Sabedoria Ramatis

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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Umbanda à luz do Cosmo - X




PERGUNTA:  E o que dizeis de alguns confrades umbandistas que negam abertamente a relação de culto com os ritos africanistas, afirmando a origem "cabocla" desse movimento em solo pá trio, e que não teria nenhuma ligação com os negros da África?
VOVÓ MARIA CONGA:  Que esses filhos são movidos por preconceito e discriminação racial e que consideram os cultos africanistas inferiores. Realmente há uma predominância de caboclos nas manifestações mediúnicas e nos prepostos dos orixás, e em todos se fazem presentes os caboclos peles-vermelhas, a exceção da linha de Yorimá e Yori. Mas o ser negro ou vermelho tem relação somente com uma existência na carne. Todos estamos constantemente evoluindo e já passamos muitas vezes no vaso da matéria. Não discutiremos profundamente as nuanças da magia etéreo-física envolvida em cada culto ou raça ligada ao antigo e primevo conhecimento Aumbandhã, que veio de outra parte do Cosmo para auxiliar os homens, pois confundiríamos o leitor menos atento ao ocultismo umbandista.
Não temos a menor dúvida da nossa vinda de outra constelação, da nossa passagem pelas comunidades atlante e lemuriana, e estamos convictas da utilização desses conhecimentos em nossas encarnações como negra africana. Preocupemo-nos com questões maiores e constituídas de amor fraterno e solidário para o exercício da verdadeira caridade.
Como diz o bugre rude do interior: "Cavalo ganho não se olha os dentes, não se pergunta a idade nem o tipo de pêlo, pois nos apraz é a serventia que o bichano vai ter." Tratemos a Umbanda como um cavalo ganho pelo grande senhor das almas, nosso Cristo-Jesus.
 
PERGUNTA: - Muitos dizem que as entidades intituladas caboclos são rudes, ásperas e um tanto coercitivas, não tendo trato fraterno, e que desrespeitam o livre-arbítrio e o merecimento individual nas atividades socorristas tanto aos encarnados como desencarnados. Isso é verdadeiro?

VOVÓ MARIA CONGA:  Estamos todos evoluindo ininterruptamente. Realmente, alguns caboclos são diretos e ríspidos em alguns momentos. São índios aguerridos que enfrentam todo o tipo de batalha com entidades de baixíssimo estado evolutivo, violentas, duras e raivosas. Enfrentam as organizações dos lucíferes do Umbral Inferior, resgatam prisioneiros e sofredores muitas vezes em condições extremamente adversas, em locais de grande densidade, quase que materializados e de dificílima movimentação. Toda atuação das falanges atuantes na Umbanda é regida pela Lei do Carma e pelo merecimento do socorro oferecido àqueles que são amparados. Como as remoções e desmanchos envolvem grandes comunidades de desencarnados sofredores, seja mago negro ou soldado de organização do mal, as avaliações individuais da situação cármica dos socorridos são feitas posteriormente nos locais de detenção do Umbral Inferior, que são fortalezas vibratórias da luz crística no meio da escuridão. Logicamente um caboclo não terá a gentileza de uma freira na sua incursão às regiões trevosas e abismais, pois se assim fosse, o dispensaria da necessidade de apresentação do seu corpo astral como guerreiro indígena. Muitas vezes, uma voz rude e áspera denota espírito amoroso e sinceridade, ao contrário do verniz fraterno de mentes controladoras e maquiavélicas, que disfarçam seus verdadeiros sentimentos com a oratória recheada de conhecimento evangélico decorado em anos de estudo, mas com o coração árido de amor.

PERGUNTA: - O método socorrista da mesa kardecista não é mais recomendado sob o ponto de vista do Evangelho do Cristo?
 
VOVÓ MARIA CONGA:  Se a modalidade de cura para o filho socorrido é a conversa esclarecedora com grande apelo evangélico, e que está de acordo com a sua consciência, encaminhamos esse irmão socorrido para a mesa kardecista. A cada um é dado de acordo com a sua necessidade evolutiva. Mas consideremos que nem todos no Universo em que atuamos estão receptivos a esse tipo de atendimento doutrinário. Há uma linha dividindo a necessidade de esclarecimento evangélico que socorre, da pretensão de alguns homens de a todos doutrinarem. O convencimento religioso e místico vem do íntimo de cada criatura, e o que se pode fazer é orientar, em alguns casos, nunca catequizar ou tentar indistintamente convencer todos que se apresentam de crença contrária. Jesus não doutrinava os demônios dos possuídos, e sim "expulsava-os" com sua superioridade moral e energia crística. Entendemos que o Evangelho do Cristo recomenda o amor ao próximo como a si mesmo, e o fato de um caboclo ser de poucas palavras, rude e áspero, não o coloca como menos ou mais amoroso com seus irmãos do que o articulado doutrinador espírita de oratória eloqüente, pois tais situações podem dissimular os verdadeiros sentimentos que estão em desacordo com as aparências que tanto os homens valorizam.
Do livro: “Evolução No Planeta Azul” Ramatís e Vovó Maria Conga/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento.

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