PERGUNTA:
Embora concordando em que todos os
homens são espíritos encarnados e conseqüentemente médiuns potencialmente
inatos, perguntamos por que, então, só a doutrina espírita apregoa tal condição
humana quando os demais credos religiosos e instituições espiritualistas
silenciam a esse respeito?
RAMATIS:
Não é preciso que o homem
seja espírita para só então ser considerado médium; o importante é que ele seja
bom e digno a fim de cercar-se de boas influências e atrair os bons espíritos.
O Catolicismo e o Protestantismo não admitem a mediunidade com a denominação
específica que lhe dá o Espiritismo, mas consideram-na uma "graça"
extemporânea que Deus só concede às almas santificadas. No entanto, a
interpretação diferente ou a denominação do fenômeno mediúnico não lhe muda o
caráter só porque se revela noutro ambiente espiritualista ou ocorre num seio
religioso adverso aos postulados espíritas.
Basta
dizer que tanto a Bíblia como a história das religiões católica e protestante
estão repletas de relatos de visões e outros fenômenos mediúnicos, malgrado os
explicarem à conta de "milagres" ou "graças" inesperadas
outorgadas por Deus. E isso se comprova pelas visões proféticas de Dom Bosco,
Francisco de Assis, Antônio de Pádua, Papa Pio XII, Sta. Terezinha de Jesus,
Maria e outros, inclusive pelas aparições de Lourdes e Fátima, que também não
passam de fenômenos mediúnicos registrados por crianças e pessoas "médiuns".
Alhures,
já explicamos que, embora certas instituições espiritualistas procurem sublimar
ou aristocratizar os acontecimentos incomuns do intercâmbio de seus adeptos com
o mundo oculto, esses foram médiuns na acepção exata e vulgar da palavra,
apesar de tentarem disfarçar os fenômenos mediúnicos com uma terminologia
iniciática.
A
diferença, no caso, é que o Espiritismo trata o assunto da mediunidade às
claras, sem "tabus" iniciáticos ou nomenclaturas complexas. Ele os
expõe à luz do dia e os examina sem quaisquer ritualismos complicados. O homem
que é beneficiado pelo Alto com o "acréscimo" da faculdade mediúnica,
através da doutrina
espírita, conhece quais são os seus deveres para com o mundo físico e a sua
responsabilidade para com a própria alma. Mas, acima de tudo, quer o médium
seja beneficiado pela riqueza ou senhor de um cérebro genial glorificado pelo
academismo do mundo; ou, então, apenas a criatura paupérrima e ainda onerada
pelo fardo da família, o seu dever é servir na medida de suas forças, pois isso
é também a tarefa de sua própria redenção espiritual. Desprezando-se todas as
interpretações sibilinas, as nomenclaturas afidalgadas e as graduações
excepcionais dos acontecimentos iniciáticos de muitas instituições espiritualistas,
na essência, elas são puro fenômeno mediúnico.
E
assim, pois, eram médiuns o reverendo G. Vale Owen, protestante, quando recebia
mensagens mediúnicas de sua progenitora na sacristia de sua própria igreja; Alice
A. Bailey psicografando em ambiente iniciático as orientações do iniciado
Tibetano; eram médiuns a senhora Helena Blavatsky, o bispo anglicano
Leadbeater, Geoffrey Fodson, Elza Barker e outros filiados à Sociedade
Teosófica, que receberam comunicações diretas ou indiretas do mundo oculto,
apesar de lhes darem uma procedência completamente
oposta ao fenômeno propriamente mediúnico e o modo como o encara a doutrina espírita.
Assim
é que, embora tais movimentos espiritualistas ou religiosos não usem em seus
domínios o vocábulo "médium" na sua expressão espiritista, nem por
isso os seus medianeiros deixaram de se enquadrar na técnica sideral da
manifestação mediúnica, quando captavam mensagens diretamente de seus Mestres,
ou o faziam por intuição. As escolas teosóficas, rosa-cruz, esotéricas e yogas
sempre evitaram em seus ensinamentos e práticas o contato mediúnico com as
regiões inferiores do mundo invisível, assegurando que: "Assim que o discípulo
está pronto, o Mestre também aparece". Louvavelmente, pugnam para que os
seus adeptos se modifiquem primeiramente em sua intimidade espiritual, para só
depois tentarem as relações com os seres etéreos do mundo invisível.
Não
há dúvida de que se trata de uma disposição sadia, meritória e sensata, mas o Espiritismo
é movimento popular e de amplitude geral, destinado a todos os homens. Muito
antes de atender somente àqueles que já se colocam no "Caminho da
Verdade", ele se destina a amparar principalmente os homens incrédulos,
desajustados e torturados pela eclosão de sua mediunidade de prova. O
despertamento desta faculdade exige cuidados urgentes e roteiro seguro, a fim
de se evitar o fracasso do programa delineado pelo Espaço.
A
manifestação mediúnica não depende da crença ou poderio religioso, nem de
convicções pessoais do homem ou do ambiente onde vive, mas é conseqüência inalterável
do compromisso que o espírito assumiu antes de se reencarnar, cujo mandato ele
requereu em seu próprio benefício e deve ser cumprido na hora aprazada. Quer
então seja ateu, participe do ambiente espírita, devote-se a qualquer seita
religiosa ou tenha-se comprometido com alguma instituição iniciática, a
faculdade mediúnica de "prova" eclode-lhe no momento exato em que
deve realmente iniciar a sua tarefa sacrificial.
Ignoram
muitos teósofos, esoteristas, adeptos da Rosa-Cruz e alguns outros fratemistas
filiados a cursos iniciáticos que, embora se deva louvar o método ideal de o homem
desenvolver conscientemente suas faculdades ocultas, independentemente do
intercâmbio espiritual e sadio com as almas superiores, desde que ele reencarne
na matéria comprometido em exercer a "mediunidade de prova", terá de
submeter-se ao processo gradativo e disciplinado pela técnica espírita de
desenvolvimento, preconizada por Allan Kardec.
No
entanto, os homens que, devido ao seu elevado aprimoramento espiritual, são
médiuns naturais, já usufruindo o dom espontâneo da intuição pura, é fora de
dúvida que sempre apresentarão as condições psíquicas incomuns e satisfatórias,
para lograrem graduação destacada em qualquer doutrina ou instituição
iniciática, sem precisar exercer a função passiva de médium em serviço com os espíritos
do astral inferior. Mas os que, em vidas pretéritas, abusaram do seu comando
mental e serviram-se de sua inteligência lúcida para tripudiar sobre os menos
agraciados pela sorte, que pela cupidez, egoísmo, avareza ou calúnia usufruíram
os bens alheios semeando prejuízos irreparáveis, hão de cumprir o seu mandato
mediúnico na condição humilhante de ceder sua organização carnal para que
velhos adversários, comparsas ou vítimas do passado possam reajustar-se mais
breve aos preceitos do Cristo.
Do
livro: “Mediunismo” Ramatís /Hercílio Maes – Editora do Conhecimento
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