Sabedoria Ramatis

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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

OS BENEFÍCIOS DAS PROVAS CÁRMICAS


PERGUNTA:  Podeis dar-nos algum exemplo mais objetivo de que a criatura humana é sempre beneficiada, mesmo quando submetida à mais terrível prova cármica?



RAMATIS:  Suponde, para exemplo, um espírito encarnado num corpo físico com paralisia total dos seus membros inferiores. Isso  para ele é um mal porque, devido ao efeito cármico que lhe tolhe os movimentos das pernas, deixa de participar a contento do curso da vida transitória do mundo material. No entanto, em tal caso, a ação restritiva da Lei não tem por objetivo fazê-lo expiar de modo doloroso os seus erros do pretérito, mas apenas desenvolver-lhe um melhor senso diretivo dos seus passos futuros. Se o impede de participar ativamente das movimentações comuns da vida física e o manieta pela paralisia, assim o faz para obrigá-lo a uma existência mais introspectiva e ao constante esforço reflexivo que também lhe apura o psiquismo. 
A paralisia ou deformidade que o junge a uma cadeira de rodas ou leito de sofrimento não só o obriga a uma vida mais psíquica, como o afasta das paixões perigosas e das ilusões que vicejam nos caminhos do trânsito fácil da matéria. O paralítico, então, pode melhor desenvolver os bens do espírito e instruir-se mais facilmente, pois bem menores são as suas necessidades materiais e também sobeja-lhe maior cota de tempo para compensar os prejuízos do pretérito. O que pode parecer punição ou expiação espiritual, para as criaturas ignorantes do sentido criador e da recuperação cármica da alma, nesse caso não passa de retificação da onda da vida, que estava desarmonizada com a consciência do ser. 
Da mesma forma, quando se represa o curso dos rios, não se o faz para castigá-los, mas apenas para que do acúmulo de suas águas resulte maior força para a usina benfeitora. Assim, quando muitas vezes a Lei do Carma, ajustando o efeito à causa correspondente, represa a liberdade do espírito e o paralisa no ergástulo de carne retificador, não o faz com o fito de qualquer desforra divina, mas apenas para corrigir o desvio psíquico perigoso e reconduzir a alma novamente ao seu curso venturoso.


PERGUNTA: — Mas é evidente que o sofrimento humano ainda é um acontecimento que muitas vezes abate o espírito de tal modo que, provavelmente, não o compensa dos seus equívocos passados e ainda pode torná-lo mais refratário à lição de retificação espiritual! Que dizeis?



RAMATIS:  A enfermidade física é apenas um efeito contensivo e transitório, que tanto ajusta o energismo espiritual negligente no pretérito, como também se torna o meio pelo qual o espírito expurga os venenos psíquicos que lhe impedem a diafanização do perispírito. Como o homem é o produto do seu pensamento e, portanto, se converte naquilo que pensa, também termina plastificando as linhas sadias e o vigor energético para os seus corpos futuros, quando se habitua a só cultivar as expressões de harmonia que fundamentam a intimidade angélica de toda criatura. O poder mental, cujo domínio é tão apregoado pelos teósofos, iogues e esoteristas, quando é exercido de modo positivo e sensato, caldeia sadiamente a personalidade futura, porque é força ilimitada que atua no mundo oculto das causas dinâmicas do espírito criador. 
Daí verificar-se que, mesmo a criatura mais deserdada na vida física, ainda pode servir-se de sua vontade e atuar na origem ou na essência de sua vida imortal, usando de força mental positiva para desatar as algemas da infelicidade, ou sobrepujar em espírito os próprios efeitos cármicos do seu passado delituoso. Então é a própria lei cármida que passa a ser dirigida pelo espírito em prova, e que inteligentemente procura ajustar-se ao curso exato e evolutivo da vida espiritual, integrando-se ao ritmo natural de seu progresso; ele abstém se de resistir ao impulso sábio que lhe vem do mundo oculto do espírito e harmoniza-se paciente e confiante aos objetivos do Criador.
O vosso mundo apresenta muitíssimos exemplos de almas resignadas e heróicas que, em lugar de se entregarem à rebeldia ou desalento irremediável, têm superado os mais atrozes padecimentos e correções cármicas, quando outros menos desfavorecidos deixam-se aniquilar sob o queixume insuportável e ainda criam avultados melodramas ante os sofrimentos mais singelos. As criaturas confiantes no sentido educativo da vida humana não só extraem as mais vigorosas energias da própria dor, como ainda superam o seu sofrimento acerbo e produzem obras e trabalhos notáveis. Richelieu dominava um reino, malgrado a sua atroz e incurável furunculose; Dostoievski, apesar de epiléptico, escreveu as mais profundas obras de introspecção humana; Chopin, um tísico, presenteou o mundo com as mais sensíveis melodias; Maharshi, apesar do câncer do braço, com sua bondade santificou até o local onde vivia, e Cervantes, um deserdado, ofertou ao mundo a sátira genial do Don Quixote!

Inúmeras outras criaturas, sem braços, sem pernas, paralíticas, cegas, deformadas ou epilépticas realizam tarefas tão gigantescas, que servem de diretrizes morais e mensagens definitivas comprovando a vitória do espírito sobre a matéria. Helena Kelier, surda, muda e cega, ainda encarnada no vosso mundo, é um testemunho eloqüente de que o espírito, mesmo quando soterrado na mais sombria masmorra de carne e privado dos seus principais sentidos de relação com o mundo exterior, ainda consegue comprovar a sua imortalidade, a sua glória e o poder criador! Em verdade, essas criaturas, embora cumpram os efeitos cármicos dolorosos, gerados no passado, também mobilizam poderosos recursos existentes no âmago de todo espírito e, em vez de se entregarem ao desespero, fazem de suas enfermidades admiráveis poemas de heroísmo e superação espiritual. Suas vidas então servem como um enérgico protesto contra aqueles que, embora sadios de corpo, ainda vivem mergulhados no mais triste pessimismo destruidor, rebelando-se irascivelmente contra os princípios superiores do espírito imortal!



Do livro: “Fisiologia Da Alma” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.














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