Sabedoria Ramatis

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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Umbanda e influências religiosas indígenas, negras e brancas - lV parte









PERGUNTA: - Quais as diferenças entre umbanda e espiritismo?

RAMATÍS: - As peculiaridades que distinguem as práticas espíritas das umbandistas foram aprofundadas em outra obra. É importante relembrar que a umbanda é um movimento espiritualista visivelmente diferente do espiritismo, mas com muita sincronia em vários aspectos, tendo em vista que ambos são regidos pelas leis universais que regulam o intercâmbio entre os planos de vida. A umbanda fundamenta-se na magia e nas forças da natureza manifestadas nos planos das formas (mental e astral), representadas pelos orixás. Ela não concorre com os centros espíritas, que não permitem símbolos mágicos, cânticos, defumações, ervas, essências aromáticas, fogo, pólvora, velas. O espiritismo preconiza libertar os homens das formas transitórias e não aceita a magia em seus postulados doutrinários. Infelizmente, muitos homens ditos espíritas se consideram melhores, superiores e salvos em relação aos umbandistas, condenando equivocadamente a umbanda em suas atividades de intercâmbio com o Espaço. Lamentavelmente, muitos dirigentes zelosos da pureza doutrinária, às escondidas, como criança que rouba doce da geladeira, encaminham consulentes, alvos de magia negra, aos terreiros, abafando esses casos dos estudos doutrinários, mesmo que ocorram diuturnamente em seus centros.

PERGUNTA: - Essa ênfase na umbanda não contraria vosso compromisso de trazer os conhecimentos do Oriente para o Ocidente de forma palatável ao racionalismo ocidental, pouco afeito a símbolos e ao esoterismo?

RAMATÍS: - A umbanda é dinâmica e se adapta aos prosélitos em seus anseios espirituais, desapegada de dogmas intocáveis e engessamentos doutrinários. Como se encerra seu primeiro centenário, período cíclico de sua afirmação, para angariar o máximo de fiéis no menor tempo possível, suas lideranças terrenas não se preocuparam em buscar uma unidade doutrinária mínima. Ela vicejou num meio caracterizado pela variedade de ritos, cultos e símbolos que tendem à "umbandização", acrescidos do sincretismo, como "aval" para a inclusão urbana e social num habitat cultural predominantemente católico. Obviamente haverá continuação desse movimento de forma mais digna, ficando a doutrina de umbanda "depurada", sem traumas ou imposições das lideranças, fato essencial para sua estabilidade; doravante, isso ensejará constante estudo, no sentido de conduzi-Ia, no plano físico, a um conquistado e merecido conceito de religião estruturada, a serviço da coletividade .encarnada e desencarnada da pátria verde e amarela.
A umbanda é produto da evolução espiritual, como tudo no Cosmo. Estando suas origens contidas nas filosofias orientais, com fragmentos mais ou menos acentuados, dependendo de sua origem étnica e geográfica, quanto mais pesquisardes os cultos que deram origem às religiões, do mundo antigo e primitivo ao civilizado e cosmopolita, mais facilmente podereis constatar a procedência e veracidade dos fundamentos umbandistas, desde os idos da antiga raça vermelha, na Atlântida. Verificai a Sabedoria Divina nessa reunião das práticas e crenças dos índios, negros e brancos do Brasil, que vibra em harmonia com nossos compromissos assumidos no Espaço, neste momento consciencial da coletividade terrena, consoante a nova raça que se formará na crosta, fraterna e universalista, num amálgama entre as culturas e filosofias do Oriente e do Ocidente.


PERGUNTA: - Vossa maneira direta e sem rodeios de abordar assuntos polêmicos que outros autores espirituais se eximem de elucidar, num universo caracterizado pela diversidade de ritos, não ocasionará interpretações melindrosas e posturas de parcialidade doutrinária de alguns confrades, lideres da umbanda?

RAMATÍS: - A profícua cultura dos umbandistas, de imparcialidade e de não estabelecer julgamentos belicosos diante da diversidade, não deve vos levar à passividade letárgica que se isenta de apontar desvios estruturais na umbanda praticada na Terra, tampouco fortalecer o temor de ressentimentos e melindres de irmãos de seara. O conhecimento das leis universais estimula aqueles que o detêm. Seres do "lado de cá" indicam fraternalmente o respeito às diferenças, mas sem abrir mão de diretrizes e princípios básicos que norteiam a umbanda: o amor e a caridade crística. Dessa forma, os Maiorais da Grande Fraternidade Universal estão engajados nesses esclarecimentos e nos autorizam a continuar laborando em prol da ampliação do discernimento dos terrícolas. O momento está de acordo com o merecimento coletivo da comunidade encarnada, principalmente quanto à elucidação dos aspectos sociológicos e cósmicos da umbanda. É necessário ampliarmos o entendimento do mediunismo, que não se limita ao espaço da porta de acesso para dentro dos terreiros, mostrando as distorções ritualísticas que aconteceram no processo de inclusão social, nas comunidades da religião nascente, além dos aspectos esotéricos no plano espiritual, em que a umbanda é movimento doutrinário arquitetado do plano astral para a Terra.
É claro que nosso labor mantém os fundamentos verdadeiros já existentes, trazidos pelos diversos canais sérios e fidedignos da espiritualidade, tendo em vista que o novo não destrói o que já está estabelecido, apenas o amplia. Assim, almejamos sacudir a paralisia enraizada em algumas lideranças religiosas da umbanda, desarrumando as mentes acomodadas e parciais, em conformidade com a harmonia cósmica de um universo dinâmico onde tudo se transforma ininterruptamente, de acordo com as leis universais imutáveis.


(Origem livro: A Missão da Umbanda - Ramtís/Norberto Peixoto - Editora do Conhecimento)

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