Sabedoria Ramatis

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sábado, 1 de setembro de 2012

Todas as criaturas são médiuns? – Vll Parte





PERGUNTA:  Embora concordando em que todos os homens são espíritos encarnados e conseqüentemente médiuns potencialmente inatos, perguntamos por que, então, só a doutrina espírita apregoa tal condição humana quando os demais credos religiosos e instituições espiritualistas silenciam a esse respeito?


RAMATIS:  Não é preciso que o homem seja espírita para só então ser considerado médium; o importante é que ele seja bom e digno a fim de cercar-se de boas influências e atrair os bons espíritos. O Catolicismo e o Protestantismo não admitem a mediunidade com a denominação específica que lhe dá o Espiritismo, mas consideram-na uma "graça" extemporânea que Deus só concede às almas santificadas. No entanto, a interpretação diferente ou a denominação do fenômeno mediúnico não lhe muda o caráter só porque se revela noutro ambiente espiritualista ou ocorre num seio religioso adverso aos postulados espíritas.
Basta dizer que tanto a Bíblia como a história das religiões católica e protestante estão repletas de relatos de visões e outros fenômenos mediúnicos, malgrado os explicarem à conta de "milagres" ou "graças" inesperadas outorgadas por Deus. E isso se comprova pelas visões proféticas de Dom Bosco, Francisco de Assis, Antônio de Pádua, Papa Pio XII, Sta. Terezinha de Jesus, Maria e outros, inclusive pelas aparições de Lourdes e Fátima, que também não passam de fenômenos mediúnicos registrados por crianças e pessoas "médiuns".
Alhures, já explicamos que, embora certas instituições espiritualistas procurem sublimar ou aristocratizar os acontecimentos incomuns do intercâmbio de seus adeptos com o mundo oculto, esses foram médiuns na acepção exata e vulgar da palavra, apesar de tentarem disfarçar os fenômenos mediúnicos com uma terminologia iniciática.
A diferença, no caso, é que o Espiritismo trata o assunto da mediunidade às claras, sem "tabus" iniciáticos ou nomenclaturas complexas. Ele os expõe à luz do dia e os examina sem quaisquer ritualismos complicados. O homem que é beneficiado pelo Alto com o "acréscimo" da faculdade mediúnica, através da doutrina espírita, conhece quais são os seus deveres para com o mundo físico e a sua responsabilidade para com a própria alma. Mas, acima de tudo, quer o médium seja beneficiado pela riqueza ou senhor de um cérebro genial glorificado pelo academismo do mundo; ou, então, apenas a criatura paupérrima e ainda onerada pelo fardo da família, o seu dever é servir na medida de suas forças, pois isso é também a tarefa de sua própria redenção espiritual. Desprezando-se todas as interpretações sibilinas, as nomenclaturas afidalgadas e as graduações excepcionais dos acontecimentos iniciáticos de muitas instituições espiritualistas, na essência, elas são puro fenômeno mediúnico.
E assim, pois, eram médiuns o reverendo G. Vale Owen, protestante, quando recebia mensagens mediúnicas de sua progenitora na sacristia de sua própria igreja; Alice A. Bailey psicografando em ambiente iniciático as orientações do iniciado Tibetano; eram médiuns a senhora Helena Blavatsky, o bispo anglicano Leadbeater, Geoffrey Fodson, Elza Barker e outros filiados à Sociedade Teosófica, que receberam comunicações diretas ou indiretas do mundo oculto, apesar de lhes darem uma procedência completamente oposta ao fenômeno propriamente mediúnico e o modo como o encara a doutrina espírita.
Assim é que, embora tais movimentos espiritualistas ou religiosos não usem em seus domínios o vocábulo "médium" na sua expressão espiritista, nem por isso os seus medianeiros deixaram de se enquadrar na técnica sideral da manifestação mediúnica, quando captavam mensagens diretamente de seus Mestres, ou o faziam por intuição. As escolas teosóficas, rosa-cruz, esotéricas e yogas sempre evitaram em seus ensinamentos e práticas o contato mediúnico com as regiões inferiores do mundo invisível, assegurando que: "Assim que o discípulo está pronto, o Mestre também aparece". Louvavelmente, pugnam para que os seus adeptos se modifiquem primeiramente em sua intimidade espiritual, para só depois tentarem as relações com os seres etéreos do mundo invisível.
Não há dúvida de que se trata de uma disposição sadia, meritória e sensata, mas o Espiritismo é movimento popular e de amplitude geral, destinado a todos os homens. Muito antes de atender somente àqueles que já se colocam no "Caminho da Verdade", ele se destina a amparar principalmente os homens incrédulos, desajustados e torturados pela eclosão de sua mediunidade de prova. O despertamento desta faculdade exige cuidados urgentes e roteiro seguro, a fim de se evitar o fracasso do programa delineado pelo Espaço.
A manifestação mediúnica não depende da crença ou poderio religioso, nem de convicções pessoais do homem ou do ambiente onde vive, mas é conseqüência inalterável do compromisso que o espírito assumiu antes de se reencarnar, cujo mandato ele requereu em seu próprio benefício e deve ser cumprido na hora aprazada. Quer então seja ateu, participe do ambiente espírita, devote-se a qualquer seita religiosa ou tenha-se comprometido com alguma instituição iniciática, a faculdade mediúnica de "prova" eclode-lhe no momento exato em que deve realmente iniciar a sua tarefa sacrificial.
Ignoram muitos teósofos, esoteristas, adeptos da Rosa-Cruz e alguns outros fratemistas filiados a cursos iniciáticos que, embora se deva louvar o método ideal de o homem desenvolver conscientemente suas faculdades ocultas, independentemente do intercâmbio espiritual e sadio com as almas superiores, desde que ele reencarne na matéria comprometido em exercer a "mediunidade de prova", terá de submeter-se ao processo gradativo e disciplinado pela técnica espírita de desenvolvimento, preconizada por Allan Kardec.
No entanto, os homens que, devido ao seu elevado aprimoramento espiritual, são médiuns naturais, já usufruindo o dom espontâneo da intuição pura, é fora de dúvida que sempre apresentarão as condições psíquicas incomuns e satisfatórias, para lograrem graduação destacada em qualquer doutrina ou instituição iniciática, sem precisar exercer a função passiva de médium em serviço com os espíritos do astral inferior. Mas os que, em vidas pretéritas, abusaram do seu comando mental e serviram-se de sua inteligência lúcida para tripudiar sobre os menos agraciados pela sorte, que pela cupidez, egoísmo, avareza ou calúnia usufruíram os bens alheios semeando prejuízos irreparáveis, hão de cumprir o seu mandato mediúnico na condição humilhante de ceder sua organização carnal para que velhos adversários, comparsas ou vítimas do passado possam reajustar-se mais breve aos preceitos do Cristo.


Do livro: “Mediunismo” Ramatís /Hercílio Maes – Editora do Conhecimento

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