Sabedoria Ramatis

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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O Semeador – VIII



PERGUNTA: - Quais são os motivos principais que tanto influíram para os homens negligenciarem a essência pura do Cristianismo, a qual foi tão claramente comunicada por Jesus numa linguagem correta, fácil de assimilar?

RAMATÍS: - Em face do primarismo da humanidade da época, os homens não podiam aceitar a concepção e a comunicação do Cristianismo em sua fidelidade essencial.
Ainda não estavam em condições de entender o "reino de Deus", ou o "reino dos Céus", porque a predominância dos prazeres do corpo sobre os do espírito, do concreto sobre o abstrato, impedia-os de vislumbrar a irrea1idade da vida nas formas. Assim, os terrícolas assimilaram o Cristianismo segundo a sua própria capacidade e imaturidade, jamais conforme realmente pregava o Mestre Jesus, espírito de escol, que se preocupava essencialmente com a libertação do homem das sensações carnais.
Ainda hoje, a semente crística continua a germinar através dos movimentos e religiões, sem diretrizes definitivas no tempo e no espaço, mais resultante das culturas e das organizações humanas. Certos movimentos religiosos e espiritualistas arvoram-se enfaticamente no próprio Cristianismo puro e redivivo do Cristo, mas estratificam-se numa outra realização dogmática, ao abandonarem a dinâmica crística por se tornarem meros transmissores de conceitos e especulações excêntricas da letra impassível do discutido biblismo, ou nos ensinos de algum homem invulgar. Divulgam os ensinamentos crísticos universais, mas fazem-no dentro do molde peculiar e individualístico da preferência e convicção dos próprios responsáveis pela mensagem religiosa. Ante a obstinação de se considerarem a própria instituição do Cristianismo definitivo, tais movimentos religiosos adventícios ficam sentenciados pelo fatal aniquilamento produzido pela própria ramagem ostensiva, pretensiosa e sufocante. É o arvoredo que seca e se desfolha, sob o Sol causticante da Verdade pura e iniciática, relatada pelo inolvidável Jesus.

PERGUNTA: - Porventura, nenhum credo ou movimento espiritualista deve se organizar como qualquer instituição humana, em face do perigo de estacionar no tempo e no espaço? Qualquer mensagem espiritual há de ser acéfala, livre e sem disciplina doutrinária, se quiser sobreviver sob o espírito de sua origem iniciática?

RAMATÍS: - Há que se distinguir, sensatamente, na pedagogia sideral, o mundo de "Mamon", que é provisório, limitado e formal, do reino espiritual ilimitado, infinito e eterno de Deus. Assim como ninguém conseguirá explicar com precisão todo o Universo Material, também é impossível explicar o elemento divino na morfologia dos mundos físicos transitórios. O que pode ser compreendido é a tessitura, a fisiologia do corpo humano, do qual se extraem ilações e extrapolações para o espírito, porém, jamais o espírito. E como o Cristianismo trata essencialmente do espírito na sua conquista dinâmica e ilimitada do reino de Deus, nenhuma instituição do mundo poderá dar a última palavra, ou arrendá-lo em definitivo, mas tão-somente divulgá-lo segundo as normas para uma vida cada vez mais sadia e ampla, porém, de acordo com a semente pura e original.
Todas as instituições, credos, seitas e demais movimentos organizados, através de padrões estatutários, com dogmas, ritos, cultos e obrigações particulares, significam apenas opiniões sobre o Cristianismo, mas não o seu espírito transcendente e infinito. Talvez pudéssemos considerá-los quais jardineiros a cuidarem da semeadura, buscando protegê-la durante o crescimento delicado e tenro. Mas a floração crística dessa semente do "reino Divino" há sempre de alcançar o seu fim, quaisquer que sejam os limites impostos pelo mundo transitório de Mamon. A dinâmica do Cristianismo eterno jamais poderá ser julgada através de qualquer instituição ou confraria organizada nos padrões humanos da vida provisória. Na organização carnal delimitada nos modelos da vida humana, nunca será permissível o encarceramento da essência pura e divina.

“O Evangelho À Luz Do Cosmo” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.

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