PERGUNTA: Se não há necessidade de o homem ser
médium para ser espírita ou então ser espírita para ser médium, não podíamos
considerar que todas as doutrinas espiritualistas que provavelmente também
sofrem a influência dos desencarnados, não passam de outros tantos movimentos
semelhantes ao Espiritismo?
RAMATÍS:
De início, é conveniente distinguir-se o que é Espiritismo e o que significa
Mediunismo. Espiritismo é doutrina disciplinada por um conjunto de leis,
princípios e regras, que tanto orientam as relações entre os espíritos encarnados
e os desencarnados, como também promove a renovação filosófica e moral dos seus
adeptos. No entanto, a faculdade mediúnica pode existir independentemente de a
criatura ser espírita ou mesmo indiferente aos fenômenos mediúnicos.
Há médiuns que operam em vários setores espiritualistas, mas não aceitam nenhum dos postulados básicos do Espiritismo, assim como também existem espíritas que são alérgicos às sessões mediúnicas e se interessam exclusivamente pelo conteúdo filosófico da doutrina. Aliás, muitas vezes é preferível admitir unicamente os conceitos lógicos e sensatos com que Allan Kardec integrou a codificação espírita, antes mesmo de se buscarem provas e coligirem os princípios doutrinários do Espiritismo por intermédio de alguns médiuns manhosos, tolos, anímicos e preguiçosos, que nem sempre mantêm conduta regular no mundo profano.
Há médiuns que operam em vários setores espiritualistas, mas não aceitam nenhum dos postulados básicos do Espiritismo, assim como também existem espíritas que são alérgicos às sessões mediúnicas e se interessam exclusivamente pelo conteúdo filosófico da doutrina. Aliás, muitas vezes é preferível admitir unicamente os conceitos lógicos e sensatos com que Allan Kardec integrou a codificação espírita, antes mesmo de se buscarem provas e coligirem os princípios doutrinários do Espiritismo por intermédio de alguns médiuns manhosos, tolos, anímicos e preguiçosos, que nem sempre mantêm conduta regular no mundo profano.
Só
pelo fato de verificar-se a atuação de espíritos em qualquer gênero de
trabalhos mediúnicos, não se infere disso que ali se pratique Espiritismo. A
doutrina espírita só é realmente confirmada em sua prática quando, independentemente
dos fenômenos mediúnicos, os seus adeptos aceitam e cultuam as suas regras e os
seus princípios morais elevados no trato da vida material. Não basta ao homem
freqüentar os centros espíritas, ouvir espíritos "falarem "da vida
imortal, solicitar receitas e passes, para que assim já se considere excelente
espírita. Sem dúvida, coisa parecida também fazem o católico e outros religiosos
que ainda consideram confusamente a devoção interesseira e a mendicância aos santos
e profetas como sendo sua própria renovação espiritual.
É
necessário que os adeptos da doutrina espírita, muito além de assíduos
espectadores das reuniões mediúnicas e "pedinchões" incorrigíveis dos
benefícios doados pelo Além, se integrem também ao cumprimento incondicional
dos seus postulados morais que, acima de tudo, devem melhorar a conduta do homem.
Há muitos espíritas egressos do Catolicismo, antigos e ociosos frequentadores
de missas, de novenas e viciados nas comunhões que, depois de filiados ao
Espiritismo, ainda conservam a mesma idiossincrasia e displicência de antes no cumprimento
de seus deveres...
Malgrado
mostrarem-se muito impressionados com a fenomenologia mediúnica, não se
acomodam bem com a doutrina e continuam estagnados espiritualmente sem se
ajustarem aos ensinamentos que objetivam a mais breve integração do homem ao
reino do Cristo. Apáticos ainda à missão redentora do Espiritismo, alguns
"ex-católicos" recém-ingressos na seara sublimam suas antigas
devoções e rogativas, viciando-se com o passe "que sempre faz bem" ou
a receita mediúnica, que deve atender desde a erupção do cotovelo até à hepatite
resultante do abuso dos condimentos e alcoólicos. Equivocando-se quanto ao
sentido exato do Espiritismo, como doutrina de redenção espiritual, os neófitos
requerem a atenção dos afadigados trabalhadores do Espaço para lhes
solucionarem as quizilas domésticas ou corrigir os parentes desabusados das
coisas espirituais.
O
espírita, como dizia Allan Kardec, "conhece-se pela modificação moral que
ele efetua todos os das" E se assim não fora, bastaria a presença assídua
dos seus simpatizantes aos centros espíritas e a utilização indiscriminada do
serviço mediúnico, para então se caracterizar o verdadeiro espírita. Em breve,
também se poderia instituir a "carteira de freqüência", semelhante ao
que se faz nas escolas, graduando-se o espírita tanto quanto fosse a sua
presença às reuniões mediúnicas e a maior quantidade de passes e receitas que
ele pudesse solicitar aos médiuns, a exemplo do que acontece na Igreja
Católica, em que a prodigalidade de confissões, missas e comunhões também
gradua o bom Católico.
Do livro: “Mediunismo” Ramatís /Hercílio Maes – Editora
do Conhecimento
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