Sabedoria Ramatis

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domingo, 2 de setembro de 2012

Todas as criaturas são médiuns? – Vlll Parte





PERGUNTA: Se não há necessidade de o homem ser médium para ser espírita ou então ser espírita para ser médium, não podíamos considerar que todas as doutrinas espiritualistas que provavelmente também sofrem a influência dos desencarnados, não passam de outros tantos movimentos semelhantes ao Espiritismo?


RAMATÍS: De início, é conveniente distinguir-se o que é Espiritismo e o que significa Mediunismo. Espiritismo é doutrina disciplinada por um conjunto de leis, princípios e regras, que tanto orientam as relações entre os espíritos encarnados e os desencarnados, como também promove a renovação filosófica e moral dos seus adeptos. No entanto, a faculdade mediúnica pode existir independentemente de a criatura ser espírita ou mesmo indiferente aos fenômenos mediúnicos.
Há médiuns que operam em vários setores espiritualistas, mas não aceitam nenhum dos postulados básicos do Espiritismo, assim como também existem espíritas que são alérgicos às sessões mediúnicas e se interessam exclusivamente pelo conteúdo filosófico da doutrina. Aliás, muitas vezes é preferível admitir unicamente os conceitos lógicos e sensatos com que Allan Kardec integrou a codificação espírita, antes mesmo de se buscarem provas e coligirem os princípios doutrinários do Espiritismo por intermédio de alguns médiuns manhosos, tolos, anímicos e preguiçosos, que nem sempre mantêm conduta regular no mundo profano.
Só pelo fato de verificar-se a atuação de espíritos em qualquer gênero de trabalhos mediúnicos, não se infere disso que ali se pratique Espiritismo. A doutrina espírita só é realmente confirmada em sua prática quando, independentemente dos fenômenos mediúnicos, os seus adeptos aceitam e cultuam as suas regras e os seus princípios morais elevados no trato da vida material. Não basta ao homem freqüentar os centros espíritas, ouvir espíritos "falarem "da vida imortal, solicitar receitas e passes, para que assim já se considere excelente espírita. Sem dúvida, coisa parecida também fazem o católico e outros religiosos que ainda consideram confusamente a devoção interesseira e a mendicância aos santos e profetas como sendo sua própria renovação espiritual.
É necessário que os adeptos da doutrina espírita, muito além de assíduos espectadores das reuniões mediúnicas e "pedinchões" incorrigíveis dos benefícios doados pelo Além, se integrem também ao cumprimento incondicional dos seus postulados morais que, acima de tudo, devem melhorar a conduta do homem. Há muitos espíritas egressos do Catolicismo, antigos e ociosos frequentadores de missas, de novenas e viciados nas comunhões que, depois de filiados ao Espiritismo, ainda conservam a mesma idiossincrasia e displicência de antes no cumprimento de seus deveres...
Malgrado mostrarem-se muito impressionados com a fenomenologia mediúnica, não se acomodam bem com a doutrina e continuam estagnados espiritualmente sem se ajustarem aos ensinamentos que objetivam a mais breve integração do homem ao reino do Cristo. Apáticos ainda à missão redentora do Espiritismo, alguns "ex-católicos" recém-ingressos na seara sublimam suas antigas devoções e rogativas, viciando-se com o passe "que sempre faz bem" ou a receita mediúnica, que deve atender desde a erupção do cotovelo até à hepatite resultante do abuso dos condimentos e alcoólicos. Equivocando-se quanto ao sentido exato do Espiritismo, como doutrina de redenção espiritual, os neófitos requerem a atenção dos afadigados trabalhadores do Espaço para lhes solucionarem as quizilas domésticas ou corrigir os parentes desabusados das coisas espirituais.
O espírita, como dizia Allan Kardec, "conhece-se pela modificação moral que ele efetua todos os das" E se assim não fora, bastaria a presença assídua dos seus simpatizantes aos centros espíritas e a utilização indiscriminada do serviço mediúnico, para então se caracterizar o verdadeiro espírita. Em breve, também se poderia instituir a "carteira de freqüência", semelhante ao que se faz nas escolas, graduando-se o espírita tanto quanto fosse a sua presença às reuniões mediúnicas e a maior quantidade de passes e receitas que ele pudesse solicitar aos médiuns, a exemplo do que acontece na Igreja Católica, em que a prodigalidade de confissões, missas e comunhões também gradua o bom Católico.


Do livro: “Mediunismo” Ramatís /Hercílio Maes – Editora do Conhecimento

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