Todo cósmico. Esta é a concepção de
paraíso, instalando-se o paganismo.
O homem procura subverter a vontade dos deuses, agradando-os,
fazendo-lhes oferendas: presentes, manjares, animais mortos e até o sacrifício
do próprio homem, seu irmão, para apaziguar a ira desses deuses, e como
oferecimento para obter a dádiva dos Céus. Sua ideação de Divindade é
incompleta e limitada. Não consegue interiorizar-se e buscar dentro de si a
chama de Deus que está apagada. Assim, se fez na História, nos diversos ritos
pagãos que se formaram e em todo início de sentimento religioso: o princípio
espiritual acrisolado na carne, preso ao mundo da forma material, buscando
voltar ao seio da Divindade, mas com uma ideação e ação individualistas,
centradas no ego mais primário. Ocorreu em outros orbes e na Terra, sendo as
leis cósmicas únicas a viger na amplidão universal. Chega, num momento propício
da programação evolutiva do terrícola, o divino mestre Jesus com sua missão
libertadora. Esclarece o reino do Pai, diz que há muitas moradas, que ninguém
pode conhecer o seu reino se não nascer de novo, descortinando os ensinamentos
do Cristo para iluminação dos homens-espírito. Tendo Jesus cumprido sua missão
de maneira irretocável, prossegue o cristianismo vigente, puro, como chama
divina e crística a iluminar as consciências. Sustenta se numa mensagem
universalista, de amor, em que um Deus único, de compreensão, de solidariedade,
serve de alento e conforto a todos, mas encontra receptividade maior nos
miseráveis, nos pobres, nos doentes e nos excluídos do poder da época. Nesse meio,
encontra naturalmente o solo fértil e propício à propagação das idéias e do
socorro que jorrava do Alto, das esferas siderais.
Com o enfraquecimento do Império Romano, vislumbram os
mandatários, numa manobra arquitetada para se perpetuarem no poder, a
possibilidade de abarcarem e fundirem-se com o movimento cristão, que cada vez
mais crescia. Isso feito, a apropriação da religiosidade, da religarse a Deus
como forma de domínio das massas, através da incorporação do cristianismo crescente
ao Estado imperial também associou todos os ritos, hierarquias, paramentos,
símbolos e costumes da religião romana, que era uma colcha de retalhos, um
apanhado de várias crenças e ritos pagãos que foram acrescentando-se durante
todos os tempos, em decorrência do crescimento e da exigência de manutenção do
Império Romano, quando da conquista de outros povos. A partir de então, tem-se
o cristianismo como religião oficial do Império, institucionalizando-se a
Igreja Católica, desenhando-se a sua organização baseada no modelo romano: as
congregações, o clero, os concílios e o papado, com sua posterior ascensão.
Não imaginava a humanidade todas as conseqüências que adviriam dos
desvios da mensagem esclarecedora do cristianismo, de sua união com os interesses
mesquinhos dos homens, entorpecidos nos intensos prazeres e sensações voláteis
que a carne pode propiciar. Numa insatisfação contumaz, fruto das exigências
cada vez maiores da rede de intrigas, invejas, ciúmes, vaidades, luxúria, hipocrisias
e viciações, que acompanhavam os mandos e desmandos de então, aliados à
centralização e ao controle do conhecimento, vão-se criando no carma da
coletividade terrícola as condições para a instalação, séculos depois, dos
penados mais terríveis e penumbrosos já vivenciados na História recente da
humanidade, que foram a "Santa" Inquisição e a ascensão do nazismo,
com o holocausto judeu na Segunda Guerra Mundial. Manobra muito bem urdida nas sombras
astrais, deu brecha à sua aceitação condição de imoralidade de que o próprio
homem foi responsável. A medi unidade e o intercâmbio medianímico, imanente ao
princípio espiritual, no corpo físico ou não, encontrou ambiente descontrolado
e sem qualquer interesse altruístico; verdadeira mancha escura na aura coletiva
da Terra, a demarcar-lhe as repercussões cármicas até os dias atuais.
Poupemos a instituição da Igreja, pois foram os seus componentes,
em posição de liderança, encarnados e desencarnados, em simbiose, com seus
interesses imediatistas e mundanos, os únicos responsáveis por essa nefasta
influência, que tanto mal trouxe das sombras e das trevas do Astral. Não
estamos a relembrar-vos fatos negativos. Apenas, esqueceis muito facilmente a condição de liberdade que tendes hoje, para expressar-vos
livremente, religar-vos ao Pai na fé que praticais e no exercício da medi
unidade. Voltemos ao princípio espiritual. Ainda acrisolado na carne, no
tentame de voltar ao Todo,e como perdido num grande labirinto, não consegue encontrar
a saída. Ora vai para a direita, ora para a esquerda, e quando menos espera,
eis que está no lugar de partida. Não é fácil a libertação do mundo da matéria.
A medi unidade é prevista pelo Altíssimo para mais rapidamente iniciardes vossa
libertação, resgatardes vossas faltas e voltardes ao Pai. Os medianeiros
precisam muito de nosso auxilio e temos comprometimento neste sentido, pois não
há ociosidade no Cosmo. Quando em trabalho de caridade, no mais das vezes,
precisamos criar cenários, numa ideoplastização, a fim de conseguirmos o ato
volitivo, da vontade do medianeiro, que precede a formulação do pensamento, que
deve ser compatível com o tipo de atividade realizada.
Vamos exemplificar: se estamos num trabalho de varredura
energética, de higienização em uma determinada localidade astralina, e a visão desse
cenário chocaria e desequilibraria os pensamentos do médium, caindo seu padrão
vibratório, criamos na sua tela mental ou à sua volta um cenário fluídico, de
um local sujo, que precisa ser limpo e, através desse quadro, no qual nosso obreiro
se apóia de forma que lhe é mais familiar, conseguimos o pensamento
correspondente e adequado, que nesta exemplificação poderia ser: "Porque
este local está sujo e ninguém o limpa?"
A partir daí, mobilizamos melhor os recursos magnéticos, energéticos
e fluídicos densos para a consumação final do trabalho. Esse artifício positivo
também é muito solicitado no trato com os irmãos desencarnados.
Criamos cenários similares aos da vida que tiveram quando
encarnados, a fim de que eles sintam se bem. Esses recursos são utilizados
igualmente naqueles medianeiros que têm a clariaudiência. Utilizamos recursos sonoros, de sonoplastia, para resultado
satisfatório. Em ambos os casos, podemos mobilizar registros, visuais e sonoros, de ideoplastia e sonoplastia,
que ficaram no Éter cósmico, como que gravados numa fita magnética.
Interceptamos essas gravações, independendo da antigüidade no tempo como
conheceis, pois todas estão lá e são acessíveis (1). É como se essas gravações
fossem feitas uma em cima da outra e pudéssemos dissociá-las a qualquer
momento, capturando a de interesse específico.
(1) Registros akáshicos, na terminologia oriental já familiar no
Ocidente, ou memória da natureza. Chegará um dia em que o princípio espiritual
libertar-se-á, voltando definitivamente ao Todo cósmico, ao seio do coração
divino, contribuindo com a criação, com a harmonia universal, sendo infinito o
campo de atuação. Libertai-vos, irmãos, e que o Cristo vos ilumine a caminhada:
"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
Muita paz e muita luz!
Ramatís- “Chama Crística”
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