PERGUNTA:
- Ainda quanto aos aspectos da Alma
enferma, agradeceríamos vosso empenho em nos esclarecer, quanto à culpa das
almas desequilibradas ou “doentes” em potencial, que desencadeiam guerras; e,
além do morticínio de milhões de criaturas, a sua passagem pela Terra cria
entre os povos um ambiente que degenera em novos ódios e represálias.
RAMATÍS: - Sem dúvida, todos os filhos de
Deus, mesmo os mais perversos, são dignos da magnanimidade divina e dos ensejos
reeducativos para a sua redenção espiritual, embora suas provas devam ser
disciplinadas pelo mesmo esquema espiritual de que “a colheita é de acordo com
a semeadura”! É óbvio, pois, que as condições, os processos e o tempo empregado
nessa retificação redentora, variam segundo o volume dos equívocos e delitos
praticados pelos espíritos endividados. Os tiranos, os fazedores de guerras e
os exterminadores de povos, depois da morte física enfrentam, por longo tempo,
problemas terríficos e cruciantes de acordo com a extensão dos seus crimes e
segundo a sorna exata de todos os minutos que empregaram nos atos de
perversidade, vandalismo e prejuízo à humanidade. No entanto, depois de
submetidos aos processos de retificação espiritual, mediante reencarnações
sucessivas, que se processam através dos séculos, eles também logram a sua
melhor graduação para os ensejos angélicos do futuro.
Porém, não julgueis que os tiranos e
os déspotas são os únicos culpados pelos massacres, vandalismos, crueldades e
saques praticados pelos seus comandados em tempo de guerra; a responsabilidade
e a culpa são distribuídas proporcionalmente de acordo com as responsabilidades
individuais de todos que, direta ou indiretamente, são unidades do conjunto. Em
face da liberdade criminosa ensejada pela guerra, há soldados que deitam fogo a
cidades indefesas, saqueiam os bens alheios, mutilam combatentes adversos,
torturam fugitivos, trucidam jovens, velhos, mulheres e crianças, quer em
obediência a ordens superiores, ou seja pela sua perversidade na desforra. Mas
a Lei Cármica, em sua ação justiceira e impessoal pesa criteriosamente a “culpa
individual” de cada criatura, responsabilizando-a por todo estímulo belicoso,
ato agressivo ou contribuição direta ou indireta às atividades sangrentas da
guerra desumana e fratricida.
Nenhum tirano, por mais poderoso e
cruel, pode conduzir sozinho uma nação à guerra e ensopar de lágrimas o mundo.
Ele, para atingir os seus fins bestiais, precisa do apoio incondicional dos
próprios compatriotas e súditos. Geralmente, ante a simples perspectiva de uma
guerra contra o “inimigo”, logo homens e mulheres estremecem, apreensivos;
porém, ante a possibilidade de sua pátria ser vitoriosa contra as nações
“inimigas”, então, em quase todos desperta a cupidez, a ganância e a desforra.
Sob o clima beligerante, até as almas sensíveis de artistas, filósofos ou
poetas, deixam-se contagiar pelas falsas glórias colhidas nos orticínios
coletivos dos povos adversos; e cantam hosanas ou compõem poemas à pátria
heráldica, incentivando o povo a impor-se triunfalmente na face da Terra.
A guerra é insuflada, igualmente, por
interesses escusos, pois além de oportunidade para o saque, o ganho fácil, a
investida desonesta aos degraus mais altos da política, é também um dos
melhores ensejos para as promoções dos militares. Enquanto os soldados sonham
com divisas de sargento e os oficiais inferiores ambicionam novos galões, os
chefes de graduação militar superior mostram-se esperançosos de soldos extras e
glorificações públicas. Alguns professores aproveitam a situação exaltada, para
despertarem em seus alunos o sentimento belicoso. Os jornalistas, exaltados por
um patriotismo frenético, consomem toneladas de tinta acirrando o ânimo do povo
para a luta.
Os próprios sacerdotes católicos não
se pejam de benzer armas, fazer orações e promover cerimônias religiosas em
louvor da vitória de sua pátria, rogando a Deus que o ajude a destruir os seus
“inimigos” odiosos.
Os tiranos, os sátrapas e os
opressores da humanidade são “pontas de lança”, que abrem as comportas das
paixões de amplitude coletiva. Eles não criam homens perversos, cúpidos e
sanguinários. A presença desses gênios destruidores, na Terra, é um efeito
moral da atração
magnética que está em ebulição na
mente social, pois a dinâmica de “os semelhantes se atraem” também é uma lei
psíquica. A presença e atuação de tais almas em vosso mundo é uma espécie de
raio deflagrado pelos sentimentos inflamados da cobiça, domínio e dos recalques
de orgulho patriótico, que estão em efervescência na consciência das massas que
constituem o Povo. 1
1 – Nota do Médium: Haja vista o que
cidadãos aparentemente pacíficos e honestos fizeram na última guerra, quando
incorporados aos exércitos nazistas cometeram as atrocidades mais bárbaras,
enquanto praticavam os roubos mais cínicos, pelo saque desaforado às
bibliotecas,
museus e obras de arte, dos povos
vencidos.
Sob o comando de Aníbal, Alexandre ou
Napoleão, 2 muitos dos seus soldados e comparsas,
diante da oportunidade fácil de satisfazerem seus próprios desejos e paixões
abomináveis, revelaram-se bem mais perversos e sanguinários do que os seus
chefes, pois enquanto estes, sem rancor pessoal, viam, nos seus exércitos e nas
formações inimigas, somente as peças vivas de um jogo de xadrez de vida ou
morte, os seus comandados praticavam as mais condenáveis atrocidades como o
desforço pessoal.
2 – Nota do Médium: Vide comunicação
mediúnica de Napoleão, em 13 de novembro de 1906, pelo famoso médium português
Fernando de Lacerda, à página número 26, da obra “Do Pais da Luz”, livro
primeiro, a qual serve de contribuição ao pensamento de Ramatís a respeito do
assunto em foco. Obra editada pela Livraria da Federação Espírita Brasileira.
Porém, na balança fiel da Justiça
Divina, a culpa coletiva das atividades guerreiras divide-se,
proporcionalmente, a cada um dos seus participantes, tendo em conta as
imposições a que o indivíduo está obrigado perante a lei humana e as
exorbitâncias das atitudes pessoais, que são uma decorrência do seu próprio
livre-arbítrio.
A desonestidade, a violência, a
traição ou o sadismo, tanto no setor das atividades morais quanto no campo das
incumbências materiais, são de responsabilidade individual. Nenhum tirano ou
déspota pagará pelo crime do seu soldado ou subalterno que, exorbitando do seu
dever, deita fogo na casa pacífica, mutila o prisioneiro fujão, profana a moça
indefesa ou trucidam velhos,
crianças e mulheres inofensivos.
(Retirado do livro:
Elucidações do Além – Hercílio Maes- Ramatís)
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