PERGUNTA: - Quais as
diferenças entre umbanda e espiritismo?
RAMATÍS: - As peculiaridades que distinguem as práticas
espíritas das umbandistas foram aprofundadas em outra obra. É importante relembrar que a umbanda é um movimento espiritualista
visivelmente diferente do espiritismo, mas com muita sincronia em vários
aspectos, tendo em vista que ambos são regidos pelas leis universais que
regulam o intercâmbio entre os planos de vida. A umbanda fundamenta-se na magia
e nas forças da natureza manifestadas nos planos das formas (mental e astral),
representadas pelos orixás. Ela não concorre com os centros espíritas, que não
permitem símbolos mágicos, cânticos, defumações, ervas, essências aromáticas, fogo,
pólvora, velas. O espiritismo preconiza libertar os homens das formas
transitórias e não aceita a magia em seus postulados
doutrinários. Infelizmente, muitos homens ditos espíritas se consideram
melhores, superiores e salvos em relação aos umbandistas, condenando equivocadamente
a umbanda em suas atividades de intercâmbio com o Espaço. Lamentavelmente, muitos
dirigentes zelosos da pureza doutrinária, às escondidas, como criança que rouba
doce da geladeira, encaminham consulentes, alvos de magia negra, aos terreiros,
abafando esses casos dos estudos doutrinários, mesmo que ocorram diuturnamente
em seus centros.
PERGUNTA: - Essa ênfase
na umbanda não contraria vosso compromisso de trazer os conhecimentos do
Oriente para o Ocidente de forma palatável ao racionalismo ocidental, pouco
afeito a símbolos e ao esoterismo?
RAMATÍS: - A umbanda é dinâmica e se adapta aos prosélitos em seus anseios espirituais,
desapegada de dogmas intocáveis e engessamentos doutrinários. Como se encerra
seu primeiro centenário, período cíclico de sua afirmação, para angariar o
máximo de fiéis no menor tempo possível, suas lideranças terrenas não se
preocuparam em buscar uma unidade doutrinária mínima. Ela vicejou num meio caracterizado
pela variedade de ritos, cultos e símbolos que tendem à
"umbandização", acrescidos do sincretismo, como "aval" para
a inclusão urbana e social num habitat cultural predominantemente católico.
Obviamente haverá continuação desse movimento de forma mais digna, ficando a
doutrina de umbanda "depurada", sem traumas ou imposições das lideranças,
fato essencial para sua estabilidade; doravante, isso ensejará constante
estudo, no sentido de conduzi-Ia, no plano físico, a um conquistado e merecido
conceito de religião estruturada, a serviço da coletividade .encarnada e
desencarnada da pátria verde e amarela.
A umbanda é produto da evolução
espiritual, como tudo no Cosmo. Estando suas origens contidas nas filosofias
orientais, com fragmentos mais ou menos acentuados, dependendo de sua origem
étnica e geográfica, quanto mais pesquisardes os cultos que deram origem às
religiões, do mundo antigo e primitivo ao civilizado e cosmopolita, mais facilmente
podereis constatar a procedência e veracidade dos fundamentos umbandistas,
desde os idos da antiga raça vermelha, na Atlântida. Verificai a Sabedoria
Divina nessa reunião das práticas e crenças dos índios, negros e brancos do
Brasil, que vibra em harmonia com nossos compromissos assumidos no Espaço, neste
momento consciencial da coletividade terrena, consoante a nova raça que se
formará na crosta, fraterna e universalista, num amálgama entre as culturas e
filosofias do Oriente e do Ocidente.
PERGUNTA: - Vossa
maneira direta e sem rodeios de abordar assuntos polêmicos que outros autores
espirituais se eximem de elucidar, num universo caracterizado pela diversidade
de ritos, não ocasionará interpretações melindrosas e posturas de parcialidade doutrinária
de alguns confrades, lideres da umbanda?
RAMATÍS: - A profícua cultura dos umbandistas, de
imparcialidade e de não estabelecer julgamentos belicosos diante da
diversidade, não deve vos levar à passividade letárgica que se isenta de
apontar desvios estruturais na umbanda praticada na Terra, tampouco fortalecer
o temor de ressentimentos e melindres de irmãos de seara. O conhecimento das
leis universais estimula aqueles que o detêm. Seres do "lado de cá"
indicam fraternalmente o respeito às diferenças, mas sem abrir mão de
diretrizes e princípios básicos que norteiam a umbanda: o amor e a caridade
crística. Dessa forma, os Maiorais da Grande Fraternidade Universal estão
engajados nesses esclarecimentos e nos autorizam a continuar laborando em prol
da ampliação do discernimento dos terrícolas. O momento está de acordo com o
merecimento coletivo da comunidade encarnada, principalmente quanto à
elucidação dos aspectos sociológicos e cósmicos da umbanda. É necessário
ampliarmos o entendimento do mediunismo, que não se limita ao espaço da porta
de acesso para dentro dos terreiros, mostrando as distorções ritualísticas que
aconteceram no processo de inclusão social, nas comunidades da religião
nascente, além dos aspectos esotéricos no plano espiritual, em que a umbanda é
movimento doutrinário arquitetado do plano astral para a Terra.
É claro que nosso labor mantém os
fundamentos verdadeiros já existentes, trazidos pelos diversos canais sérios e
fidedignos da espiritualidade, tendo em vista que o novo não destrói o que já
está estabelecido, apenas o amplia. Assim, almejamos sacudir a paralisia
enraizada em algumas lideranças religiosas da umbanda, desarrumando as mentes
acomodadas e parciais, em conformidade com a harmonia cósmica de um
universo dinâmico onde tudo se transforma ininterruptamente, de acordo com as
leis universais imutáveis.
(Origem livro: A Missão da Umbanda - Ramtís/Norberto Peixoto - Editora do Conhecimento)
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