Sabedoria Ramatis

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sábado, 8 de dezembro de 2012

Jesus e as Suas Parábolas – VI parte final







PERGUNTA: Em que circunstâncias Jesus simpatizou com as parábolas, e fê-lo decidir a utilizá-las como o meio de comunicação mais acessível e convincente ao povo judeu?


RAMATÍS: - Embora mesmo alguns espíritas discordem de que Jesus teve contato com os essênios, (2) o Divino Mestre manteve íntimo relacionamento com eles, cuja vida simples, de elevado padrão espiritual comunitário e isenta de quaisquer vícios ou os costumes criticáveis, era já um esquema inicial da sabedoria e da beleza do Cristianismo.
Apreciando-lhes a constante troca de idéias e comunicabilidade, através do uso comum da parábolas, Jesus, intuitivo incomum, inteligente e supersensível, percebeu que essa forma de intercâmbio verbal era a mais perfeita, excelente canal para ensinar o conteúdo de sua doutrina aos homens de todas as épocas.
Servindo-se da louvável peculiaridade da parábola como elemento fácil de comparação, Jesus passou a usá-la para despertar a dinâmica espiritual na mente das criaturas simples e sem cultura sistematizada. Sentindo o Mestre na natureza a vibração do espírito imortal, costumava recorrer aos seus fenômenos e objetivos em comparação com os acontecimentos da vida humana. Dava-lhes a feição de coisas que pareciam vivas e se mantinham em estreita relação, como se a Terra fosse apenas a ante-sala do céu, onde o homem primeiramente devia limpar as suas sandálias. Jesus extraía admiráveis lições da simples queda de uma folha, do murmúrio do regato, da mansuetude da pomba, da sagacidade das serpentes, da importância do tesouro enterrado, da singela semente que o semeador depunha no solo. Os seus ouvintes embeveciam-se ante a beleza e a força das imagens que o Divino Mestre sabia compor em simbiose com o encanto da natureza.
Assim, os acontecimentos mais sisudos e severos, os fatos mais complexos e difíceis tornavam-se simples e compreensivos ao mais rude campônio, em face da singeleza com que era apresentado, ajustando-se perfeitamente às mais variadas estruturas mentais de cada ouvinte.
O Mestre Jesus simpatizou de imediato com a graça e o encanto das parábolas, porque podia resumir narrativas e oferecer admiráveis lições de moral superior, entendíveis em qualquer recanto onde houvesse vida humana. Modelava as frases e as escoimava do trivial, inócuo e do inexpressivo; sabia transformar a mais singela pétala de flor no centro de um acontecimento de relevante fim espiritual. Do mais insignificante fenômeno da natureza ele fazia sentir a força das leis cósmicas. As parábolas, sob o quimismo espiritual do Amado Mestre e sob a brisa cariciosa do seu Amor, valiam por ensinamentos eternos e que penetravam fundo na alma dos homens.
Através da diminuta semente de mostarda explica a fé que remove montanhas e cria os mundos; na parábola do talento enterrado adverte quanto à responsabilidade do homem no mecanismo da vida e da morte; servindo-se do trigo e do joio, simboliza a seleção profética dos "bons" e dos "pecadores" no seio da humanidade. Enfim, graças às parábolas e do que elas podiam conduzir de respeitabilidade e da comunicação proveitosa e fiel, Jesus despertava nos homens as reflexões para a Verdade e lhes ativava o fundamento da vida eterna do Espírito. Por isso, suas palavras eram suaves, doces e recendiam o próprio perfume dos campos e o aroma das florezinhas silvestres; suas formas e suas cores ficavam vivamente gravadas e nítidas na mente dos seus ouvintes. Era um narrador de histórias dotado de um insinuante magnetismo; um peregrino descido dos céus, que se punha a contar as coisas mais delicadas e atrativas de paragens edênicas. Aquela gente derramada pelas encostas floridas, recostada nas pedras e nos tufos de capim verdejante, ficava imóvel, sem um gesto, atenta à musicalidade da voz amiga e confortadora do rabi galileu. Mas tudo se justificava, porque a poesia modelava o conteúdo das parábolas; nas suas narrativas vicejavam o mar, as montanhas, as aves, os rios, as flores, as nuvens, o campo e as árvores, gravando-se tudo na forma de imagens claras e objetivas sem forçar o cérebro dos mais incultos.
São tão importantes as parábolas, que elas poderiam reconstituir todo o ensino do Evangelho, caso fossem extraviados ou desaparecidos os textos tradicionais deixados por Mateus, Lucas, João e Marcos. Através das parábolas, Jesus se revelou poeta, cuja imaginação de prodigioso sentido espiritual atingia as fímbrias do céu; foi um santo pela sublimidade de sua moral incomum; divino, pela majestade do seu caráter insuperável e gabarito sideral. Jamais hesitou na sua heróica missão de transfundir a luz crística para o orbe terráqueo mergulhado nas sombras da animalidade. A história do mundo menciona tantos libertadores nutridos pelo sangue dos povos vencidos, enquanto Jesus consubstanciou a liberdade do homem agrilhoado à instintividade inferior que o prende à terra, vertendo o seu sangue no madeiro da cruz. (3)

2- Nota do Médium - Vide a obra "O Sublime Peregrino", capítulo "Jesus e os Essênios", onde Ramatís relata e fundamenta a permanência e convivência do Mestre Jesus entre os essênios, dos quais assimilou muito dos seus costumes, símbolos, iniciações e, principalmente, o manejo das parábolas, em que eles eram exímios.

3- Nota do Redator - Apenas com referência ao reino dos Céus, Jesus proferiu oito parábolas à beira do mar da Galiléia, nas quais definiu o modo de a criatura receber a vida eterna, conflito entre o bem e o mal, o caráter da semente que cresce misteriosamente, o valor do reino dos Céus, e o sacrifício do homem para alcançá-la. Após sair da Galiléia, entre a festa dos tabernáculos e da Páscoa, o Mestre expôs dezenove parábola ilustrando o reino dos Céus e, ainda, seis outras durante a última semana em Jerusalém, onde referiu-se, também, ao julgamento final e à consumação do reino.


Do livro: “O Evangelho À Luz Do Cosmo” – Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.

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