"Aos que muito sabem e ambicionam, muito será cobrado"
Qual
vossa opinião sobre o sacrifício de animais na umbanda?
A
umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para assentamentos vibratórios
dos orixás nem realiza ritos de iniciação para fortalecer o tônus mediúnico com
sangue.
Não
tem nessa prática, legítima de outros cultos, um dos seus recursos de oferta às
divindades. A fé é o principal fundamento religioso da umbanda, assim como em
outras religiões. Suas oferendas se diferenciam das demais por serem isentas de
sacrifícios animais, por preconizarem o amor universal e, acima de tudo, o
exercício da caridade como reverência e troca energética junto aos orixás e aos
seus enviados (os guias espirituais).
É incompatível ceifar uma vida e ao mesmo
tempo fazer a caridade, que é a essência do praticar amoroso que norteia a umbanda
do Espaço. Toda oferenda deve ser um mecanismo estimulador do respeito e união religiosa
com o Divino, e daí com os espíritos da natureza e os animais, almas-grupo que
um dia encarnarão no ciclo hominal, assim como já fostes animal encarnado em
outras épocas.
Mas, e os
dirigentes de centros que sacrificam em nome da umbanda?
Reconhecemos
que na mistura de ritos existentes, nem tanto nas práticas mágicas populares,
dado que templos iniciáticos vistosos matam veladamente para fazer o "indispensável"
ebó ou padê de "exu", se confundem o ser e o não ser umbandista.
Observai a essência da Luz Divina (fazer a caridade) e sabereis separar o joio
do trigo. Tal estado de coisas reflete a imaturidade e despreparo de alguns
dirigentes que se iludem pela pressão de ter de oferecer o trabalho
"forte".
As exigências de quem paga o trabalho espiritual e quer
resultados "para ontem" acabam impondo um imediatismo que os conduz a
adaptar ritos de outros cultos ao seus terreiros. Na verdade, há uma enorme
profusão de rituais que é confusa, refletindo o estado da consciência coletiva
e o sistema de troca com o Além que viceja o "toma lá da cá". Toda
vez que um
médium aplica um rito em nome do Divino e sacrifica um animal, interfere num
ciclo cósmico da natureza universal, causando um desequilíbrio, pois interrompe
artificialmente o quantum de vida que o espírito ainda teria de ocupar no vaso
carnal, direito sagrado concedido pelo Pai. Pela Lei de Causa e Efeito, quanto
maior seu entendimento da evolução espiritual (que inexoravelmente é diferente
da compreensão do sacerdote tribal de antigamente), ambição pelo ganho financeiro,
vaidade e promoção pessoal, tanto maior será o carma a ser saldado, mesmo que
isto aparentemente não seja percebido no presente. Dia chegará em que tais
medianeiros terão de prestar contas aos verdadeiros e genuínos
"zeladores" dos sítios sagrados da natureza que "materializam"
os orixás aos homens e oportunizam os ciclos cósmicos da vida espiritual, ou melhor,
as reencarnações sucessivas das almas em vosso orbe.
Fonte:
“Umbanda Pé No Chão” Ramatís/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento.
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